O Papa às Escolas para a Paz: sejam protagonistas do futuro, pensem nas crianças da Ucrânia e Gaza
Mariangela jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (19/04), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de seis mil alunos da Rede Nacional de Escolas para a Paz, acompanhados por seus professores.
Francisco iniciou o seu discurso agradecendo a todos os presentes "por este caminho rico de ideias, iniciativas, formação e atividades que visam promover uma nova visão do mundo". Agradeceu também pelo entusiasmo na busca do bem "em meio a situações dramáticas, injustiça e violência que desfiguram a dignidade humana".
Viver com responsabilidade
Obrigado porque com paixão e generosidade vocês se comprometem a trabalhar na “obra do futuro”, vencendo a tentação de uma vida centrada apenas no hoje, que corre o risco de perder a capacidade de sonhar alto. Hoje, mais do que nunca, é necessário viver com responsabilidade, ampliando os horizontes, olhando para frente e semeando a cada dia as sementes de paz que amanhã poderão germinar e dar frutos.
A seguir, o Pontífice recordou que em setembro próximo se realizará, em Nova York, a Cúpula do Futuro convocada pela ONU para abordar os grandes desafios globais deste momento histórico e assinar um “Pacto para o Futuro” e uma “Declaração sobre as gerações futuras”. "Este é um evento importante, e a contribuição de vocês também é necessária para que não fique apenas “no papel”, mas se concretize e se realize por meio de caminhos e ações de mudança", disse o Papa aos estudantes e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz.
Não cuidar apenas do próprio “jardim”
Não podemos simplesmente delegar nossas preocupações ao "mundo vindouro" e a resolução de seus problemas às instituições designadas e àqueles com responsabilidades sociais e políticas específicas. É verdade que esses desafios exigem competências específicas, mas é igualmente verdade que eles nos dizem respeito, tocam a vida de todos e exigem de cada um de nós uma participação ativa e um compromisso pessoal.
Segundo Francisco, "num mundo globalizado, onde todos somos interdependentes, não é possível proceder como indivíduos que cuidam apenas de seu próprio “jardim”: em vez disso, é necessário trabalhar em rede e formar rede, conectar-nos, trabalhar em sinergia e harmonia. Isto significa passar do eu ao nós: não 'eu trabalho para o meu bem', mas 'nós trabalhamos para o bem comum, para o bem de todos'".
Um sonho coletivo
De acordo com o Papa, "os desafios de hoje e, sobretudo, os riscos que, como nuvens escuras, pairam sobre nós, ameaçando o nosso futuro, tornaram-se também globais. Dizem respeito a todos nós, questionam toda a comunidade humana, exigem a coragem e a criatividade de um sonho coletivo que anime o compromisso constante, para enfrentar juntos as crises ambientais, econômicas, políticas e sociais que atravessa o nosso planeta".
Segundo o Pontífice, este "é um sonho que exige estar acordado, não dormindo! Sim, porque é realizado trabalhando, e não dormindo; andando pelas ruas, e não deitado no sofá; usando bem os meios de informação, e não perdendo tempo nas redes sociais. Então, ouçam bem, esse tipo de sonho se realiza rezando, ou seja, junto com Deus, e não apenas com as nossas próprias forças".
Paz e cuidado
Queridos alunos e professores, vocês colocaram duas palavras-chave no centro do seu compromisso: paz e cuidado.
Este é o cuidado que Jesus tem pela humanidade, em particular pelos mais frágeis, e do qual o Evangelho nos fala muitas vezes. Do “cuidado” recíproco nasce uma sociedade inclusiva, fundada na paz e no diálogo.
Francisco pediu aos alunos e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz para que "sejam artesãos da paz" neste tempo ainda marcado pela guerra, "que sejam protagonistas da inclusão; num mundo dilacerado por crises globais, que sejam construtores do futuro, para que a nossa Casa comum se torne um lugar de fraternidade".
A seguir, o Papa acrescentou:
Por fim, Francisco convidou os alunos e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz a fazerem um pouco de silêncio para pensar nas crianças ucranianas e nas crianças de Gaza.
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