Parolin: Santa Sé e Israel favoreçam liberdade religiosa, de culto e de consciência
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“A Santa Sé e o Estado de Israel são chamados a unir as forças para favorecer a liberdade religiosa, de culto e de consciência, qual condição indispensável para tutelar a dignidade de todo ser humano, e a trabalhar juntos para combater o antissemitismo.”
Foi o que disse o secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao pronunciar-se na noite desta quinta-feira (13/06) no Concerto de música sacra na Sinagoga de Roma, por ocasião do 25º aniversário das Relações diplomáticas entre o Estado de Israel e a Santa Sé.
Crescimento da compreensão recíproca, confiança e amizade
Tendo agradecido particularmente ao embaixador israelense Oren Davi, por promover o evento, e saudado, entre outros, o Rabino Chefe da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo Di Segni, o cardeal Parolin lembrou que aquele templo teve, nas últimas décadas, a presença de vários Papas, a partir da visita de São João Paulo II em abril de 1986, “presença que constitui o sinal visível da transformação da relação entre cristãos e judeus nos últimos 50 anos”.
Ao lembrar também a visita de Francisco em janeiro de 2016, ressaltou as palavras do Pontífice de gratidão “por tudo aquilo que foi possível realizar nos últimos cinquenta anos, porque entre nós cresceu e se aprofundaram a compreensão recíproca, a confiança mútua e a amizade”.
Acordo Fundamental
Nesse contexto se insere também o estabelecimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e Israel, disse o purpurado, “com a abertura, em junho de 1994, das duas Missões diplomáticas em Telavive e no Vaticano, após o Acordo Fundamental entre a Santa Sé e o Estado de Israel, assinado em 30 de dezembro de 1993”.
O cardeal Parolin enfatizou que o Acordo, entrado em vigor em 10 de março de 1994, “abriu uma nova fase nas relações bilaterais, iniciando um caminho significativo de cooperação”.
Compromisso de Israel com a liberdade de ação da Igreja
O secretário de Estado vaticano aproveitou a ocasião deste aniversário para manifestar apreço pelo compromisso assumido pelo Estado de Israel em assegurar à Igreja católica a liberdade para desempenhar sua missão e para dar sua contribuição em prol da sociedade israelense.
Entre as várias atividades da Igreja, o purpurado evidenciou a das escolas católicas, que, mediante a educação aos valores fundamentais, ao diálogo e ao respeito recíproco, favorecem a criação de uma sociedade mais justa e pacífica.
Iguais direitos e oportunidades para construir futuro de paz
“Fazemos votos de que jamais falte a coerência com o espírito do Acordo Fundamental para uma renovada e profícua colaboração com a Igreja católica em Israel e que o país possa demonstrar com orgulho a viabilidade da sua democracia assegurando a todos iguais direitos e iguais oportunidades para a construção de um futuro de paz e concórdia”, acrescentou.
O cardeal Parolin destacou também que nestes 25 anos se realizaram importantes visitas pontifícias a Israel e das autoridades israelenses ao Vaticano, bem como numerosas iniciativas em favor do diálogo inter-religioso.
Encontro no Vaticano com Shimon Peres e Abu Mazen
Em particular, recordou o encontro de oração com os presidentes israelense e palestino, realizado em 8 de junho de 2014 no Vaticano, do qual se celebra o quinto aniversário. “Como se sabe, o Papa e a Santa Sé têm a peito o processo de paz e o futuro da região”, prosseguiu.
Jerusalém, cidade da paz
“A natureza especial das nossas relações emerge propriamente do caráter único da Terra Santa, tão rica de história e de fé e assim querida ao coração dos fiéis, sejam judeus, cristãos ou muçulmanos. Jerusalém, cidade da paz, é o seu coração, patrimônio para todos os fiéis das três grandes religiões monoteístas e do mundo inteiro”, ressaltou.
“Que nosso esforço religioso e político favoreça a vocação da cidade a ser um lugar de reconciliação e de encontro entre as religiões, bem como um símbolo de respeito e de coabitação pacífica”, foi a exortação do cardeal Parolin.
Responsabilidade comum no combate ao antissemitismo
O secretário de Estado vaticano ressaltou ainda que ao longo destes anos, a Santa Sé e o Estado de Israel demonstraram uma responsabilidade comum no combate ao antissemitismo, “compromisso reiterado pelo Acordo Fundamental, que deve prosseguir no combate a toda forma de intolerância religiosa e na promoção da compreensão recíproca entre as nações, tolerância entre as comunidades e respeito pela dignidade e a vida humana”.
“Que este aniversário, além de fazer-nos apreciar o caminho até então percorrido juntos, nos ajude a revigorar nosso esforço na promoção concreta de uma renovada amizade”, concluiu.
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