Cardeal Parolin aos cristãos de Nínive: que a dor sofrida não se transforme em rancor
Cidade do Vaticano
Concluiu-se, nesta sexta-feira (28/12), na Planície de Nínive, berço dos cristãos às margens do rio Tigre, a visita ao Iraque do secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que teve início na última segunda-feira, 24.
As últimas etapas do purpurado foram as igrejas e mosteiros católicos de Karamless, a procissão e a missa no rito sírio-católico, em Qaraqosh, e a visita às instituições católicas e igrejas em Mossul e Bartalla.
De 2014 aos dias atuais, os cristãos da Planície de Nínive viveram anos de terror e fuga da violência do Estado Islâmico.
Nada permanecerá sem dar fruto
“Notícias trágicas das quais ouvimos tanto falar”, disse o cardeal Parolin na homilia da missa celebrada na catedral sírio-católica de Altahera, em Qaraqosh, com Sua Beatitude Ignatius Joseph III Younan, patriarca sírio-católico, e com dom Yohanna Petros Mouche, arcebispo sírio-católico de Mossul, levando aos fiéis a bênção e a oração do Papa. Um “sofrimento que unido ao sacrifício de Cristo, torna-se fonte de paz e salvação para o mundo”, sublinhou.
Conforme nesta quinta-feira (27/12), em Irbil, o cardeal Parolin destacou as “tribulações, injustiças, traições e destruições” que igrejas e famílias sofreram nessa terra, diante de um mundo “incrédulo”, como tiveram força para reagir sem perder a fé e decidindo pelo exílio, como ocorreu com a “Sagrada Família de Nazaré”, a fim de “proteger a vida dos filhos”.
“No plano de salvação de Deus nada permanecerá sem dar fruto”, reiterou o purpurado, assim como não ficou estéril o testemunho de muitos mártires que desde os primeiros séculos do cristianismo molharam esta terra de sangue.
Recordando os seus nomes e o amor misericordioso do “Deus que se fez carne por nós”, o secretário de Estado Vaticano deixou aos fiéis o convite ao “perdão” e à “esperança que nasce da fé na reconstrução de um mundo novo”. Perdoar, porque “assim faz Deus” e para “vencer o mal com o bem”.
O perdão é a base da reconciliação
“Perdoar não é algo fácil”, como recorda o Papa Francisco, “aliás, é sempre muito difícil”. Repercorrendo as palavras do Pontífice, o cardeal Parolin sublinhou que é necessário partir da oração para “perdoar os pequenos e os grandes erros”, descobrindo nela a “força purificadora” que liberta das “correntes internas do rancor”.
Disse ainda que é preciso estar ancorado numa “fé vivida plenamente em nome do amor”. “Que a dor e a violência sofridas nunca se transformem em rancor e o jugo do ódio não caia sobre seus ombros. Vocês são chamados a ser artífices de reconciliação e paz, testemunhas do amor e do perdão, fonte de bem e bênção para todos”, disse ele.
O mal não tem a última palavra
O cardeal Parolin evidenciou o exemplo dado pelos cristãos iraquianos ao mundo que tem uma fé “adormecida” e “estabelecida numa cultura mundana”, e disse que é preciso abrir uma brecha de esperança a todos os fiéis iraquianos: “Depois do tempo de provação, a Sagrada Família voltou para Nazaré. Para vocês também inicia o retorno do exílio”, ressaltou.
O retorno das famílias e a reconstrução de muitos edifícios é fonte de esperança, todavia, é preciso “recompor o tecido social dilacerado. Esta é a vocação e missão de vocês”, disse o cardeal Parolin.
A última palavra do purpurado foi de encorajamento aos cristãos iraquianos por uma “missão insubstituível” a ser realizada no Oriente Médio: “Coragem, não tenham medo! Levantem-se com os pés firmes e recomecem sua vida, pois o mal não tem a última palavra sobre o seu destino e seu futuro nesta terra histórica de seus Pais”.
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