Editorial: Loreto, memória viva
Silvonei José – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco visitará o Santuário de Loreto na próxima segunda-feira, 25 de março. Grande a expectativa na cidade mariana para a visita do Santo Padre, que celebrará a Santa Missa dentro da Santa Casa e assinará a exortação apostólica aos jovens. Ainda no programa da visita a saudação do Papa aos enfermos e o discurso aos fiéis reunidos na praça, com os quais recitará o Angelus na Solenidade da Anunciação.
Os sinos tocarão em festa, disse à Rádio Vaticano Itália o arcebispo de Loreto Dom Fabio Dal Cin, em todas as paróquias de Loreto ao meio-dia. Será a recordação do anúncio do Anjo a Maria e o momento de saudar o Santo Padre.
A esplêndida cidade de Loreto, imersa nos campos da região italiana das Marcas, deve a sua fama ao Santuário onde se conserva e se venera a Santa Casa da Virgem Maria; lugar sagrado, definido por João Paulo II como o "verdadeiro coração mariano do cristianismo".
Este Santuário foi por séculos e ainda é um dos mais importantes lugares de peregrinação no mundo católico. Foi visitado – segundo a história - por cerca de 200 santos e beatos, e por vários Papas. De acordo com uma antiga tradição, hoje comprovada por pesquisas históricas e arqueológicas, a Santa Casa é precisamente a casa de Nazaré onde Maria nasceu, foi educada e recebeu o anúncio angélico. A casa era composta por uma sala de alvenaria composta por três paredes de pedra colocadas diante de uma gruta escavada na rocha.
A gruta é ainda hoje venerada em Nazaré, na Basílica da Anunciação, enquanto as três paredes de pedra, segundo a tradição, foram transportadas para Loreto em 1294, quando os cruzados foram expulsos da Palestina. Documentos e escavações arqueológicas confirmam a hipótese de que as paredes da Santa Casa foram transportadas para Loreto num navio, por iniciativa da nobre família Angeli.
Um documento, datado de 1294 e descoberto recentemente, atestaria que Nicéforo Angeli, déspota de Epiro, ao conceder sua filha Ithamar em casamento a Filipe de Taranto, filho do Rei de Nápoles, Carlos II de Angiò, deu-lhe como dote vários bens entre os quais figuram "as pedras sagradas tiradas da Casa de Nossa Senhora, a Virgem Mãe de Deus".
A partir de meados de 1400, para proteger essas humildes paredes de pedra e para acolher a crescente multidão de peregrinos que visitam a relíquia sagrada, iniciou-se em Loreto a construção do magnífico Santuário.
Sobre a missa que o Papa celebrará na Santa Casa, o arcebispo Delegado Pontifício em Loreto, Dom Fabio Dal Cin, que acolherá o Santo Padre na Basílica, sublinha que "o evento também é histórico, porque desde Pio IX, Francisco é o primeiro Papa a celebrar dentro da Santa Casa. Há 162 anos que a Missa não era celebrada por um Papa no seu interior. Portanto, há um valor muito forte esta ligação com a casa, a família, o lugar da família de Nazaré, a primeira igreja doméstica".
Depois temos a assinatura da carta pós-sinodal que tem um valor, também muito interessante, muito importante. Neste sentido, está ligado também ao evento da primeira visita do Papa João XXIII, quando foi a Loreto para confiar os êxitos do Concílio. “De certo modo ligar Loreto - a Santa Casa - ao documento do Sínodo sobre os jovens, significa precisamente confiar a Nossa Senhora de Loreto também o bom êxito de todo o trabalho pastoral, da atenção educativa que o Sínodo chamou a atenção e que a carta agora relança para toda a Igreja e para o mundo", disse Dom Fabio.
Assim o Papa Francisco assinará no Santuário de Loreto, e dali ganhará o mundo, a Exortação pós-sinodal, uma 'Carta aos jovens'. ‘Vive Cristo, esperança nossa’, esse é o nome, cujo texto original é em espanhol. O gesto do Papa traduz sua intenção de confiar à Virgem Maria o documento que sela o trabalho do Sínodo dos Bispos realizado no Vaticano de 3 a 28 de outubro de 2018 sobre o tema: "Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional".
Certamente, o aspecto mais significativo da visita será justamente a assinatura da Carta pós-sinodal, fato que também é excepcional porque tais documentos são geralmente assinados no Vaticano.
“Desta vez, - disse Dom Fabio à imprensa italiana - o Papa optou por fazê-lo em Loreto, que assim se torna guardiã da memória histórica e viva”.
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