Padre Renato: Nunca estaremos sozinhos na estrada da santidade
Padre Renato dos Santos - SDB - Cidade do Vaticano
Nunca estaremos sozinhos na estrada da santidade: Muitas pessoas já nos precederam...
Quando buscamos conhecer com mais profundidade e realismo a história da Igreja católica, fundada por Cristo, percebemos que a santidade será, sempre, um projeto possível. O convite explícito à santidade feito por Jesus terá sua validade em todos os tempos, em todos os lugares e, para todas as pessoas que querem segui-lo com radicalidade. Em todos os séculos, não obstante as tribulações enfrentadas pelas comunidades eclesiais, a santidade de muitos batizados e batizadas sobressaiu de maneira luminosa. Afirma o Papa Francisco: “Com efeito, a chamada à santidade está patente, de várias maneiras, desde as primeiras páginas da Bíblia; a Abraão, o Senhor propô-la nestes termos: «anda na minha presença e sê perfeito» (Gn 17,1).(GE 1)
Torna-se incalculável o número de pessoas que não tiveram medo de entregar a vida, radicalmente, no seguimento de Jesus Cristo, fonte de toda santidade. A própria Sagrada Escritura nos mostra isso de forma magistral quando fala dos que tiveram suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro. “Então, um dos Anciãos falou comigo, perguntando: ‘Estes, que estão vestidos com túnicas brancas, quem são e de onde vieram?’ Eu respondi: ‘Tu é que sabes, meu senhor’. Ele então me disse: ‘Estes são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro.'” (Apoc. 7, 13-14)
Diz o Papa: “E, entre tais testemunhas, podem estar a nossa própria mãe, uma avó ou outras pessoas próximas de nós (cf. 2 Tm 1, 5). A sua vida talvez não tenha sido sempre perfeita, mas, mesmo no meio de imperfeições e quedas, continuaram a caminhar e agradaram ao Senhor”. (GE 3) No projeto de construção da santidade importa correr com perseverança, sem perder o foco do essencial: “Corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.” (Hb12.1-2)
Faz bem compreender que o gostoso de uma festa não é a celebração da festa em si, mas, a preparação dela. Um fato a ser celebrado tem sempre um antes, um durante e, um depois. Se o sentido maior de um evento fosse tão somente a sua celebração, tudo estaria terminado com a sua realização. Pelo contrário, a festa é boa quando precedida por uma planificação consistente, bem ordenada, contemplando o que é viável, oportuno, necessário, etc. E, durante a preparação de uma festa, tantas são as situações difíceis e desafiadoras que vão aparecendo. Todavia, não são as dificuldades que nos farão desanimar.
Assim acontece no projeto de construção da santidade. Santidade, não é um “pacote pronto” que se pode comprar. Santidade é um caminho a ser percorrido, não sem dificuldades e enfrentamentos, evidentemente. Na construção da santidade virão as tempestades e soprarão os ventos contra nós, mas, se o fundamento da nossa opção pela santidade for Cristo Ressuscitado, tudo encontrará n’Ele a sua consistência essencial. Portanto, santidade diz de construção com empenho, com determinação, com coragem, com criatividade, com ousadia e, constância. Santidade é luta cotidiana. Afirma o Papa na Exortação: “Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade, porque «esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santificação» (1 Ts 4, 3). Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho. (EG 19)
Quanto mais claros e consistentes forem os nossos objetivos na construção da santidade, tanto mais beleza e sentido encontraremos na caminhada. Enquanto Deus nos permitir viver, o projeto de santidade será uma construção permanente. Em Cristo, o caminho de santidade será construído com muito amor, carinho, dedicação, criatividade e muita ousadia. Afirma o Papa Francisco: “Ao mesmo tempo, a santidade é ousadia, é impulso evangelizador que deixa uma marca neste mundo. Para isso ser possível, o próprio Jesus vem ao nosso encontro, repetindo-nos com serenidade e firmeza: «não temais!» (Mc 6, 50). «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). (GE 129)
Para refletir:
1. Qual corrida estamos correndo? É a corrida da santidade?
2. Não obstante as minhas imperfeições, contemplo em meu projeto de vida a possibilidade de percorrer um caminho de santidade?
Na próxima semana continuaremos a reflexão sobre a Exortação Apostólica Gaudete et Exultate.
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