O Papa: uma mensagem de esperança ao povo chinês, mestre de esperança
Isabella Piro – Vatican News
Uma "mensagem de esperança" e uma bênção para todo o povo chinês estão no centro da entrevista que o Papa Francisco concedeu, em 24 de maio passado, na Biblioteca da Residência Apostólica, no Vaticano, ao pe. Pedro Chia, diretor do departamento de imprensa da Província Chinesa da Companhia de Jesus. A entrevista, divulgada nesta sexta-feira, (09/09), tem um forte enfoque espiritual. É pontuada pelas memórias pessoais do Pontífice e suas reflexões sobre o futuro da Igreja.
Levar adiante a sua herança
O Papa não esconde o desejo de ir à China, em particular ao santuário de Sheshan, no distrito de Songjiang, dedicado a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos. No país asiático, diz ele, gostaria de encontrar os bispos locais e "o povo de Deus que é tão fiel". "É um povo fiel", acrescenta. Experimentou muitas coisas e permaneceu fiel". Aos jovens católicos chineses, o Pontífice reitera o conceito de esperança, embora, afirma ele, "me pareça tautológico dar uma mensagem de esperança a um povo que é mestre de esperança" e "de paciência na espera". E isso, destaca, "é uma coisa muito bonita". A China é "um grande povo" que "não deve desperdiçar a sua herança", acrescenta Francisco, pelo contrário: "Deve levar adiante com paciência a sua herança".
Críticas e resistências
Durante a entrevista, o Papa também se detém sobre o seu pontificado, conduzido, com a colaboração, a escuta e a consulta dos responsáveis dos Dicastérios e de todos. "As críticas sempre ajudam, mesmo que não sejam construtivas", ressalta, porque "é sempre útil, fazem refletir sobre o modo de agir". E "por trás da resistência pode haver uma boa crítica". Às vezes é preciso "esperar e suportar", mesmo "com dor", como quando se encontram resistências "contra a Igreja, como está acontecendo neste momento" por parte de "pequenos grupos". "Os momentos de dificuldade ou desolação", no entanto, reitera o Pontífice, "são sempre resolvidos com a consolação" do Senhor.
Guerras e outros desafios
Quanto aos muitos "desafios" vividos até agora na cátedra de Pedro, o Papa recorda em particular "o enorme desafio" da pandemia, bem como "o desafio atual" da guerra, especialmente na Ucrânia, em Mianmar e no Oriente Médio. "Eu sempre tento resolver com o diálogo", explica ele, "e quando isso não funciona, com a paciência e também com o senso de humor", segundo os ensinamentos de São Tomás More.
Crises pessoais no passado
No âmbito pessoal, o pontífice lembra ter passado por algumas "crises" durante sua vida religiosa como jesuíta. Um fato normal, explica ele, "caso contrário, eu não seria humano". Mas as crises são superadas de duas maneiras: elas são percorridas e atravessadas "como um labirinto", do qual se sai "por cima", e depois "nunca se sai sozinho, mas ajudado, acompanhado", porque "deixar-se ajudar é muito importante". Ao Senhor, diz Francisco, "peço a graça de ser perdoado, que Ele seja paciente comigo".
Exercícios espirituais, pobres, jovens, Casa comum
O Pontífice centra-se também nas quatro preferências apostólicas universais dos Jesuítas, indicadas em 2019 para os próximos dez anos: promover os exercícios espirituais e o discernimento, caminhar com os pobres e excluídos, acompanhar os jovens na criação de um futuro de esperança e cuidar da Casa comum. São quatro princípios “integrados” que “não podem ser separados”, afirma, sublinhando também que o acompanhamento, o discernimento e a missionariedade são os pilares da Companhia de Jesus.
Clericalismo e mundanidade, duas pragas da Igreja
Olhando, então, para o futuro da Igreja, o Papa lembra que, segundo alguns, ela será "cada vez menor" e deverá "ter cuidado para não cair na praga do clericalismo e da mundanidade espiritual", que representa, nas palavras do cardeal de Lubac citadas pelo Pontífice, "o pior mal que pode atingir a Igreja, pior até do que o tempo dos papas concubinos". Por fim, para aquele que será seu sucessor na cátedra de Pedro, Francisco lembra a importância da oração, porque "o Senhor fala na oração".
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