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Papa Francisco encontra líderes indígenas durante sua viagem ao Canadá em 27 de julho de 2022 Papa Francisco encontra líderes indígenas durante sua viagem ao Canadá em 27 de julho de 2022 

Canadá: a reconciliação continua, após um ano da viagem do Papa

Inaugurou-se, na história do Canadá, um novo capítulo, apesar de permanecer a dolorosa página das escolas residenciais. O processo de reconciliação entre as populações aborígenes e a Igreja Católica já havia iniciado antes da Visita Apostólica do Papa, quando uma delegação, composta de três grupos Métis, Inuit e Primeiras Nações, foi recebida no Vaticano, de 28 de março a 1º de abril de 2022.

Adélaïde Patrignani e Jean-Charles Putzolu – Vatican News

Inaugurou-se, na história do Canadá, um novo capítulo, apesar de permanecer a dolorosa página das escolas residenciais. O processo de reconciliação entre as populações aborígenes e a Igreja Católica já havia iniciado antes da Visita Apostólica do Papa, quando uma delegação, composta de três grupos Métis, Inuit e Primeiras Nações, foi recebida no Vaticano, de 28 de março a 1º de abril de 2022.

Humilde abordagem do Santo Padre

O Papa Francisco apresentou suas desculpas, no Vaticano, mas, depois, as repetiu durante a sua Viagem ao Canadá. De fato, disse em Maskwacis: “Sinto-me entristecido. Peço perdão, de modo particular, pelo modo com o qual muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas colaboraram, até com indiferença, com os projetos de destruição cultural e assimilação forçada pelos governos da época, que levaram a um sistema escolar residencial”. Nessas instituições educacionais, criadas pelo governo canadense e dirigidas, em grande parte, pela Igreja Católica, muitas crianças aborígenes sofreram abusos e maus-tratos, que, às vezes, as levou até à morte.

Nas várias etapas da sua Viagem, o Papa teve a oportunidade de encontrou alguns líderes aborígines e vítimas das antigas escolas residenciais. No dia 26 de julho, festa de São Joaquim e Sant’Ana, o Pontífice foi até ao Lago Sainte-Anne, onde participou da peregrinação anual, em homenagem à "avó de Jesus", à qual os povos aborígenes têm profunda devoção.

Dom Raymond Poisson, Presidente da Conferência Episcopal Canadense e Bispo de Saint-Jérôme-Mont-Laurier, recorda: “A atitude de cordialidade e fraternidade do Santo Padre e a sua presença calma, aberta e sem julgar ninguém, impressionaram a todos. Sua humildade excepcional foi muito apreciada pelos nossos irmãos e irmãs aborígenes”.

Ativar medidas concretas

Por sua vez, o embaixador do Canadá, junto à Santa Sé, Paul Gibbard, destacou: “A Visita do Papa foi muito importante e facilitou o diálogo entre as populações indígenas, o governo canadense, a Igreja Católica e os próprios canadenses, que acompanharam de perto a sua viagem. O tema da reconciliação com o povo aborígine está se tornando cada vez mais importante para os canadenses. Em 2021, antes da Visita do Papa, o governo havia instituído o “Dia da Verdade e da Reconciliação”, que se celebra todo dia 30 de setembro. Mas, a visita do Santo Padre deu um novo impulso às iniciativas de reconciliação”.

Essas iniciativas, segundo Dom Raymond Poisson, são: criação de círculos de escuta com as populações indígenas; publicação de quatro Cartas Pastorais sobre a reconciliação com os povos aborígines: Primeiras Nações, Inuit, Métis e Povo de Deus; criação de um fundo para a reconciliação com os povos aborígenes, que, em cinco anos, deverá arrecadar 30 milhões de dólares para financiar cinquenta projetos locais; elaboração de um guia para as dioceses, cujo objetivo é ajudá-las a dialogar com as populações indígenas; e publicação de vários vídeos, que repercorrem os dias da visita do Papa Francisco ao Canadá.

Dom Raymond Poisson expressa ainda a sua satisfação quando diz: “Continuamos a caminhar juntos com os povos aborígenes, para construir melhor o futuro deles e da nossa Igreja no Canadá. Estamos felizes por caminhar juntos e uma resposta concreta já se pode ver pelos projetos que estamos realizando com nossos irmãos e irmãs indígenas, com eles e para eles, não em nome deles (...). Tais projetos, graças ao nosso convite, nascem por iniciativa deles”.

Expectativas recíprocas

A Igreja Católica no Canadá, diz por fim Dom Raymond Poisson, “continua a conhecer melhor esses povos aborígines, para caminhar com eles, pois eles fazem parte da nossa própria identidade. Com eles formamos o Canadá e não sem eles”. Assim o Bispo recorda os progressos positivos, também por parte do governo, deste processo de reconciliação.

O que os aborígines esperam da Igreja, afirma o Bispo, é "uma maior participação e disponibilidade na busca da verdade sobre as escolas residenciais (...), mas também que sejam tomadas iniciativas conjuntas para propagar sua cultura".

Este novo capítulo, portanto, apenas começou. A Visita do Papa Francisco foi um “passo importante e essencial, diz o embaixador canadense. A reconciliação não é um momento específico, mas um caminho a ser percorrido juntos”.

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29 julho 2023, 14:54