Criar harmonia e beleza na liturgia, em caminho vivido por todos
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Concluiu-se na manhã desta sexta-feira, 15, a Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, que reuniu na Cúria Geral dos Jesuítas desde o dia 12, 22 cardeais, 8 arcebispos, 11 bispos, além de consultores e funcionários deste dicastério vaticano.
O cardeal de Cabo Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado, que participa pela primeira vez de uma Assembleia Plenária do dicastério, destacou para o Vatican News a escolha do tema: “Formação Litúrgica do Povo de Deus”:
“É muito oportuna, porque como o próprio Papa também mencionou no seu discurso, é preciso que haja de fato uma orientação que seja equilibrada e que corresponda às necessidades atuais do povo de Deus. O Papa falou de não se fixar em um passado, e nem se projetar em um futuro que não existe, mas acompanhar de fato aquilo que é essencial na Liturgia, que é para ajudar as pessoas a viverem a sua fé, e não só de uma forma individual, mas sobretudo de uma forma comunitária, que nós pertencemos a um povo, e toda a nossa Igreja deve ser marcada pela nossa relação com Jesus Cristo e a nossa vida deve ser uma oferta permanente a Deus. Portanto houve três relatórios que apresentaram temas da reflexão, deram uma contribuição importante para ajudar na reflexão comum, e acho que foi muito positivo, sobretudo para nós que não somos especialistas em liturgia, com a ajuda dos especialistas, tanto aprofundamos algumas coisas, tomamos a consciência de outras a nível de Igreja, porque estavam representantes da Igreja de todas as partes do mundo, e naturalmente que houve um esforço grande para incentivar o aprofundamento e chegar a um equilíbrio, para que o povo de uma forma estável, alegre, e viver a sua fé de acordo com as orientações fundamentais da Igreja e com os discernimentos da Teologia, da Palavra de Deus, e dos símbolos próprios da liturgia católica”.
De língua portuguesa, também presente na Plenária o bispo de Bragança-Miranda (Portugal), Dom José Manuel Cordeiro, que destacou que “a liturgia é o lugar decisivo do encontro com Jesus Cristo. Não é exclusivo, mas é decisivo”, e falou dos esforços dos participantes, que buscam “o melhor para a vida da Igreja, no aqui e agora da história”:
“Uma experiência muito positiva, num ambiente sinodal, de grande diálogo e encontro, que convergiu nessa oportunidade de aprofundamento na revitalização litúrgica do Povo santo de Deus. Passados mais de 50 anos depois da promulgação da Sacrosanctum Concilium, e todo o espírito do Concílio Vaticano II, entendemos que é muito oportuno e necessário este aprofundamento da formação litúrgica, porque a liturgia não é apenas algo a realizar, não é um conjunto de cerimônias, mas é o próprio Jesus Cristo vivido por meio de palavras, e ações, gestos e orações, porque a liturgia é o lugar decisivo do encontro com Jesus Cristo. Não é exclusivo, mas é decisivo. E este alinhamento desta Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, pensamos nós que foi muito frutuoso, todos aqueles que são membros desta Congregação, e de modo especial com o encanto e a motivação do discurso e a audiência com o Papa Francisco, creio que não há dúvidas. E o Papa disse também há pouco tempo, que a reforma litúrgica é irreversível, e nós temos que ser fiéis à história, fiéis à realidade. Não é possível voltar atrás. O caminho é para frente, mas se faz caminhando, e queremos que todos vivam este caminho. E evitar todos os extremos, e criar harmonia, criar a beleza, o próprio Papa Francisco falava da liturgia como uma espécie de percurso do coração. E desta vocação orante da Igreja. E a liturgia como dizia também o Papa, é como que a via mestra de toda a vida do cristão, porque fundamentalmente a liturgia é a Bíblia rezada, é a fé celebrada, e é fonte da espiritualidade cristã. O ambiente que nós vivemos aqui na Plenária, provenientes de tantos lugares do mundo, de todos os continentes, de todas as culturas, expressa bem a catolicidade da Igreja. Vimos que é difícil sempre encontrar convergência, dada a diversidade, mas consegue-se com o esforço de todos, com humildade, com paciência, porque queremos também nós, evidente, o melhor para a vida da Igreja, no aqui e agora da história.”
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