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Irmã Inés Azucena Zambrano Jara, equatoriana que trabalha na Colômbia, na coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé Irmã Inés Azucena Zambrano Jara, equatoriana que trabalha na Colômbia, na coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé

Sínodo: na coletiva de imprensa, o papel das "mães sinodais"

A fala da religiosa equatoriana, Irmã Zambrano Jara, foi muito aplaudida. A religiosa que trabalha na Colômbia contou ter presenciado o Papa Francisco fazer-se abençoar por dois indígenas. O bispo de Prelazia de Marajó - PA, dom Spengler, explicou que o pedido do diaconato feminino é bastante forte. Esta sexta-feira, a eleição do Conselho pós-sinodal e a leitura do documento final

Alessandro Di Bussolo / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

Voltam a reunir-se na Sala do Sínodo, na tarde desta sexta-feira (25/10), os 184 padres sinodais, os 55 auditores, os 25 especialistas e os 12 convidados especiais, protagonistas com o Papa Francisco do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica.

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Foi o que comunicou aos jornalistas, na coletiva diária na Sala de Imprensa da Santa Sé, esta sexta-feira (25/10), o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, explicando que na 15ª Congregação os padres sinodais elegeram, entre os bispos e os cardeais presentes, treze membros do Conselho pós-sinodal: 4 do Brasil, 2 da Bolívia, 2 da Colômbia, 2 de Peru, 1 das Antilhas, 1 do Equador e 1 da Venezuela.

O Conselho será depois completado por alguns membros de nomeação pontifícia, mas não serão a maioria. A Congregação prossegue com a leitura do documento final que será votado no sábado à tarde. Está redigido em espanhol como língua oficial, mas com traduções em português, francês, inglês e italiano.

Irmã Inés: valorizar a mulher indígena e camponesa

A primeira fala foi da irmã Inés Azucena Zambrano Jara, das Irmãs Missionárias de Maria Imaculada e de Santa Catarina de Sena, equatoriana que trabalha na Colômbia. “Nossa Congregação – explicou a religiosa – vive há 105 anos ao lado dos indígenas. Queremos valorizar a mulher indígena e camponesa. Nosso carisma é o acompanhamento, a presença ao lado dos indígenas, para valorizar o seu protagonismo, que cresceu nestes anos, em defesa da dignidade e dos direitos deles.”

Em sua aplaudida intervenção inicial, Irmã Inés ressaltou que o Sínodo que está se concluindo “foi uma escuta atenta de Deus, da voz da Amazônia, dos povos e da dor da Mãe Terra”. Uma escuta ativa num ambiente de testemunho, como o testemunho dado pelo Papa Francisco que, contou a religiosa, “vi abaixar a cabeça para permitir a dois indígenas abençoá-lo: foi um grande testemunho de evangelização”, ressaltou.

Igreja com rosto amazônico, sacerdotes e liturgia indígenas

Nós mulheres, prosseguiu Irmã Inés, que nos autodefinimos “mães sinodais”, “vivemos este Sínodo com paixão, porque aquilo que os povos indígenas estão vivendo é uma grande dor”. A esperança é “construir uma Igreja com rosto amazônico, como já em 1984 pedia São João Paulo II, quando dizia que é preciso uma Igreja indígena com sacerdotes próprios e uma liturgia própria. Para realizá-lo devemos aprofundar e viver a teologia indígena, sua cosmologia, e isso se funda na aprendizagem das línguas deles”, continuou.

“Enquanto isso, devemos continuar trabalhando pelos direitos dos povos indígenas, junto com as organizações indígenas. E trabalhamos por uma vida consagrada inculturada, itinerante, que vive com os povos indígenas”, concluiu a religiosa.

Dom Spengler: 40% pede o diaconato feminino

Entre as propostas que serão apresentadas ao Papa Francisco no documento, poderá encontrar-se a do diaconato feminino, explicou por sua vez o bispo da Prelazia de Marajó – PA, na foz do Rio Amazonas, dom Evaristo Pascoal Spengler, O.F.M.

Relator do círculo menor português “B”, dom Spengler explicou aos jornalistas que “40% da assembleia sinodal pediu a instituição de um ministério ordenado para as mulheres no seio da Igreja”.

Na história da Igreja, recordou o prelado, “há profetas, mas também profetisas, que conduziram o povo de Deus. E naturalmente a figura mais importante é Maria. São Paulo, em suas cartas, fala das diaconisas, e depois há também as Santas: do Séc. XII até hoje temos mais Santas que Santos”.

Na Amazônia, “cerca de 60% das comunidades são guiadas por mulheres. Com a modificação do código canônico querida por Bento XVI, o ministério diaconal para a liturgia, a palavra e a caridade foi separado da figura de Cristo, e isso permite abrir um caminho para se chegar ao diaconato feminino”, concluiu o bispo de Marajó.

Um futuro rito amazônico pode prever os “viri probati”

Um jornalista perguntou se a instituição de um rito amazônico, como proposto mais vezes durante o Sínodo, poderia permitir se chegar rapidamente à ordenação sacerdotal de homens casados, os chamados “viri probati”.

O secretário da Comissão para a Informação do Sínodo, Pe. Giacomo Costa, respondeu que sim, “vez que se verifica também em outros ritos, mas se trata apenas de ilações”, porque ainda não conhecemos o documento do Sínodo e muito menos o que o Papa Francisco escreverá.

Ruffini acrescentou que, em todo caso, será impossível definir um novo rito da Igreja num parágrafo de um documento, e que eventualmente será proposto somente “um passo rumo” a esse novo rito.

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25 outubro 2019, 17:53