Papa no Marrocos: foco no diálogo, migrantes e Igreja local
Giada Aquilino – Cidade do Vaticano
Uma viagem dedicada ao diálogo inter-religioso - “em continuidade” àquela de fevereiro passado nos Emirados Árabes Unidos - assim como à atenção aos migrantes - poucos meses após a adoção em Marrakech do Pacto das Nações Unidas sobre migrações (Global Compact) - e a confirmação na fé da comunidade católica local, cerca de 25 mil fiéis muito ativos, especialmente no campo das obras sociais. Estes são os pontos que deverão caracterizar a Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Marrocos, apresentada nesta quinta-feira na Sala de Imprensa da Santa Sé, pelo seu diretor interino Alessandro Gisotti.
O Pontífice visitará o país de quase 35 milhões de habitantes - onde a convivência entre cristãos e muçulmanos, a maioria sunitas, é pacífica e consolidada – como “pastor” e não como “líder político”, sublinhou o porta-voz vaticano. Será sua primeira visita ao país norte-africano.
Primeiro dia: diálogo inter-religioso
A acolhida em Rabat no início da tarde de sábado pelo Rei Mohammed VI recordará, nas tradições, aquela tributada em 1985 pelo Rei Hassan II a São João Paulo II, quando visitou por poucas horas o país.
O Papa Francisco então se desloca de papamóvel – paralelamente ao cortejo do soberano – para o primeiro abraço ao povo marroquino, seguido pela cerimônia de boas-vindas à Esplanada da Torre Hassan: um encontro muito esperado pelos marroquinos, que poderão acompanhar o evento e escutar o primeiro discurso do Santo Padre também da parte externa da Esplanada, por meio de telões.
Após a visita ao Mausoléu Mohammed V, será realizada a visita de cortesia ao soberano e familiares no Palácio Real. Segue o deslocamento ao Instituto Mohammed VI dos Imames, Pregadores e Pregadoras. É a “primeira vez” – como a definiu Gisotti – que um Papa é acolhido em um Instituto de formação por pregadores, uma realidade intitulada Mohamed VI e inaugurada em 2015.
Na ocasião será privilegiada “a escuta”: não estão de fato previstos discursos do Pontífice e de Mohammed VI, mas se pronunciarão dois estudantes e o Ministro para os Assuntos Religiosos.
Na sequência, está previsto o encontro com os migrantes na sede da Caritas diocesana de Rabat, com o segundo discurso do Papa. O Marrocos acolhe 80 mil migrantes subsaarianos e cerca de 4 mil são assistidos pela Igreja local.
Segundo dia: o abraço à Igreja local
Se o primeiro dia será centrado no diálogo inter-religioso, o segundo é dedicado à Igreja local, com uma visita privada do Papa ao Centre Rural des Services Sociaux de Témera, administrado pelas irmãs vicentinas, que se ocupam em particular da assistência a crianças doentes.
A seguir, o encontro na Catedral de Rabat com o clero, os religiosos e as religiosas e com o Conselho Ecumênico de Igrejas no Marrocos. Estão previstos os testemunhos de um sacerdote e de uma religiosa franciscana, seguidos pelo discurso do Papa Francisco e a recitação do Angelus dominical.
Após o almoço, a Santa Missa celebrada em espanhol no Complexo Esportivo Príncipe Moulay Abdellah, com a homilia do Pontífice. São esperados 10 mil fiéis, para aquela que é anunciada como a celebração eucarística com maior participação no Marrocos. Ao final, a transferência ao aeroporto e a cerimônia de despedida, com a chegada no final da tarde no Aeroporto Ciampino, em Roma.
O séquito papal
Durante a coletiva, o diretor interino da Sala de Imprensa, informou que farão parte do séquito papal o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Fernando Filoni, e o secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot,. Devido à brevidade da viagem, não estará presente nenhum funcionário do Vaticano. Também não tomará parte no séquito o diretor do L’Osservatore Romano, Andrea Monda, mas sua ausência – explica Gisotti – não constitui um “precedente” e não é devida aos recentes acontecimentos ligados à publicação mensal “Mulheres, Igreja, mundo”.
Vídeo com “beija-mão” em Loreto
O porta-voz vaticano informou após aos jornalistas a respeito do encontro com o Pontífice à margem da audiência à presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite, em que o Papa explicou que preferiu não evitar o “beija-mão” em Loreto por motivos de “higiene”, querendo assim evitar o risco de eventuais “contágios”, devido à longa fila formada no Santuário.
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