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O Papa: a guerra é absurda, é preciso desarmar a Terra

Publicamos a carta que o Papa Francisco escreveu ao diretor do jornal italiano Corriere della Sera, Luciano Fontana, em resposta a uma mensagem sua de proximidade ao Pontífice neste momento de doença, na qual lhe pede que reitere um apelo pela paz e pelo desarmamento nas colunas do jornal diário milanês.

Prezado diretor,

gostaria de agradecer pelas palavras de proximidade com as quais desejou estar presente neste momento de doença em que, como já disse, a guerra parece ainda mais absurda. A fragilidade humana, de fato, tem o poder de nos tornar mais lúcidos em relação ao que dura e ao que passa, ao que nos faz viver e ao que mata. Talvez seja por isso que, com tanta frequência, tendemos a negar os limites e a evitar pessoas frágeis e feridas: elas têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidade.

Ouça e compartilhe

Gostaria de encorajar o senhor e todos aqueles que dedicam trabalho e inteligência para informar, através de instrumentos de comunicação que agora unem nosso mundo em tempo real: sentir toda a importância das palavras. Elas nunca são apenas palavras: são fatos que constroem os ambientes humanos. Elas podem conectar ou dividir, servir a verdade ou se servir dela. Precisamos desarmar as palavras para desarmar as mentes e desarmar a Terra. Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de um senso de complexidade.

Enquanto a guerra apenas devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de nova força vital e credibilidade. As religiões, além disso, podem se valer da espiritualidade dos povos para reacender o desejo da fraternidade e da justiça, a esperança de paz.

Tudo isso exige comprometimento, trabalho, silêncio e palavras. Sintamo-nos unidos nesse esforço, que a Graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar.

Francisco

Roma, Policlínica Gemelli, 14 de março de 2025

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