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O Papa: num mundo dividido por egoísmos, compartilhar o dom da diversidade

Francisco recebe os Filhos da Caridade e os Irmãos de São Gabriel e recomenda ao primeiro grupo que olhe para o crucifixo e para as feridas dos pobres, como fazia a fundadora Madalena de Canossa, e ao segundo que valorize a variada internacionalidade que distingue a ordem: a uniformidade mata, a harmonia, fruto do Espírito, faz crescer

Vatican News

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O Papa Francisco encontrou na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, na Sala Clementina, no Vaticano, os Filhos da Caridade Canossianos e os Irmãos de São Gabriel e lhes dirigiu um discurso por ocasião de seus capítulos gerais e dos aniversários de nascimento de seus fundadores, respectivamente 250 anos de Santa Madalena de Canossa e 350 anos de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Pontífice releu a experiência deles à luz dos tempos contemporâneos, muitas vezes marcados por “egoísmos e particularismos”: as diversidades, disse o Santo Padre, são dons preciosos a serem compartilhados.

Os capítulos gerais, eventos sinodais de graça

Para ambas as ordens religiosas, o Pontífice recordou a importância dos Capítulos que, citando o beato Pironio, são eventos “de família”, mas também eventos de Igreja e eventos “salvíficos”, verdadeiros “eventos sinodais” dos quais especificou a peculiaridade:

Momentos de graça, um Capítulo é um momento de graça, a ser vivido, em primeiro lugar, na docilidade à ação do Espírito Santo, fazendo memória agradecida do passado, prestando atenção ao presente - ouvindo uns aos outros e lendo os sinais dos tempos - e olhando com coração aberto e confiante para o futuro, para uma verificação e uma renovação pessoal e comunitária, ou seja, passado, presente, futuro, entram em um Capítulo, para recordar, avaliar e avançar no desenvolvimento da Congregação.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)
Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Os religiosos não sejam “bombeiros”

Francisco confessou um pesar, e o fez em tom de brincadeira para ressaltar sua mensagem, partindo do tema escolhido pelos Canossianos para seu discernimento: “Quem não arde não incendeia”.

Fico triste quando vejo religiosos que mais parecem bombeiros do que homens e mulheres com o ardor de incendiar. Por favor, não sejam bombeiros; já temos muitos.

Olhar para o crucifixo e abrir os braços para os pequeninos

Lembrando que os Canossianos estão presentes em sete países, com membros de dez nacionalidades, e que são coadjuvados pelas irmãs Canossianas com uma realidade leiga cada vez mais ativa e envolvida, o Papa os exortou a olhar para a coragem da fundadora que trabalhou “em um mundo não menos difícil do que o nosso”, para “tornar conhecido e amado Jesus, que não é amado porque não é conhecido”.

Santa Madalena lhes mostrou como superar as dificuldades: com os olhos voltados para o Crucifixo e os braços abertos para os últimos, os pequenos, os pobres e os doentes, para cuidar, educar e servir nossos irmãos com alegria e simplicidade. Quando o caminho se tornar difícil, então, façam como ela: olhem para Jesus Crucificado e olhem para os olhos e as feridas dos pobres, e verão que, aos poucos, as respostas entrarão em seus corações com uma clareza cada vez maior.

Usar a coragem

No Capítulo, os religiosos de São Gabriel refletem sobre o tema “Escutar e agir com coragem”. E sobre essas palavras o Papa se deteve, enfatizando particularmente a coragem de que estava falando: “Aquela parresia apostólica”. É a coragem “que lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa coragem. E há o Espírito para nos dar essa coragem, e devemos pedir por ela”.

São duas atitudes - escuta e coragem - que exigem humildade e fé, e que refletem bem o espírito e a ação de São Luís Maria e do padre Deshayes, que também lhe deixaram um tríptico precioso como bússola para suas decisões: “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”. “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”.

A internacionalidade é boa para o apostolado

Os Irmãos de São Gabriel são formados por mais de mil religiosos, engajados no cuidado pastoral, na promoção humana e social e na educação - especialmente em favor dos cegos e surdos-mudos - em 34 países. Francisco repetiu que é o Espírito Santo que cria a harmonia, porque Ele é seu “mestre”. E, insistiu o Papa: “A uniformidade em um instituto religioso, em uma diocese, em um grupo de leigos, mata! A diversidade em harmonia faz crescer. Não se esqueçam disso. Diversidade em harmonia”. Daí, o convite para sermos profetas da acolhida e da integração:

A Providência concedeu-lhes também a riqueza de uma internacionalidade variada: ela fará muito bem ao seu crescimento e ao seu apostolado, se souberem vivê-la acolhendo e compartilhando a diversidade de forma construtiva, entre vocês e com todos.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)
Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

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29 abril 2024, 10:39