CVII: O Mistério Pascal na renovação litúrgica
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica, abordando na edição de hoje o tema “Mistério Pascal na renovação litúrgica”
Temos dedicado uma série de programas à renovação litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II. Em particular, neste tempo pascal, dedicamos nossos dois últimos programas à valorização da Vigília Pascal. Nesta quarta-feira da segunda semana da Páscoa, Padre Gerson Schmidt nos propõe uma reflexão sobre o tema “O mistério Pascal na Renovação Litúrgica”:
“Na oportunidade anterior, falamos da Vigília Pascal. Hoje, falamos do ponto mais relevante da liturgia. É o ponto-alvo, o target , o centro de tudo: O MISTÉRIO PASCAL. O Mistério Pascal não está contido somente na Santa missa, mas em todas as liturgias, em todos os sacramentos e sacramentais.
Diz assim o Catecismo da Igreja Católica a respeito do Mistério Pascal: “Para os fiéis bem-dispostos, quase todo acontecimento da vida é santificado pela graça divina que flui do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, do qual todos os sacramentos e sacramentais adquirem sua eficácia” (CIC, 1670).
Como o sol atrai para sua órbita todos os astros, o Mistério Pascal atrai todas as ações litúrgicas e toda a vida da Igreja. É do mistério pascal que todas as atividades da Igreja recebem sua eficácia. Todos os acontecimentos da nossa vida recebem efusão da vitória de Cristo sobre a morte.
No número 61 da Sacrosanctum Concilium, diz assim: “A liturgia dos sacramentos e dos sacramentais permite que a graça divina, que promana do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, do qual recebem a sua eficácia todos os sacramentos e sacramentais, santifique todos os acontecimentos da vida dos fiéis que os recebem com a devida disposição”.
No número 05 da SC reza assim: (...) Esta obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, que tem o seu prelúdio nas maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a o Cristo Senhor, especialmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão; por este mistério, Cristo “morrendo, destruiu a nossa morte e, ressurgindo, deu-nos a vida” (Anáfora da Páscoa). Pois, do lado de Cristo agonizante sobre a cruz nasceu “o admirável sacramento de toda a Igreja”.
Interessante essa frase que repetimos: do lado de Cristo agonizante sobre a cruz nasceu “o admirável sacramento de toda a Igreja”. De fato, a Igreja nasce do lado aberto de Cristo. Somos filhos do coração traspassado de Cristo, que morto, ressuscita glorioso para nossa santificação.
Os liturgistas Ione Buyst e Dom Manoel João Francisco comentam que na época do Concílio foi uma grande novidade usar o termo “Mistério Pascal” como conceito fundamental para a Eucaristia. Muitos padres conciliares estranharam essa expressão, pois até então somente a paixão e morte de Jesus eram consideradas “memórias” da graça da salvação. A eucaristia era entendida simplesmente como sacrifício expiatório, um memorial. Não se podia entender essa linguagem da Missa como atualização concreta para nós hoje do Mistério da Paixão, morte e ressurreição de Cristo."
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[1] Palavra técnica inglesa que significa ponto-alvo, a finalidade, a meta a ser atingida.
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