Exéquias do cardeal Cordes: uma vida dedicada aos jovens, aos leigos e à caridade
Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano
A missa de exéquias do cardeal Paul Josef Cordes, alemão e presidente emérito do Pontifício Conselho "Cor Unum", falecido em 15 de março aos 89 anos, após vários problemas de saúde, foi celebrada na tarde desta segunda-feira, 18 de março, na Basílica de São Pedro. Vinte e sete cardeais se fizeram presentes na celebração, incluindo o vice-decano Leonardo Sandri e o secretário de Estado Pietro Parolin, além de alguns bispos, como dom Udo Markus Bentz, arcebispo de Paderborn, diocese de origem do cardeal Cordes, e também alguns padres alemães, incluindo o pároco de Kirchhundem, onde será realizado o sepultamento. No final da missa, o Papa presidiu o rito da "Ultima Comendatio et Valedictio".
Embaixadores e parentes presentes no funeral
Foi o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, quem presidiu o funeral, que contou com a presença dos membros do Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé, acompanhados pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, vários familiares (incluindo o sobrinho Reinhard Baumgardt) e as quatro Memores Domini que assistiram o cardeal até o fim de seus dias.
Respeitado por muitos
Uma figura amada e respeitada especialmente pelos jovens aos quais Cordes dedicou atenção desde os tempos em que fundou o Centro São Lourenço, de onde surgiu a iniciativa de organizar um encontro internacional da juventude em Roma na solenidade do Domingo de Ramos de 1984, pequeno embrião do que viriam a ser posteriormente, por vontade de João Paulo II e impulsionado pelo cardeal Eduardo Pironio, as JMJ (Jornadas Mundiais da Juventude). Respeitado e amado também pelos membros do Caminho Neocatecumenal e da Renovação Carismática, aos quais Wojtyla sempre lhe pediu para acompanhar o apostolado "ad personam". Amado e respeitado, por fim, pelos colaboradores do Pontifício Conselho para os Leigos, do qual foi vice-presidente, e depois do Cor Unum, e pela atenção que sempre teve às necessidades dos mais frágeis, aos quais - escreveu o Papa no telegrama de condolências do último sábado - "comunicou o amor e a ternura de Cristo". O cardeal Cordes, enfatizou Francisco, "não poupou esforços para testemunhar a paterna solicitude do Papa pelos mais pobres".
Acolheu a morte com serenidade
Um serviço à Santa Sé e à Igreja relembrado, passo a passo, pelo cardeal Re em sua homilia, que começou recordando os últimos dias de vida de Cordes: "Enquanto suas energias diminuíam, ele acolheu a morte com grande serenidade, dando prova de uma espiritualidade genuína". "A alma do cardeal Cordes está agora nas mãos de Deus", acrescentou Re, destacando como "para o cristão, a realidade da morte é a passagem deste mundo para a casa do Pai, para desfrutar da imensidão de seu amor". É esse amor que levou o jovem Paul Josef a interromper seus estudos de medicina para entrar no Seminário Maior de Paderborn. Uma mudança de perspectiva pela qual ele mesmo dizia dever a uma freira franciscana conhecida por sua família, Irmã Candida de Olpe, que por anos rezou para que ele se tornasse padre, sem que ele soubesse.
Fiel a Deus, à Igreja e ao Papa
Cordes foi ordenado sacerdote na diocese de Paderborn em 1961; dez anos depois se formou em Teologia Dogmática na Universidade de Mainz e, alguns meses depois, foi nomeado secretário da Comissão Pastoral da Conferência Episcopal Alemã. Com este cargo, começou a colaborar com associações, movimentos espirituais e várias instituições eclesiásticas na Alemanha. "Essa experiência permitiu que ele desse uma boa contribuição ao Sínodo das dioceses da República Federal da Alemanha realizado em 1972", lembrou Re. Quando, em 1975, Paulo VI o nomeou bispo auxiliar de Paderborn, Cordes escolheu "Deus Fiel" como lema episcopal porque, dizia, "Deus é sempre fiel e a fidelidade de Deus nos obriga a ser também nós fiéis". "Nos vários cargos que lhe foram confiados, foi sempre animado por um espírito de fidelidade a Deus, à Igreja e ao Papa", destacou o decano do Colégio Cardinalício.
O serviço aos mais frágeis
Re então lembrou o trabalho na Cúria Romana, o compromisso com o mundo jovem, em contato com várias Associações Juvenis e Movimentos Espirituais, a ideia de criar um centro "para ajudar espiritualmente os jovens que passavam por Roma". Depois, o papel de liderança no "Cor Unum", durante o qual "com grande zelo se ocupou da coordenação das organizações humanitárias da Igreja. Foram numerosas as missões no mundo que lhe foram confiadas para levar a caridade e a solidariedade do Papa", lembrou o decano em sua homilia. Foi Bento XVI, em 2007, quem o criou cardeal. E Cordes, em seu testamento espiritual, escreveu: "Um olhar retrospectivo de fé sobre minha história me convence de que ela não foi determinada por acaso ou por minha intervenção... Pude experimentar as palavras do cardeal Dopfner: 'Deus está aqui para mim, está aqui para nós'. Na hora da despedida, gostaria de deixar esta certeza aos meus companheiros de viagem. Resta-me pedir-lhes perdão pelas ofensas e pedir-lhes suas orações para que eu possa alcançar a bem-aventurança eterna na vida trinitária de Deus".
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