Em Brumadinho, o alerta da Igreja para os riscos da mineração
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Confira acima as imagens da visita de Monsenhor Bruno-Marie Duffé, do Pontifício Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, representante do Papa, à comunidade de Córrego do Feijão, no município de Brumadinho (MG). Mons. Duffé foi enviado pelo Papa Francisco para constatar os efeitos da mineração e dos desastres ambientais e levar uma mensagem de amparo espiritual ao povo atingido.
Procissão e bênção
Em procissão com padres, religiosos e religiosas e muitos moradores, o representante do Papa foi à comunidade do Parque da Cachoeira e chegou até a lama, Campo Santo de tantas vidas. Naquele momento, ele afirmou que “o território é do povo que nele habita e da natureza que é vida”. Mons. Duffé abençoou a grande sepultura de vidas humanas e o povo rezou pela vida, por suas lutas e dignidade.
O evento na PUC
Mons. Duffé também esteve na PUC Minas, em Belo Horizonte no dia 17 de maio, quando participou do Seminário “A Mineração e o Cuidado com a Casa Comum”. O evento debateu a missão da Igreja Católica na defesa da Criação e seu necessário posicionamento frente ao modelo econômico extrativista.
O bispo auxiliar de Belo Horizonte e reitor da PUC Minas, Dom Joaquim Mol; Frei Rodrigo Péret, que integra o Grupo de Trabalho da CNBB sobre Mineração, e Dom Sebastião Lima Duarte, bispo de Caxias (MA) e presidente do Grupo de Trabalho de Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, também participaram do evento.
Dom Walmor ressalta importância do tema
Abrindo o Seminário, o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, recém-eleito Presidente da CNBB, falou também como anfitrião, por ser o Grão-chanceler da Universidade.
“Este tema é pauta de mais alta importância. Numa sociedade de muitas e importantes pautas, este tema é para nós fundamental. Nós, como Minas Gerais, temos que dar um grande impulso e grande contribuição, à luz dos muitos sofrimentos, especialmente das tragédias de Bento Rodrigues e Brumadinho, mas também de outras dificuldades que se assomam diante de nós. Temos que dar uma nova resposta”.
Desde domingo, 19 de maio, as comunidades estão sob um novo risco: a talude da mina da Vale em Barão de Cocais pode se romper a qualquer momento, pois a estrutura está se movimentando de quatro a sete centímetros por dia. O tremor gerado pelo colapso da estrutura poderia causar uma reação em cadeia provocando o rompimento da Barragem Superior Sul que está 1,5 km abaixo e em nível máximo de alerta.
“Nossos corações se abram, nossas mentes se iluminem e que nós possamos fazer o mesmo com tantos outros de modo que a sociedade seja uma sociedade mais aberta, conhecedora desta temática e destes enormes desafios, para que possamos, no sonho de Deus, construi-la mais justa, mais fraterna e mais solidária. Deus seja louvado e nos abençoe muito neste caminho e nesta experiência bonita como Igreja, como sociedade, como cidadãos e cidadãs" - concluiu o arcebispo .
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