Port Moresby: os preparativos para a chegada do Papa Francisco
Claudia Torres - Port Moresby
Port Moresby está repleta de atividades enquanto a população se preparou para a chegada do Papa Francisco à Papua Nova Guiné na noite desta sexta-feira, 6 de setembro, para a segunda etapa de sua Viagem Apostólica de duas semanas à Ásia e Oceania. Enquanto os preparativos se encerram na capital, católicos de todas as quatro regiões do país - desde as montanhas Highlands, que cortam a parte central da ilha de Nova Guiné, até as ilhas, Momase e regiões do sul - estão se reunindo nessa cidade de mais de 400.000 habitantes situada no sudoeste do Oceano Pacífico.
No Estádio Sir John Guise - onde o Santo Padre presidirá a Santa Missa no domingo, 8 de setembro, e falará aos jovens na segunda-feira, 9 de setembro - o campo de jogo, que normalmente é reservado para partidas de rúgbi e futebol, se transformou em um conjunto de roupas coloridas, cantos e sons tradicionais que testemunham a vasta diversidade cultural e linguística desse país insular da Oceania.
Quem está liderando grande parte da preparação é a irmã Daisy Lisania, MSC. Ela é a secretária de Comunicação Social da Conferência dos Bispos Católicos de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, e a responsável pela mídia da visita papal. Em meio à atividade agitada nos momentos que antecederamm a chegada do Papa, ela encontrou um pequeno espaço de tempo para uma breve entrevista com a mídia vaticana para compartilhar sua própria perspectiva sobre a Viagem Apostólica do Santo Padre. “Para mim, como religiosa, isso significa muito. E já ontem eu estava chorando, porque este é um Papa que está em sua cadeira de rodas; ele tem quase 88 anos de idade, mas tem um coração para a Papua Nova Guiné.” Sua voz se embarga, e seus olhos se enchem do que ela garante serem lágrimas de alegria. “Pensar que um Papa que tem de deixar Roma e vir para as periferias, onde se ouve muita negatividade da mídia sobre meu país... Para mim, é muito significativo, porque ele diz: 'Estou indo para onde meu povo está. Quero estar com eles'”.
Esse é um sentimento que ecoa em muitos católicos que se encontram em Port Moresby. Pegos na empolgação e na alegria de se preparar para uma visita papal há muito esperada - São João Paulo II foi o último pontífice a viajar ao país, em 1995 - quase se pode esquecer as dificuldades que muitas pessoas na capital e em outras partes de Papua Nova Guiné enfrentam diariamente. As ruas repletas de pessoas vendendo roupas em mesas improvisadas sob guarda-chuvas surrados, uma escola primária em ruínas, reconhecível como tal apenas por causa das crianças em seus uniformes brancos e azul-marinho brincando do lado de fora, são sinais visíveis da infraestrutura precária que dita a vida de muitos papuanos.
Mas a alegria deles com a oportunidade de receber um convidado tão importante como o Bispo de Roma não diminui em nada. Alguns, como John Junior Dinz, chegaram a fazer viagens de vários dias, de ônibus, de avião ou a pé, para participar desse evento histórico. Ele, sua mãe, Anna Dinz, e seu tio, Christopher Kenneth, fazem parte de um grande grupo de pessoas que fizeram a viagem da Arquidiocese de Mount Hagen a Port Moresby.
“Foi um sonho quando ouvi pela primeira vez do meu pároco que o Papa Francisco iria visitar a capital do nosso país, Port Moresby”, afirmou Dinz. “É um privilégio porque sou católico. Preciso ir e ver o nosso líder. Preciso ver o Papa, e isso pode ser uma bênção para mim.”
Ele explicou que foram seus pais, que viram São João Paulo II quando o Papa polonês visitou Papua Nova Guiné em 1984, que o incentivaram a fazer a viagem. “Ambos foram a Hagen para ver o Papa João Paulo II”, lembrou Dinz, ‘e quando eu estava prestes a vir para cá, eles me abençoaram e disseram: ’você tem que ir. Faça a peregrinação, você tem que ir. Vá e veja o Papa Francisco'. E a história deles sobre o Papa João Paulo realmente me motivou a vir aqui a Port Moresby para ver o Santo Padre, o Papa Francisco”.
Dinz é apenas um exemplo do impacto duradouro que a presença de um pontífice pode ter em uma população, especialmente em lugares que são frequentemente esquecidos, deixados de fora dos holofotes, mas onde a fé brilha intensamente, derramando sua luz sobre as novas gerações.
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