Editorial: Ricos em humanidade
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Neste domingo, 1º de julho temos a coleta do Óbolo de São Pedro, um dia para a caridade do Papa, ocasião para sermos “ricos de humanidade”.
Esta é uma ocasião para adicionar nossa mão à mão do Santo Padre e abraçar juntos o nosso próximo necessitado. Devemos refletir sobre o que nos torna ricos ou pobres. Tudo depende do olhar que temos: se é exclusivamente terreno, prevalece o peso específico do que é material e imediato, dinheiro e sucesso, fama e poder. Mas se o olhar é o olhar de Deus, então se inverte a perspectiva, nos é restituída a dimensão eterna que nos pertence como Seus filhos, e com ela a liberdade que os bens e a consideração social nos afastam, tentando reduzir nossa humanidade a somente "ter".
Em uma carta o então secretário do CEI, Dom Galantino enfatizou a existência em cada pessoa de algo que resiste, "que não se dobra à lógica do consumo insaciável e do desejo transformado em pretensão". E ele cita a segunda Carta aos Coríntios, na qual Paulo fala de um 'segredo' no coração da vida cristã: Cristo que 'se tornou pobre por você, para que através da pobreza pudesse se tornar rico'.
Nesta mudança radical de perspectiva está em jogo o próprio destino de quem crê diante do mundo. Ser rico, mas de humanidade é o que o Pai espera de cada um. Permitir à sua generosidade chegar mais longe, às regiões do mundo atormentadas pela guerra e pela miséria às marginalidades extremas das nossas cidades, até as famílias, aos doentes, aos deficientes, é uma tarefa ao nosso alcance, cada um dentro de suas possibilidades.
A caridade do Papa e sua gestão, que deve sempre ser mais eficaz, foi um dos temas tratados pelo próprio Papa Francisco na recente entrevista à agência de notícias britânica Reuters. De agora em diante, disse o Papa, a dirigir o escritório competente, a Esmolaria Apostólica, será um cardeal. O atual chefe da Esmolaria será, portanto, elevado à categoria de cardeal e, assim seus sucessores, institucionalizando assim um perfil mais elevado para o setor que promove a ajuda aos pobres.
E Francisco explicou: "Eu acho que há dois longos braços do Papa - aqueles que cuidam da custódia da fé, e ali o trabalho é feito pela Congregação para a Doutrina da Fé, e o prefeito deve ser um cardeal". "E o outro braço longo do Papa é a caridade, e ali deve haver um cardeal: estes são os dois longos braços do Papa: fé e caridade". O arcebispo polonês Dom Konrad Krajewski, à frente da Esmolaria Apostólica, que remonta ao início do século XIII, foi criado cardeal no Consistório da última quinta-feira, juntamente com outros 13 bispos.
Sob a orientação de Dom Krajewski, o escritório, viu a multiplicação de iniciativas de caridade. E ele mesmo costuma andar pelas ruas de Roma para encontrar os pobres e desabrigados. O Papa lhe recomendara pedindo-lhe que "saísse" e dizendo-lhe que em seu escritório não haveria necessidade de uma escrivaninha. Nas proximidades da Praça São Pedro foram instalados chuveiros e estruturas de saúde para os sem-teto e necessitados, e grupos deles foram acompanhados a espetáculos de circo e a visitas particulares à Capela Sistina.
Gestos concretos de um amor que vai muito além do querer bem e das palavras bonitas. Francisco quer uma Igreja em saída, uma Igreja que esteja próxima dos deserdados, descartados, abandonados. Quer uma igreja em favor dos últimos. O Óbolo de São Pedro é a ajuda econômica que os fiéis oferecem diretamente ao Santo Padre, para as múltiplas necessidades da Igreja e para as suas obras de caridade em favor dos mais frágeis.
Uma ocasião para colocar nossa mão junto à mão do Santo Padre e assim abraçar juntos os filhos deserdados deste mundo; filhos que todavia são amados pelo Deus rico em misericórdia. O programa do cristão, o programa de Jesus – é “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor, e onde agir em consequência.
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