Editorial: pobreza, redescobrir a beleza do Evangelho
Silvonei José - Cidade do Vaticano
A Igreja Católica no Brasil e na América Latina há muito tem fez uma opção preferencial pelos pobres e nesta última semana no nosso país vivemos a “Semana da Solidariedade” no âmbito do II Dia Mundial dos Pobres que será celebrado neste domingo dia 18 de novembro. Uma iniciativa – recordamos –, que nasce na conclusão do Jubileu da Misericórdia atendendo ao pedido do Papa Francisco.
O Santo Padre, para esse dia de importante ação e reflexão nos fez um convite. O convite chegou através de uma mensagem para descobrir a beleza do Evangelho. O tema da mensagem para este ano foi extraído do Salmo 34: “Este pobre grita e o Senhor o escuta”. “As palavras do salmista tornam-se também as nossas no momento em que somos chamados a encontrar-nos com as diversas condições de sofrimento e marginalização em que vivem tantos irmãos e irmãs nossos que estamos habituados a designar com o termo genérico de ‘pobres’”, explica o Papa.
Combater a pobreza
O Dia Mundial dos Pobres tem a finalidade de combater a pobreza e ajudar as pessoas carentes a conquistarem dignas condições de vida. Promulgado na Festa de Cristo Rei, em 2016, o primeiro Dia foi celebrado no ano seguinte, em 19 de novembro de 2017. Na ocasião, o Vaticano estabeleceu parcerias com restaurantes de Roma para que cada um recebesse dez pessoas carentes e lhes servisse gratuitamente qualquer prato do seu cardápio, à escolha dos próprios convidados.
O Papa recebeu então 1.500 pessoas carentes para um almoço comunitário, iniciativa que ele já realizou em várias outras ocasiões. Neste final de semana serão 3 mil os hóspedes de Francisco. Mas além das refeições que marcam a data, inúmeras ações vem sendo tomadas no combate à pobreza. Assim o Santo Padre convida todos, bispos, sacerdotes, diáconos, pessoas consagradas e leigos e leigas que, nas paróquias, associações e movimentos, tornam palpável a resposta da Igreja ao clamor dos pobres, a viver este Dia Mundial como um momento privilegiado de nova evangelização.
Chamados a fazer um sério exame de consciência
Do tema deste ano, “Este pobre grita e o Senhor o escuta” emerge - disse Francisco na sua mensagem – “o sentimento de abandono e de confiança num Pai que escuta e acolhe”. O salmo caracteriza com três verbos a atitude do pobre e a sua relação com Deus. Antes de tudo, “gritar”. A condição de pobreza não se esgota numa palavra, mas se torna um grito que atravessa os céus e chega até Deus. Em um Dia como este, somos chamados a fazer um sério exame de consciência, de modo a compreender se somos verdadeiramente capazes de escutar os pobres, pois é do silêncio da escuta que precisamos para reconhecer a sua voz.
Um segundo verbo é “responder”. O Senhor, diz o salmista, não só escuta o grito do pobre, como também responde. A sua resposta é uma participação cheia de amor na condição do pobre. A resposta de Deus é também um apelo para que quem acredita Nele possa proceder de igual modo, dentro das limitações do que é humano.
“O Dia Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta que, de toda a Igreja, dispersa por todo mundo, é dirigida aos pobres de todos os tipos e de todas as terras para que não pensem que o seu grito tenha caído no vazio. Provavelmente, é como uma gota de água no deserto da pobreza; e, contudo, pode ser um sinal de partilha para com os que estão em necessidade, para sentirem a presença ativa de um irmão e de uma irmã.
A pobreza não é procurada
Um terceiro verbo é “libertar”. O pobre da Bíblia vive com a certeza que Deus intervém a seu favor para lhe restituir a dignidade. A pobreza não é procurada, mas é criada pelo egoísmo, pela soberba, pela avidez e pela injustiça. Males tão antigos como o homem, mas mesmo assim continuam a ser pecados que implicam tantos inocentes, conduzindo a consequências sociais dramáticas.
Francisco cita a falta de meios elementares de subsistência, a marginalidade, as diversas formas de escravidão social apesar dos progressos levados a cabo pela humanidade… “Quantos pobres, como Bartimeu, estão hoje à beira da estrada e procuram um sentido para a sua condição!”, escreve.
O Papa denuncia a aversão aos pobres, considerados não apenas como pessoas indigentes, mas também como gente que traz insegurança, instabilidade e desorientação. E na verdade, são os primeiros a estar habilitados para reconhecer a presença de Deus e para dar testemunho da sua proximidade na vida deles.
Oportunidade de graça
Francisco manifesta o desejo de que este Dia seja celebrado com a marca da alegria pela redescoberta capacidade de estar juntos. Não deixemos cair no vazio esta oportunidade de graça.
O Dia Mundial dos Pobres é a oportunidade para todos nós e para os homens e mulheres de boa vontade para fixar o olhar em todos aquelas pessoas que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. Este dia nos deve estimular a reagir à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro.
Viver a caridade é compromisso e missão de toda a Igreja. É necessário reforçar o nosso compromisso e de toda a comunidade para com os excluídos. Vamos promover o nascimento de homens e mulheres novos para uma civilização do amor.
O Papa Francisco não se cansa de chamar a atenção para a fome no mundo. Um grande desafio para o presente e para o futuro. Um escândalo, uma injustiça, mais ainda: um pecado. Assim, o Papa Francisco define a fome no mundo, um pecado. Um verdadeiro" escândalo "que ameaça a vida e a dignidade de muitas pessoas. Todos os dias devemos nos confrontar com essa injustiça em um mundo rico em recursos alimentares mas ainda onde cresce o número daqueles que não têm o necessário para sobreviver. Não devemos esquecer, encontrando as pessoas às quais damos de comer, "que elas são pessoas e não números, cada uma com sua carga de dor”. Vamos ajudá-las a recuperarem sua dignidade e a colocarem-se novamente em pé.
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