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Dom Dal Toso: do Cam V, o desejo de uma Igreja em saída

Concluiu-se no sábado, em Santa Cruz de la Sierra, o V Congresso Americano Missionário (CAM V). Na entrevista ao Vatican News, o arcebispo Giovanni Dal Toso, secretário adjunto da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente das Pontifícias Obras Missionnárias, falou sobre a experiência vivida nestes dias de Congresso.

Debora Donnini-Cidade do Vaticano

O anúncio do Evangelho, as crianças protagonistas na missão, os países americanos em dificuldade, a difícil situação dos migrantes. Estes são alguns dos temas que foram tratados pelos mais de 2.500 participantes do V Congresso Missionário Americano (CAM V), que concluiu-se no sábado, 15,  em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

O anúncio de Cristo e o testemunho

 

Na missa de abertura, o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos e enviado especial do Papa Francisco, recordou que o ser missionário é exercido em dois campos fundamentais.

O primeiro é aquele do anúncio de Jesus, que nasce da experiência do encontro com Ele na própria vida. Um aspecto necessário para a credibilidade do testemunho, que constitui o segundo núcleo da missão. E o anúncio de Cristo, morto e ressuscitado, "é o coração da missão", havia enfatizado em seu pronunciamento também o arcebispo Giovanni Pietro Dal Toso, secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente das Pontifícias Obras Missionárias, que participou do encontro na Bolívia.

Na entrevista ao Vatican News, Dom Dal Toso destaca a partilha da fé, o clima de amizade e o desejo da Igreja da América de ser em saída, aspectos que marcaram o encontro destes dias:

R. – Antes de tudo, me parece importante ressaltar este aspecto da partilha, isto é,  é um grande Congresso que reúne mais de 2.500 pessoas de todo o continente americano, que "se encontra" sobre este tema da missão, portanto, também da partilha da fé . É um evento que marca um passo importante para as Igrejas aqui na América Latina, porque o Congresso foi preparada durante cinco anos, primeiro em nível local, depois em nível diocesano e nacional, e depois, agora, em nível continental com este grande encontro. Um segundo aspecto que gostaria de destacar é que eu encontrei também uma atmosfera de alegria, não somente no lema que foi escolhido- o Evangelho, de fato, "é alegria",  - mas também encontrei uma bela atmosfera de amizade entre os participantes. E, o terceiro, é que este grande esforço também denota o desejo desta Igreja ser uma Igreja - dizia o Papa Francisco - "em saída": uma Igreja que quer compartilhar o Evangelho, deseja sair e também olhar para as pessoas ao nosso redor para levar a elas a fé.

Durante o Congresso não foram esquecidos os países nos quais se vive situações socioeconômicas e também políticas difíceis, como Venezuela e Nicarágua, bem como a condição dos migrantes que foram separados de suas famílias nos Estados Unidos. Recordados também de Honduras e Haiti. Em uma declaração, o CAM V pede que a paz e a reconciliação prevaleçam. Existe uma preocupação, portanto, para essas situações?

R. - É uma preocupação correta. A Igreja vive e compartilha a vida das pessoas: os cristãos não vivem em outro planeta em relação às dificuldades que muitos de seus concidadãos vivem, levando certamente uma mensagem peculiar, aquelas considerações que ajudam as pessoas a olhar antes para a paz, ao que nos une ao invés do que nos divide, à reconciliação, à atenção também aos mais fracos e mais sofredores. O Evangelho dirige-se sobretudo à conversão da pessoa, mas esta pessoa depois vive em um contexto que precisa ser purificado pela presença do Evangelho.

Ao final destes dias, que novos caminhos seguir para levar o Evangelho com alegria?

R. - Teremos que esperar pelas conclusões. Certamente, surgiram alguns temas que também são relevantes para a Igreja universal: temos uma próxima reunião que é o Sínodo da Amazônia, onde o tema do anúncio do Evangelho, da evangelização, terá igualmente um peso importante. Outro compromisso importante para a Igreja universal é o "Outubro de 2019", que também envolverá as Igrejas da América Latina. E depois, no concreto, se deverá também escolher opções pastorais que ajudem a encarnar o Evangelho em situações individuais. Devo sublinhar o que o próprio Papa também indicou pessoalmente: aqui na América Latina existe um grande tesouro, que é a religiosidade popular. A religiosidade popular é um excelente ponto de partida para inserir, nesta abertura do homem à transcendência, a mensagem do Evangelho. Portanto, já existem elementos presentes e que devem ser valorizados; bem como a presença, também na América Latina, de muitos movimentos e realidades que surgiram aqui. Me agrada dizer isto para sublinhar que já existem experiências positivas e sobre estas se pode construir para o futuro.

 

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15 julho 2018, 17:34