Parolin: dignidade humana e compromisso com todos os possíveis interlocutores
Cidade do Vaticano
O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, fez uma conferência, na tarde desta quinta-feira, em Roma, durante o Simpósio Internacional da “Fundação Ratzinger - Bento XVI”, que teve como tema: "Direitos Fundamentais e conflito entre direitos". O evento ocorreu por ocasião dos setenta anos da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” de 10 de dezembro de 1948.
A tentação da sociedade de hoje, disse Parolin, é a de dar mais atenção à palavra “direitos”, deixando de lado a mais importante: a “humana”. Se os direitos perderem sua "unidade com a humanidade", poderiam tornar-se apenas expressões de grupos de interesse, com um conceito de pessoa humana, separada de qualquer contexto social e antropológico, como o Papa afirmou diversas vezes. Por isso, o Cardeal Parolin reiterou o compromisso da Igreja com o "homem na sua totalidade".
O homem em sua totalidade
Às vésperas da sua viagem à África, o Secretário de Estado traçou um quadro dos interlocutores da Santa Sé no âmbito dos direitos humanos, afirmando: “Na reflexão da Igreja, não há direitos de um homem livre de qualquer elo de união ou um homem fragmentado nos vários aspectos sociais, econômicos, religiosos, mas "o homem na sua totalidade".
Neste sentido, a Santa Sé não cessa de "levantara sua voz" em defesa da pessoa humana. A Igreja, afirmou o Cardeal Parolin, tem a "liberdade" de atingir "todos os possíveis interlocutores”, mesmo partindo das posições "mais longínquas" e de um aspecto fundamental: "o caráter universal dos direitos".
A família humana
O Cardeal Secretário de Estado recordou que, hoje, "notamos certa distância, seja entre algumas áreas do chamado Ocidente, seja em outros contextos culturais, como se o profundo significado de direitos humanos fosse possível contextualizar e aplicar apenas a alguns lugares e algumas épocas, que parecem, irremediavelmente, a caminho do ocaso.
No entanto, acrescentou, convém recuperar a dimensão objetiva dos direitos humanos, com base no reconhecimento: “A dignidade inerente a todos os membros da família humana, que é o fundamento da justiça liberdade e da paz no mundo" (Declaração de 1948).
Confronto mais amplo
O cardeal notou que há também uma "crescente insensibilidade em relação às organizações internacionais e à diplomacia multilateral", que, hoje, coloca em sério perigo a interlocução sobre os direitos humanos. A Santa Sé acha "fundamental" favorecer um confronto mais amplo com todos os homens e com instituições "que trabalham para proteger os direitos humanos e promover o bem comum e o desenvolvimento social". E recordando as palavras do Papa Francisco, disse: "Tal confronto nos impulsiona, constantemente, a construir pontes com os diversos interlocutores, seja em nível multilateral que bilateral, seja dos Estados com as organizações não governamentais, com interlocutores religiosos, como com fiéis leigos e não crentes".
Direitos específicos
Sobre o compromisso da Santa Sé, em relação à defesa dos direitos específicos, o Cardeal Parolin mencionou o direito à vida, desde o início até ao seu fim natural, sobretudo diante dos "novos desafios", concernentes à biotecnia moderna e, às vezes, favorecidos por legislações mais permissivas, como também por “questões delicadas": manipulação genética, tráfico de órgãos, hibridização, genomas humanos.
Questão das migrações
O Cardeal Parolin destacou o trabalho da Santa Sé na ONU no que se refere ao compromisso de promover a eliminação da pena de morte, os direitos dos migrantes e refugiados. A Santa Sé participa também na definição dos chamados Pactos Globais sobre migrantes e refugiados, que serão adotados no decorrer do ano.
A este respeito, recordou o Cardeal, o Papa Francisco propôs “acolher, proteger, promover e integrar” os que deixam a sua pátria por causa das guerras, perseguições, fome, dificuldades econômicas. O acolhimento dos migrantes deve ser razoável e acompanhado pela capacidade de integrar dos governantes.
No entanto, nem sempre a política tem demonstrado seu papel de "mediação social" para construir o bem comum.
Pensamento, consciência, religião
No âmbito do direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, o Cardeal Secretário de Estado recordou que a Santa Sé toma as devidas medidas para se evitar a marginalização da religião na sociedade civil, onde devem ser protegidos os direitos de todos os cidadãos, independentemente de suas crenças religiosas.
Caridade e amor
O Cardeal Piero Parolin concluiu seu pronunciamento dizendo que, no mandamento do amor, podemos encontrar a ideia inspiradora dos direitos humanos. Na sua origem, há só compaixão e gratuidade, que, em termos cristãos recebem o nome de caridade.
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