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Mãos que se tocam Mãos que se tocam   (©Robert Kneschke - stock.adobe.com)

O Papa: a eutanásia, fracasso do amor. Promover a dignidade no fim da vida

Mensagem de Francisco aos participantes do Simpósio “Towards a Narrative of Hope: An International Interfaith Symposium on Palliative Care”, em andamento em Toronto: “Ajudar os doentes e moribundos a perceber que não estão isolados ou sozinhos, que sua vida não é um peso”.

L'Osservatore Romano

Em nossos dias, diante dos “efeitos trágicos da guerra, da violência e da injustiça de vários tipos, é muito fácil ceder à tristeza e até mesmo ao desespero”. E, no entanto, como membros da família humana e “sobretudo como crentes, somos chamados a acompanhar, com amor e compaixão, as pessoas que lutam e se esforçam para encontrar motivos de esperança”. Assim escreve o Papa Francisco na mensagem enviada aos participantes do primeiro simpósio internacional inter-religioso sobre cuidados paliativos, com o tema “Rumo a uma narrativa de esperança”, que se realiza em Toronto, Canadá, de 21 a 23 de maio. O encontro conta com a presença dos presidentes das duas entidades promotoras - pela Pontifícia Academia para a Vida, o arcebispo Vincenzo Paglia e, pela Conferência Episcopal Canadense, o bispo William McGrattan - com profissionais da saúde, incluindo médicos e enfermeiros, de todo o mundo e pertencentes a diferentes denominações religiosas.

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Sinal concreto de proximidade e solidariedade para com aqueles que sofrem

Na mensagem em inglês divulgada nesta quarta-feira, 22 de maio, o Pontífice, referindo-se ao tema do simpósio, lembra que a esperança “nos dá a força para enfrentar as questões que os desafios, as dificuldades e as preocupações da vida nos colocam”. De fato, todos aqueles que experimentaram “a incerteza que muitas vezes vem com a doença e a morte”, observa Francisco, “precisam do testemunho de esperança dado por aqueles que cuidam deles e permanecem ao seu lado”. Nesse sentido, os cuidados paliativos, embora “procurem aliviar ao máximo o peso do sofrimento, são, antes de tudo, um sinal concreto de proximidade e solidariedade com nossos irmãos e irmãs que estão sofrendo”. Ao mesmo tempo, esse tipo “de solicitude ajuda os pacientes e seus entes queridos a aceitarem a vulnerabilidade, a fragilidade e a finitude que caracterizam a vida humana neste mundo”.

Eutanásia, fracasso do amor

O Papa deixa claro que o verdadeiro cuidado paliativo “é radicalmente diferente da eutanásia, que nunca é uma fonte de esperança ou preocupação genuína com os doentes e moribundos”. Em vez disso, é um fracasso do amor, um reflexo de uma “cultura do descarte” na qual “as pessoas não são mais consideradas um valor fundamental a ser cuidado e respeitado” (Fratelli tutti, 18). De fato, o Pontífice ressalta que a eutanásia “é muitas vezes falsamente apresentada como uma forma de compaixão”. Em vez disso, a atitude de “compaixão”, que significa “sofrer com”, não envolve “uma ação intencional para acabar com uma vida, mas sim uma disposição para compartilhar o peso das pessoas que estão enfrentando a última parte de nossa peregrinação terrena”. Pelo contrário, o cuidado paliativo “é uma forma genuína de compaixão porque responde ao sofrimento, seja ele físico, emocional, psicológico ou espiritual, afirmando a dignidade fundamental e inviolável de cada pessoa”, especialmente dos moribundos, “e ajudando-os a aceitar o momento inevitável da passagem desta vida para a vida eterna”.

Ajudar os doentes e moribundos a perceberem que não estão sozinhos

Nessa perspectiva, “as convicções religiosas oferecem uma compreensão mais profunda da doença, do sofrimento e da morte, considerando-os parte do mistério da Divina Providência e, no que diz respeito à tradição cristã, um meio para alcançar a santificação”. Não é coincidência, ressalta o Papa, que “as obras de compaixão e respeito demonstradas pelo pessoal médico e pelos profissionais de saúde especializados muitas vezes conseguiram permitir que as pessoas no final de suas vidas encontrassem conforto espiritual, esperança e reconciliação com Deus, com os membros de suas famílias e com os amigos”. Francisco chama esse serviço de “importante - eu diria até mesmo essencial - para ajudar os doentes e os moribundos a perceberem que não estão isolados ou sozinhos, que sua vida não é um peso, mas que eles permanecem intrinsecamente preciosos aos olhos de Deus e unidos a nós pelo vínculo da comunhão”.

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22 maio 2024, 10:17
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