O Papa: na reconstrução pós-terremoto, a pessoa no centro e respeito pela natureza
Raimundo de Lima – Vatican News
Construir com cuidado para o meio ambiente, protegendo sua beleza e saúde, promovendo "uma cultura de vida compartilhada e de respeito pelo que nos rodeia", ajuda a "viver a vocação de guardiões da obra de Deus", e essa é a nossa missão: disse o Papa ao receber em audiência na manhã desta sexta-feira, 24 de novembro, na Sala Clementina, no Vaticano, representantes das populações do centro da Itália atingidas pelo terremoto de 2016 e 2017.
Trata-se de áreas da Itália marcadas pelas feridas do terremoto que, entre 24 de agosto de 2016 e janeiro de 2017, semeou morte e destruição, deixando para trás tantas feridas em pessoas e famílias, destruindo centros de produção, casas e monumentos artísticos e colocando a economia de seus territórios de joelhos em vários setores.
Construir "um 'nós' que habita a casa comum"
Um terremoto é uma experiência devastadora, tanto física quanto moralmente, porque faz com que o que foi trabalhado por gerações desmorone em um tempo muito curto e faz com que nos sintamos frágeis e impotentes, observou Francisco.
Hoje, ao lembrarmos com pesar da tragédia e das vítimas, a cujos familiares desejo renovar minha proximidade, podemos, graças à sua perseverança e clarividência, também falar de avanços significativos na reconstrução. Nestes anos, vocês demonstraram que o espírito de colaboração pode superar obstáculos e incertezas, constituindo "um 'nós' que habita a casa comum", para que dos escombros possa nascer algo novo.
Em seu discurso, o Santo Padre concentrou sua reflexão chamando a atenção para três pontos muito importantes: a sustentabilidade, a natureza e as atuais mudanças climáticas, detendo-se sobre cada uma delas.
Sustantabilidade
Atenção à sustentabilidade. O desafio urgente de proteger a nossa casa comum inclui a "busca de um desenvolvimento sustentável e integral". Com isso em mente, adotar critérios adequados de sustentabilidade é um importante ato de justiça e caridade, pois visa atender às necessidades sem comprometer a segurança e a sobrevivência daqueles que nos cercam e daqueles que virão depois de nós.
Nesse ponto, o Santo Padre chamou a atenção para a importância de colocar a pessoa novamente no centro da cidade como o caminho a ser seguido, o caminho que também pode ajudar a enfrentar as crises de despovoamento e declínio demográfico, oferecendo a possibilidade de viver em ambientes ricos em tudo o que os pais deixaram, aprimorados e embelezados por uma gestão sábia para a comunidade.
Isso é fundamental. O despovoamento é um problema. Não se fazem filhos na Itália, e isso é sério. Temos uma média de idade de 46 anos. Parece que as famílias preferem ter cachorrinhos ou gatos e não filhos: é a cultura veterinária, cuidado com isso. Essa é a herança?
Natureza
No segundo ponto, atenção à natureza. As regiões de onde vocês vêm estão entre as mais belas da Itália e do mundo, frisou Francisco, conhecidas também internacionalmente pelo fascínio de suas paisagens e pela presença de burgos e cidades antigas situadas como pequenas joias ao longo das encostas das montanhas, nas colinas e nos vales. É um modelo de harmonia entre a obra de Deus e a do homem.
Juntamente com o compromisso com a natalidade, prosseguiu o Santo Padre, o compromisso com a segurança hidrogeológica é uma necessidade vital, tornada ainda mais necessária pela aceleração das mudanças climáticas. Ambas as frentes são voltadas para o futuro, essenciais para hoje e amanhã.
Mudanças climáticas
No último ponto: cuidado com as mudanças climáticas. "Não há dúvida - disse Francisco - de que o impacto da mudança climática prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias. Sentiremos seus efeitos em termos de saúde, trabalho, acesso a recursos, moradia, migração forçada e em outras áreas".
Portanto, disse, "é importante, por um lado, aplicar todas as medidas necessárias para interromper a deriva atual e, por outro lado, considerando as mudanças que já ocorreram, buscar contrastá-las, tanto global quanto localmente."
O Pontífice concluiu ressaltando que o caminho para a reconstrução pós-sísmica é longo e certamente não é fácil, mas, disse por fim, "aprecio muito o espírito com o qual vocês o enfrentam, que é bom, que o ânimo é determinado e que as ideias são claras".
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