Mirko, há dez anos detido, hoje com o Papa: pedi perdão e a absolvição dos pecados
Roberta Barbi – Cidade do Vaticano
A viagem interminável desde a Sicília e a espera enervante evaporam-se subitamente naquele abraço e carinho que o Papa Francisco reserva sempre para os últimos. E não há mais "últimos" do que os presos. Nesta sexta-feira, 1, dois deles, acompanhados pelo Pe. Francesco Pirrera, estiveram na audiência na Sala Clementina, que o Papa concedeu aos participantes da segunda edição da “Cátedra da Acolhida”, que termina preccisamente hoje em Sacrofano (Roma). O sacerdote, ex-pároco de Valderice, há quatro anos é capelão de duas prisões sicilianas - a prisão de Trapani e a de Favignana.
Testemunho de Mirko: diante do Papa fiquei arrepiado
Mirko está preso em Favignana, já cumpriu dez anos e mais quatro se passarão antes de reeencontrar a liberdade. Para ele, Pe. Francesco é um pai, e na verdade é assim que o chama: pai.
“A primeira vez que fui libertado da prisão desde 2013 foi no dia 29 de agosto e só posso agradecer ao padre Francesco”, disse ao Vatican News: “Espero que neste verão possa ir para um orfanato com ele. Para mim isto aqui é uma nova família, um recomeço, uma nova vida." E, de fato, Mirko tem um novo projeto de vida: “Só cheguei ao terceiro ano do ensino médio de artes, agora meu objetivo é finalmente conseguir meu diploma em uma escola noturna e começar a trabalhar durante o dia”.
E foi precisamente este projeto concreto de vida que lhe deu forças para pedir hoje ao Pontífice a absolvição dos seus pecados: “Uma coisa verdadeiramente louca de arrepiar”. Mirko emociona-se e sente-se particularmente próximo da mensagem que o Papa Francisco enviou na audiência em que participou, graças a uma autorização especial: “Uma mensagem verdadeiramente importante, sobretudo para mim e para todos os presos. Falando de vulnerabilidade, estamos falando de fragilidade e na prisão existe muita: há suicídios, há quem use psicotrópicos... Enfim, somos considerados o descarte da sociedade”. Um descarte que os dois Franciscos, o Papa e o “pai”, acolheram com amor: “Posso dizer que Deus existe e que é possível mudar na vida”, conclui Mirko, que sorri.
Um coração aberto e uma casa acolhedora
Padre Francesco Pirrera teve em seu sangue o chamado para servir na prisão durante toda a sua vida, por isso não hesitou nem por um momento em dizer sim à convocação de seu bispo para se tornar capelão, mas não era suficiente para ele ver os jovens todos os dias. Compreendeu imediatamente que tinham necessidade de algo mais do que conforto e escuta, o que nunca nega: “Fiz questão de criar o máximo de espaço possível na canônica - conta o sacerdote -, eliminei tudo o que era supérfluo e preenchi o espaço com camas para acolher pessoas a quem foram concedidas medidas alternativas à prisão, permissões especiais ou prisão domiciliar. Também por estarmos aqui hoje, devemos agradecer aos magistrados e à polícia penitenciária pela confiança.”
Pe. Pirrera começou esta forte experiência de hospitalidade quase por acaso, quando um jovem libertado da prisão apareceu à sua porta, porque não sabia para onde ir; hoje é um ponto de referência para a comunidade e também para os presidiários. Dois deles o acompanharam a Roma para a audiência com o Papa: “Os meninos ficaram muito tocados com a ideia de serem recebidos pelo Papa – continua – seus corações palpitavam o tempo todo e no final um deles teve o coragem de pedir ao Santo Padre a absolvição dos seus pecados”.
Uma satisfação e emoção únicas para quem a cada dia cuida deles, material e espiritualmente: “É preciso dar esperança, confiança - é a sua forma de compreender a missão do capelão - mas também colocá-los em condições que, uma vez livres, possam encontrar um trabalho. Isto é o que mais desejo a estes irmãos: que não voltem à delinquência”.
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