Papa: num mundo sob ameaça nuclear, os fiéis devem trabalhar pela paz
O Papa sublinhou que o empenho conjunto de “nós, crentes no Deus da paz, no Deus do amor onipotente”, para promover a paz, nos torna críveis aos olhos do mundo e, em especial, das novas gerações. A realidade atual, marcada por um mundo “dividido e dilacerado pelo ódio, tensões, guerras e ameaças de um conflito nuclear”, nos impulsiona a “rezar e trabalhar pelo diálogo, pela reconciliação, pela paz, pela segurança e pelo desenvolvimento integral de toda a humanidade”. Essa mensagem foi reforçada durante o encontro realizado na manhã de hoje, 20 de novembro, na sala adjacente à Aula Paulo VI, com os participantes do XII Colóquio do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e o Centro de Teerã, atualmente em andamento no Vaticano.
O papel educativo dos avós: um elemento comum
Após celebrar a longa colaboração entre as duas instituições, que promove “uma cultura do diálogo, um tema fundamental e muito querido”, o Papa elogiou o tema escolhido para o colóquio: “A educação dos jovens, especialmente na família: um desafio para cristãos e muçulmanos”. O Santo Padre reafirmou que a família, “berço da vida, é o lugar primordial da educação”. É na família que “os primeiros passos são dados, onde se aprende a ouvir, a reconhecer os outros, a respeitá-los, a ajudá-los e a conviver com eles”.
Francisco destacou um ponto comum às nossas diversas tradições religiosas: o papel educativo desempenhado pelos idosos junto aos jovens, e ressaltou:
“Digo algo que está muito no meu coração: os avós, com sua sabedoria, garantem a educação religiosa de seus netos, funcionando como um elo essencial na relação familiar entre as gerações. Honrar os avós é algo muito importante.”
Diálogo entre crentes abre caminho para o encontro na família humana
O Pontífice enfatizou que a religiosidade, transmitida de maneira espontânea e testemunhada pela vida, deve ser considerada “de grande valor para o crescimento dos jovens”, e também apontou que essa é uma “desafio educativo comum” para cristãos e muçulmanos, especialmente em situações complexas, como os casamentos mistos. Nesses casos, conforme descrito na Exortação Apostólica Amoris laetitia, “pode-se reconhecer um espaço privilegiado para o diálogo inter-religioso”. A família, embora afetada pelo enfraquecimento “da fé e da prática religiosa em algumas sociedades”, enfrenta hoje muitos desafios. Para cumprir bem sua missão educativa, afirmou o Papa, a família precisa de apoio de todos: do Estado, da escola, de sua comunidade religiosa e de outras instituições.
Entre as diversas funções da família, está a de educar para “habitar além dos limites da própria casa”. Nesse sentido, o diálogo entre crentes de diferentes religiões abre possibilidades para superar barreiras estruturais e promove o encontro dentro da grande família humana universal.
Cooperação fraterna e dignidade de cada pessoa
Para que o diálogo seja frutífero, segundo Francisco, deve ser “sincero, respeitoso, amigável e concreto”, de modo a “ser crível aos olhos da própria comunidade e também diante dos interlocutores e suas comunidades”. O Papa lembrou que nunca se deve esquecer que “a Deus prestaremos contas de tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos” .Por fim, Francisco destacou que a educação dos jovens se realiza por meio da cooperação fraterna na busca por Deus:
“Nesta busca, nunca devemos nos cansar de falar e agir em favor da dignidade e dos direitos de cada pessoa, de cada comunidade e de cada povo. Defender sempre os direitos da pessoa, da comunidade e do povo.”
E ao reforçar que a liberdade de consciência e a liberdade religiosa são fundamentais, o Santo Padre afirmou que, de fato, essa é a pedra angular do edifício dos direitos humanos. “A liberdade religiosa não se limita ao exercício do próprio culto, mas permite ser totalmente livre para decidir no campo da própria crença e prática religiosa”.
Próximo ao pequeno rebanho dos católicos no Irã
Já no início de seu discurso, o Papa recordou que, no consistório de 7 de dezembro, criará cardeal o arcebispo de Teerã-Ispaã, Dominique Joseph Mathieu. Esta escolha, explicou Francisco, “expressa proximidade e cuidado com a Igreja no Irã” e “reflete-se também em benefício de todo o país”. O Pontífice destacou que o destino do “pequeno rebanho” da Igreja Católica no Irã é algo que está muito presente em seu coração, e reafirmou que está ciente “de sua situação e dos desafios que enfrenta” para testemunhar Cristo e “contribuir, de forma discreta mas significativa, para o bem de toda a sociedade, livre de discriminações religiosas, étnicas ou políticas”.
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