Cardeal Ouellet: o sacerdócio, um dom a ser redescoberto
Alessandro De Carolis / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
A melhor qualidade de um sacerdote? “A humildade”. A resposta é menos óbvia do que possa parecer. A resposta foi dada pelo prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet, aos jornalistas ao apresentar esta quarta-feira (02/10) na Sala Marconi da Rádio Vaticano, seu último livro “Amigo do Esposo”, escrito com o intuito de dar uma contribuição a “uma visão renovada do celibato sacerdotal”.
Tanto na introdução quanto nos capítulos do volume, o purpurado canadense descreve com realismo o cenário no qual os padres atuam hoje. Secularização, desconfiança, descrédito da figura do ministro de Deus. E tendo sido perguntado sobre as qualidades necessárias para reconquistar a confiança de tantos cristãos desiludidos, o cardeal Ouellet replicou com “a humildade”, e explicou o motivo.
Homens da compaixão
Olhando para o passado e ao nosso redor, observou, deparamo-nos com situações de “falimentos” – o clericalismo, a ambição, a tendência a manter “o controle de tudo”. E, todavia, isso não elimina os “grandes valores” do sacerdócio, que devem ser redescobertos. Eis, então, o motivo da humildade: as pessoas dizem, é preciso compreender que um sacerdote “é um amigo do Esposo, não o Esposo”. E sobretudo que o sacerdote é um homem da “compaixão”.
Celibato? “Não é dogma”
Nesse quadro foi feita ao prefeito da Congregação para os Bispos a pergunta sobre o celibato, tema muitas vezes instrumentalizado por aqueles que querem considerá-lo um dogma intocável acusando de heresia quem ouse colocá-lo em discussão.
O cardeal recordou que a escolha do celibato amadureceu gradualmente na Igreja e concluiu: “Não é um dogma, não é uma heresia” discutir sobre o assunto. Todavia, a Igreja entendeu que o celibato constitui “um vínculo estreito e forte, muito íntimo, para os bispos e os sacerdotes”.
Discernimento com o Papa
O livro – que traz reflexões do cardeal Ouellet propostas em várias circunstâncias – contextualiza seu conteúdo fazendo referência ao iminente Sínodo sobre a Amazônia. Já de há muito a atenção midiática tem se concentrado sobre os “viri probati”, homens casados de idade madura e fé sólida que possam receber a ordenação sacerdotal para suprir a carência de ministros no imenso pulmão verdade da América Latina.
O purpurado observou sem rodeios: “Não sou contrário, mas cético”. Para ele a Amazônia precisa, antes ainda, de novos diáconos e catequistas. “Certamente há um discernimento a ser feito e o faremos no Sínodo”, assegurou.
E diante da tentativa de se obter do cardeal uma previsão sobre qual será a posição dos padres sinodais, o purpurado respondeu com um sorriso: “Não se pode dizer nada agora, é preciso viver o evento, na oração junto com o Papa. O Espírito Santo nos guiará”.
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