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Papa Francisco com uma criança Papa Francisco com uma criança 

Editorial: Cinco anos de alegria

Francisco pede somente, de modo simples e sincero, a cada um que encontra, “não se esqueça de rezar por mim”. Um pedido que também hoje faz a todos nós.

Silvonei José - Vaticano

Francisco toma seu cajado de pastor, deixa o Vaticano e visita Pietrelcina e San Giovani Rotondo, lugares ligados ao nascimento, à vida, à morte e à devoção a São Pio de Pietrelcina, o santo com os estigmas. Uma visita pastoral como tantas outras que ele fez ao longo de seus 5 anos de pontificado que nós comemoramos no último dia 13 de março.

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Um aniversário comemorado sem festa mas com muita oração. O povo de Deus rezou pelo seu pastor em todos os lugares do planeta, e o filho da Argentina, que veio do fim do mundo, teve um dia normal de trabalho.

Passaram-se cinco anos e de maneira muito rápida, no ritmo de tantos eventos alegres e tristes, disse ao Vatican News o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin. A verdade, disse ainda, é que a eleição de um Papa e seu Ministério são sempre um dom para a Igreja e para a humanidade e cuja dimensão espiritual deve ser considerada, avaliada e lida à luz da fé e da ação da Providência. O que mais impressiona Dom Pietro Parolin é que todos os documentos de Francisco, ou os mais importantes, como Evangelii Gaudium, Amoris Laetitia e Laudato Sì’ , evocam sempre a alegria. A característica fundamental deste Pontificado é justamente a alegria que nasce do fato de saber-se amados pelo Senhor.

Cinco anos atrás, eram muito poucos os que podiam prever a eleição no Conclave do arcebispo de Buenos Aires, e ainda menos aqueles que esperavam o nome que escolheria o sucessor de Bento XVI após a renúncia ao pontificado, pela primeira vez depois seis séculos. No entanto, a expectativa desse nome existia pois algumas fotos de 5 anos atrás da Praça São Pedro, em meio à chuva gelada, um homem ajoelhado, trazia um cartaz pendurado no pescoço com a escrita “Papa Francisco”: Quase resumindo no escrito a expectativa, recorrente na Idade Média, de uma renovação radical graças a um papa com o nome do pobrezinho de Assis.

Como recordou nos dias passados o jornal vaticano L’Osservatore Romano, na tradição judaica e depois cristã, em um nome está contido muito mais do que uma preferência ou uma inclinação, como aparece na Bíblia: o Senhor muda o nome de Abraão e assim Jesus faz com Pedro para indicar a transformação da sua vida. O uso de assumir um nome diferente do próprio foi estabelecido muito mais tarde em algumas ordens religiosas, como acontecera depois dos primeiros séculos na sucessão papal. No entanto, nenhum pontífice optou por se chamar Francisco, um nome de origem profana que, no latim medieval, indicava a França, mas se tornou cristão por excelência porque recorda o santo de Assis e sua radicalidade na imitação de Cristo.

No início do sexto ano de pontificado, aparece clara a força do nome que Bergoglio quis explicar aos jornalistas com os quais se encontrou três dias depois da eleição. Nome que evoca a figura de São Francisco por três razões: atenção e proximidade aos pobres, recomendadas ao novo pontífice por “um grande amigo”, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes que estava ao seu lado na Capela Sistina, quando os votos já tinham superado os dois terços necessários, a pregação de paz e a custódia da criação. Três componentes da mensagem cristã que caracterizam o desdobramento dos dias do primeiro papa americano, que também é o primeiro não-europeu há quase treze séculos e o primeiro jesuíta.

Indicando a necessidade para a Igreja de sair às periferias reais e metafóricas do mundo para anunciar o Evangelho, o arcebispo de Buenos Aires traçava pouco antes do Conclave as linhas de um pontificado essencialmente missionário, linhas que, em alguns meses, seriam desenvolvidas no longo documento programático Evangelii gaudium. Alegria, sim, apesar das perseguições e do martírio de muitos cristãos, apesar do desequilíbrio que cresce entre o norte e o sul do mundo, apesar da guerra mundial “em pedaços” tantas vezes denunciada, apesar da devastação do planeta ao dano dos pobres descrita na Laudato si, uma encíclica acolhida com interesse e esperança também por muitas pessoas que não fazem parte da Igreja Católica. O homem que veio do fim do mundo e que carrega o grande fardo de conduzir mais de um bilhão de católicos no caminho do Senhor, pede somente de modo simples e sincero a cada um que encontra, “não se esqueça de rezar por mim”. Um pedido que também hoje faz a todos nós.

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17 março 2018, 10:10