Papa sobre xenofobia: não podemos viver sufocados por ‘cultura de sala operatória’, esterilizada e sem miscigenação
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Em mais um trecho extraído da conversa que o Papa Francisco teve com os jesuítas na África, por ocasião da sua viagem apostólica no início de setembro, a reflexão do Pontífice sobre o clericalismo, a xenofobia e a aporofobia. A íntegra do diálogo foi publicada em reportagem especial de Pe. Antonio Spadaro e publicada na última quinta-feira (26) na revista italiana La Civiltà Cattolica.
O clericalismo hipócrita
Pe. Joaquim Biriate, secretário do Provincial, fez a seguinte pergunta ao Papa: como evitar de cair no clericalismo durante a formação ao ministério sacerdotal? Para a resposta, Francisco usou a analogia do rebanho e afirmou:
O Papa Francisco também trouxe a experiência da América Latina e da piedade popular muito forte vivida naquela região – que “tem coisas para corrigir, sim”, disse o Pontífice, “mas expressa a soberania do povo santo de Deus, sem clericalismo. O clericalismo confunde o ‘serviço’ presbiteral com o ‘poder’ presbiteral. O clericalismo é ascensão e domínio”. Enfim, disso o Papa, um ministério interpretado “não como serviço, mas como ‘promoção’ ao altar, fruto de uma mentalidade clerical”.
Ao afirmar ainda que “o clericalismo é essencialmente hipócrita”, inclusive na vida religiosa, Francisco lembrou o que um jesuíta, “um grande jesuíta”, comentou ao alertar sobre o momento de dar a absolvição: “os pecados mais graves são aqueles que têm uma maior ‘angelicidade’: orgulho, arrogância, domínio... E os menos graves são aqueles que têm menor angelicidade, como a gula e a luxúria. Acaba se concentrando sobre sexo, e depois não se dá peso à injustiça social, à calúnia, às fofocas, às mentiras. A Igreja hoje precisa de uma profunda conversão nesse ponto”, disse Francisco.
O medo e a aversão aos pobres e estrangeiros
Uma última pergunta foi feita sobre a xenofobia em aumento. O Papa então somou ao problema da xenofobia àquele da aporofobia: o primeiro é o medo e a aversão aos estrangeiros e, o segundo, aos pobres. Os dois hoje fazem parte “de uma mentalidade populista que não deixa soberania aos povos”, afirmou o Papa, que acrescentou:
Na versão online da revista La Civiltà Cattolica é possível conferir a conversa na íntegra em diferentes idiomas: espanhol, inglês, italiano e francês.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui