A restauração do Crucifixo de madeira do séc. XIV da Basílica de São Pedro
Eugenio Murrali - Cidade do Vaticano
Do século XIV até o presente, milhões de olhos fixaram seu olhar, pararam para uma oração, uma confidência, sob a cabeça reclinada do Cristo de madeira do século XIV, obra de um autor anônimo.
A sua história e a de uma restauração muito difícil e admirável foi agora contada em um livro - O Crucifixo de madeira da Basílica Vaticana - apresentado na tarde de quarta-feira, 29, nos Museus Vaticanos e disponível no site da Fundação Cavaleiros de Colombo, que juntamente com a Fábrica de São Pedro, permitiram restituir a beleza original ao Crucifixo.
O livro
Barbara Jatta, diretora dos Museus Vaticanos, Pietro Zander, diretor do Departamento de Conservação e Restauração dos Bens Artísticos de São Pedro, apresentou o livro na sala de conferências dos Museus, juntamente com o cardeal Angelo Comastri, o cardeal James Francis Stafford e os restauradores Giorgio Capriotti e Lorenza D'Alessandro.
A obra, dividida em 12 capítulos, conta com contribuições importantes, que analisam em profundidade as fases da restauração, ilustradas por um rico aparato iconográfico, e descrevem em detalhes as intervenções subsequentes na obra e as mudanças sofridas ao longo dos séculos.
O autor permanece anônimo, mas, como apontou Zander ao citar Santo Agostinho: "Procuramos com o desejo de encontrar, e encontramos com o desejo de buscar novamente".
Uma obra admirável
Barbara Jatta e Pietro Zander destacaram a beleza do Crucifixo do século XIV, relatando também as dificuldades de uma restauração que exigiu a instalação de uma verdadeira "sala de operações".
Nela, durante 493 dias, de 11 de julho de 2015 a 29 de setembro de 2016, profissionais realizaram um trabalho excepcional, cujas mãos – observou o cardeal Angelo Comastri - "são guiadas pela inteligência e pelo coração". Um trabalho que exigiu alto profissionalismo, incluindo o de Giorgio Capriotti e Lorenza D'Alessandro.
Redescobrir a verdade da obra
Os restauradores explicaram, em suas intervenções fascinantes, alguns dos principais objetivos das intervenções no Crucifixo, que ao longo do tempo foi deteriorado por insetos e por intervenções arbitrárias de até nove camadas pictóricas sobre a tez e quinze sobre o pano.
Hoje é possível admirar o Cristo, de 2,15 metros de altura e com uma abertura dos braços de 1,96 metros, colocado sobre uma nova cruz de madeira de nogueira (402 x 243 x 5), na Basílica de São Pedro. Ademais, será possível apreciar a policromia redescoberta e as saliências originais, em esplêndidas anatomias.
Do livro também é possível aprender muito sobre os 15 diferentes locais onde o Crucifixo foi colocado ao longo dos séculos, entre a antiga e a nova Basílica e sobre as restaurações do passado, como aquela realizada por Mattia Gomez, de 1749-50.
Beleza estética e espiritual
O cardeal Angelo Comastri sublinhou a maravilha espiritual produzida pela visão da obra, recordando que o crucifixo grita o amor apaixonado de Deus pela humanidade. O cardeal Stafford por sua vez, destacou em seu pronunciamento que "Deus reinou da Cruz", falando aos presentes sobre a beleza de três diferentes crucifixos romanos: o da Basílica de São Pedro, o da Basílica São Paulo e o da Basílica Santa Maria em Trastevere.
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