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Papa à Ordem de Malta: ligação com o Pontífice não é uma limitação da liberdade

Ao receber no Vaticano os membros da Ordem de Malta, o Santo Padre elogiando o seu trabalho de serviço aos pobres e ressaltou a importância da ação “conjunta” entre os representantes diplomáticos da Ordem e os legados pontifícios: a subordinação à Santa Sé “não é uma limitação da sua liberdade , mas uma proteção"

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre recebeu em audiência na manhã deste sábado, 27, no Vaticano, os embaixadores da Ordem Soberana Militar Hospitalária de São João de Jerusalém de Rodes e de Malta (Cavaleiros Hospitalários), que durante séculos serviu a Deus e à Igreja, segundo as regras do seu fundador, Beato Geraldo: "Promover a glória de Deus e a santificação dos membros, através do “tuitio fidei e obsequium pauperum"(“defesa da fé e respeito pelos pobres”), ao mesmo tempo.

Ouça a reportagem completa com a voz do Papa Francisco

Em relação ao “respeito pelos pobres”, disse o Papa, os membros da Ordem Soberana têm o costume de chamar seus assistidos de modo muito significativo: “senhores doentes”, na pessoa dos quais servem a Jesus.

Antes da sua paixão, Jesus recebeu, de Maria de Betânia, um ato de "obséquio": uma unção com óleo perfumado precioso. De fato, Cristo acolheu de bom grado este gesto, como um verdadeiro ato de amor, em vista da sua sepultura. Este mesmo obséquio de Maria foi continuado no tempo pelos seus discípulos, que, prestavam homenagem aos pobres, com amor e humildade, sem retórica e ostentação.

Desta forma, explicou Francisco, Cristo uniu a pregação do Evangelho ao serviço aos pobres. Porém, a “defesa da fé e o respeito pelos pobres” jamais devem ser separados. E acrescentou:

Quando nos aproximamos dos últimos, dos doentes e aflitos, recordamos que este é um sinal da compaixão e ternura de Jesus. Por isso, o trabalho de vocês não é apenas humanitário, como algo digno de louvor de outras instituições, mas é um ato religioso, que dá glória a Deus no serviço aos mais frágeis e testemunha a predileção do Senhor por eles”.

Nesta perspectiva, afirmou o Papa, deve ser levada em consideração a atividade diplomática, que a Ordem desenvolve em 113 países e em 37 missões, junto a Organizações internacionais, pois esta é sempre uma das atividades de uma Ordem religiosa, que tem o objetivo de dar testemunho do amor de Deus aos necessitados.

Na verdade, recordou Francisco, não há duas realidades diferentes entre a Soberana Ordem Militar de Malta, organismo internacional, que se dedica às obras de caridade e à assistência social, e o Instituto religioso. A Ordem de vocês é “uma Ordem religiosa, aprovada pela Santa Sé”, que tem o objetivo de assegurar a realização dos seus objetivos e desenvolvimento no mundo".

Daqui, delineia-se a importância desta Ordem religiosa, no contexto internacional, como instrumento de ação apostólica, subordinada à Santa Sé e à obediência ao Papa, Supremo Superior de todos os Institutos religiosos. Por isso, é importante estabelecer uma relação de colaboração fecunda entre o representante diplomático da Ordem e o Legado Pontifício local, em uma ação conjunta para o bem da Igreja e da sociedade.

Neste sentido, o Santo Padre expressou sua satisfação pela terminologia utilizada no âmbito da Ordem, considerada “diplomacia humanitária”, e concluiu:

O Representante Diplomático é portador do carisma da Ordem. Por isso, se sente chamado a desempenhar seu cargo como missão eclesial. A natureza peculiar da sua diplomacia é um testemunho precioso, um sinal eloquente também para outras embaixadas, cuja atividade visa o bem concreto do povo e a alta consideração pelos mais necessitados”.

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27 janeiro 2024, 10:23