Dom Auza à ONU: os mediadores são artesãos e instrumentos de paz
Cidade do Vaticano
A autêntica mediação na resolução dos conflitos “requer a participação de todas as partes envolvidas, não apenas as de liderança mas também de toda a comunidade, em particular dos que sofreram o conflito”. São palavras do arcebispo dom Bernadito Auza, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé na ONU, em Nova York, no dia 29 de agosto durante o debate aberto do Conselho de Segurança sobre o tema “Mediação e resolução dos conflitos”.
Próximo das vítimas de violências e injustiças
Na sua experiência direta, a Igreja Católica, muitas vezes foi chamada para moderar conflitos entre Estados e povos, assim pôde aprender – observou o prelado – uma lição fundamental, que é preciso “ouvir e estar próximo das vítimas de injustiças e violências geradas pelo conflito”.
Dom Auza recordou o caso de 1978 quando os líderes da Argentina e do Chile contrapostos sobre a determinação de suas fronteiras meridionais e que, graças ao apelo do Papa João Paulo II para que as negociações não fossem interrompidas, souberam recompor a complicada disputa. Também foi lembrado por dom Auza a mediação da Igreja nos acordos de paz entre governos e forças rebeldes em Moçambique e mais recentemente na Colômbia. São todos “exemplos – disse – do quanto seja necessário deixar abertos todos os caminhos de mediação para resolver controvérsias e jamais abandonar o processo de paciente diálogo e negociações para alcançar uma solução que seja justa com meios pacíficos para ambas as partes, como devem fazer os povos civilizados”.
A cultura do encontro deve ser o centro da mediação
Como foi evidenciado pelo Papa Francisco na sua viagem à Colômbia, em setembro do ano passado, “a busca da paz é um trabalho sempre aberto”. De fato, a ideia central na mediação é a “cultura do encontro” que “privilegia – explicou o representante da Santa Sé – o respeito recíproco e a compreensão” não apenas em resolver as questões de disputa, mas também no nosso relacionamento com os outros, dando prioridade ao “incessante trabalho de paz e de reconciliação no nosso dia a dia”. A cultura do encontro – recomenda Francisco - exige que, no centro de toda a ação política, social e econômica, se coloque a pessoa humana, a sua sublime dignidade e o respeito pelo bem comum”.
O elemento chave é a imparcialidade
Outro elemento chave para o bom êxito da mediação internacional é a imparcialidade. Diante de casos com êxitos negativos, “devemos nos perguntar se fomos imparciais, altruístas e perseverantes mediadores, cujas partes em conflitos possam contar com toda confiança”.
Mediar conflitos para construir um futuro de paz
“A participação aos processos de paz são realizadas em todos os níveis, desde a mesa de negociações às iniciativas de base”. “Os conflitos deixam feridas muito profundas, e um processo inclusivo e participativo de mediação e resolução do problema é essencial para que o processo de restabelecimento e reconciliação continue muito tempo após a assinatura de acordos” explicou dom Auza. “Um bom mediador, - concluiu – enquanto trabalha para resolver os conflitos, constrói um futuro de paz. Os mediadores são artesãos e instrumentos de paz”, aos quais deve-se agradecer pelos “preciosos serviços” prestados à humanidade.
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