Card. Zenari: os sírios sofrem, alguém ouça o grito deles
Cidade do Vaticano
“Escutem o grito dessa pobre gente, das crianças”, coloquem “isso diante de suas consciências” ao buscarem a paz. Da Síria, o cardeal Mario Zenari lança um novo apelo para uma nação que, há sete anos, desde o início do conflito, em muitas áreas continua a ser um campo de batalha. Também na noite de quarta-feira em Damasco, conta o núncio apostólico, “foi difícil dormir porque havia o barulho dos tiros de canhões e das metralhadoras em certas áreas um pouco periféricas”. A preocupar o núncio as notícias de “ferozes confrontos” em andamento na “área rural a leste de Damasco” e em outras áreas, em um teatro de guerra que agora inclui a fronteira norte “com a intervenção armada da Turquia”.
“Podia-se ouvir o barulho das metralhadoras”
A ofensiva turca
“Ramo de oliveira” é o nome em código da operação conduzida pelo exército turco no território sírio desde 20 de janeiro último. Mas os números da campanha militar desejada pelo presidente Tayyp Erdogan são os de uma ofensiva cada vez mais sangrenta. Epicentro dos confrontos, o enclave curdo-sírio de Afrin, no qual, como anunciou Erdogan, seriam já cerca de 800 os “terroristas neutralizados”, ou seja, feridos, mortos ou capturados. Às forças turcas e ao exército livre sírio se opõem as forças da Unidade de Proteção do Povo Curdo (YPG), que, de acordo com a agência Anadolu, teria perdido o controle do centro Bulbul, uma das cidades do enclave.
Massacre de civis ao norte
Quem paga a conta mais pesada do conflito, e o Cardeal Zenari não deixa de repetir em todas as ocasiões, são civis. Somente no quadrante norte, de acordo com uma declaração de fontes hospitalares do enclave de Afrin, em duas semanas de ataques teriam perdido a vida 104 pessoas e pelo menos 156 os feridos. Mas não há somente as armas. A dificultar a situação, diz o núncio apostólico, são as condições climáticas do momento. “Estamos em um período de inverno, de frio muito intenso em algumas áreas da Síria” e isso, disse, agrava um “sofrimento” para o qual “infelizmente não há soluções no horizonte”.
Procurar fazer todo o possível
O enviado da ONU à Síria para a crise humanitária, Jan Egeland, voltou a pedir uma trégua temporária na província do norte de Idlib, onde foram registrados pesados combates entre as forças da oposição e as de Damasco e onde mais de um milhão e 200 mil civis, numa população de dois milhões e meio, vivem como refugiados. O cardeal Zenari não perde a esperança de que se possa seguir o caminho da trégua, mas pede aos negociadores internacionais que atuem com urgência. “Procurem fazer todo o possível para pelo menos se chegar ao fim da violência, ao cessar-fogo e depois a uma solução política para o conflito”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui