Um coração amigo rejeita o ódio e constrói a paz...
Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano
Na 54ª Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, publicada no dia em que a Igreja recorda São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas (24 de janiero), Francisco afirma que a comunicação autêntica se constrói, não se destrói: num momento em que a própria comunidade católica divide-se em facções que se insultam mutuamente, "precisamos respirar a verdade das histórias boas (...) histórias que nos ajudem a redescobrir as raízes e a força para avançarmos juntos". O Papa denuncia a proliferação de "tagarelices e mexericos" as quais "mal nos apercebemos", bem como a muita "violência e falsidade" que "consumimos". A consequência final é a propagação de "histórias destrutivas e provocadoras que desgastam e rompem os frágeis fios da convivência". Por isso, convida-nos a estarmos próximos da Sagrada Escritura, lembrando que "a Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade". A história de Jesus mostra como Deus levou o homem a peito e que para Ele "não há histórias humanas insignificantes ou pequenas". "Por obra do Espírito Santo - afirma Francisco - toda história, mesmo a mais esquecida, pode "renascer como uma obra-prima, tornando-se um apêndice do Evangelho". Neste sentido, "mesmo quando contamos o mal, podemos aprender a deixar espaço para a redenção, podemos reconhecer no meio do mal também o dinamismo do bem e dar-lhe espaço".
Também na Missa de Santa Marta na manhã desta sexta-feira, o Papa recorda que as palavras são importantes, podem fazer tanto bem, mas também tanto mal, porque se pode matar facilmente "com a língua, com a calúnia". É preciso estar atento ao verme da inveja e do ciúme, que "nos leva a julgar mal as pessoas". É a semente da guerra que brota dentro de nós e nos faz ver o outro com malevolência: é uma situação que nos torna incapazes de "ver a realidade" e só "um fato muito forte" pode nos abrir os olhos. O Papa nos convida a nos fazer esta pergunta: "Por que esta pessoa é insuportável para mim? Por que é que eu nem quero ver a outra pessoa?". É uma graça - afirma Francisco - quando a raiva que nos corrói por dentro irrompe como "uma bolha de sabão". Esta é a oração final: "Peçamos ao Senhor a graça de ter (...) um coração amigo, um coração que não quer matar ninguém, porque o ciúme e a inveja matam".
O ódio mata, não só com palavras. É o caso de 13 mártires que em breve serão proclamados bem-aventurados. O Papa autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar os respectivos Decretos. São três capuchinhos torturados e mortos por milicianos anarquistas e marxistas durante a Guerra Civil espanhola em 1936: capturados, não hesitaram em revelar sua identidade como religiosos, mesmo sabendo qual seria seu destino. Também foram reconhecidos como mártires três sacerdotes professos dos Missionários do Santíssimo Coração de Jesus e sete companheiros leigos, entre os quais um menino de 12 anos, mortos em ódio à fé na Guatemala entre 1980 e 1991, durante uma prolongada e sistemática perseguição à Igreja, porque esta estava empenhada em proteger a dignidade e os direitos dos pobres. O Papa Francisco repete-o frequentemente: hoje há mais mártires do que no início dos tempos cristãos.
Ao receber em audiência em 23 de janeiro de 2020 o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, o Santo Padre reconheceu também as virtudes heroicas da brasileira Serva de Deus Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade (também conhecida como Carmen Caterina Bueno), religiosa professa da Ordem das Carmelitas Descalças, nascida em Itu/Campinas em 25 de novembro de 1898 e falecida em 13 de julho de 1966 em Taubaté.
Finalmente, entre as audiências de sexta-feira, o Papa recebeu Michael Richard Pence, vice-presidente dos Estados Unidos. Francisco deu-lhe de presentes uma cópia da sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz: neste texto o Papa convida a construir um mundo mais justo, solidário e fraterno para construir a paz, porque ainda hoje as guerras "não cessam de atingir especialmente os mais pobres e fracos". Toda guerra - escreve o Papa - é "um fratricídio" que "muitas vezes começa com impaciência pela diversidade do outro, que fomenta o desejo de posse e a vontade de dominar". E enfim: "Trata-se, antes de tudo, de acreditar na possibilidade da paz, de acreditar que o outro tem a mesma necessidade de paz que nós. Nisto, nos pode inspirar o amor de Deus por cada um de nós, amor libertador, ilimitado, gratuito, incansável".
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