Nós podemos ser Santos, afirma o Cardeal Becciu
Rui Saraiva
Nos 25 anos da Casa Diocesana de Vilar, a Diocese do Porto acolheu uma conferência sobre “a santidade no magistério do Papa Francisco”. Na quarta-feira, 19 de fevereiro, o orador foi o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. O cardeal Angelo Becciu esteve no Porto para sublinhar, de maneira concreta, o desafio que o Papa Francisco tem lançado aos cristãos para uma vida em santidade.
A fidelidade ao Evangelho
Em declarações aos jornalistas, o purpurado assinalou que os santos são pessoas que amam o próximo num determinado tempo e território:
“Os santos são homens de hoje. São santos que amaram o próximo e que se encarnaram no território. São homens que podemos seguir e que são para nós um modelo. Se o nosso coração tem esta inspiração de responder a este chamamento de Deus nós podemos ser, um dia, santos”.
Viver o amor de Deus é o desafio do santo que é “alguém que vive com grande fidelidade ao Evangelho” – afirmou o cardeal.
“Santos do quotidiano” é uma das ideias do Papa na sua Exortação sublinhando que “todos os cristãos podem ser santos” – lembrou o purpurado:
“A primeira coisa que o Papa Francisco diz é que todos os cristãos católicos podem ser santos. Ele publicou a Exortação “Alegrai-vos e Exultai” na qual nos diz que todos devemos tentar ser santos dizendo que a santidade é para todos e para a gente de ao pé da porta. E quem é que mora nesta porta: a mãe, o pai, o jovem, o professor, o padre, estão todos” – declarou.
Parresia, discernimento, espírito de pobreza
Foi uma sala completamente cheia que ouviu a conferência do cardeal Becciu. Partindo da Exortação Apostólica “Alegrai-vos e Exultai” do Papa Francisco, que aborda o tema da santidade, o purpurado assinalou três características para a santidade: a mentalidade de fé, a centralidade do território, o respeito pelo outro.
“Os santos ensinam a confiar em Deus” – disse o cardeal sublinhando a importância do perfil de fé que os santos usam na sua vida. Destacou ainda que os santos assumem no seu testemunho o projeto de Deus para um tempo e um território.
“O Evangelho apresentado pelo santo é frescura” – disse o cardeal Becciu salientando que os homens e mulheres que vivem em santidade “evangelizam com alegria”. Em especial, lembrou a maneira muito alegre e solidária como viviam os primeiros cristãos.
O Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos assinalou três palavras muito importantes para a vida em santidade: a “parresia” que assinala a “franqueza no falar” e a “ousadia” no agir; o “discernimento” que, como diz S. Paulo, nos ajuda a descobrir o belo e o bom; e ainda o “espirito de pobreza” que ensina e permite a confiança em Deus.
Numa “Igreja de pecadores e de santos”, o cardeal Becciu assinalou a importância que o Papa Francisco dá na sua Exortação aos “pequenos gestos” que ajudam a construir os “santos do quotidiano”. E no final da sua conferência lembrou S. João Paulo II quando lançou o desafio de cada pessoa ou comunidade ser capaz de desenvolver, no meio de tantos programas e projetos, também um programa pastoral para a santidade.
Os santos do Porto
Nesta visita à diocese do Porto, o cardeal Becciu não deixou de se referir aos processos de canonização que decorrem na Santa Sé propostos por aquela diocese.
Todos os candidatos viram já reconhecidas as suas virtudes heroicas, precisamente, durante o pontificado do Papa Francisco: em 2013 Sílvia Cardoso, mulher de grande empenho social e espiritual; em 2017 o grande bispo do início do século XX, D. António Barroso e em 2019 o fundador da Obra da Rua, o padre Américo.
Sobre o andamento dos processos, o cardeal Becciu pediu orações para que os processos de canonização avancem:
“Parece-me que falta uma coisa importante, é que as pessoas usem os joelhos e rezem por um milagre. Necessitamos de um milagre para beatificar e para a canonização. Sem milagre o Papa Francisco não aceita.”
Esta conferência do cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, foi a primeira de um ciclo de conferências que comemoram os 25 anos da Casa Diocesana de Vilar refletindo sobre cinco pilares do pontificado do Papa Francisco. Depois do tema da santidade, terão lugar conferências sobre a ecologia, o ecumenismo, a misericórdia e a pobreza.
Laudetur Iesus Christus
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