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O abraço de Francisco não é de hoje

O Papa Francisco sofre junto com a humanidade sofredora, especialmente agora.

Silvonei José - Vatican News

Desde o primeiro dia de seu Pontificado, o Papa Francisco reza diariamente, às 7 horas da manhã (horário de Roma) a Santa Missa na Capela da Casa Santa Marta. Essa missa sempre foi entendida como um desejo do Papa de uma celebração mais privada, e apenas uma síntese de suas homilias eram divulgadas pela mídia vaticana.

Ouça o Editorial

A primeira celebração de Francisco na Capela da Casa Santa Marta foi no dia 20 de março de 2013, na presença dos responsáveis pela limpeza da Cidade do Estado do Vaticano e dos jardineiros. A segunda, no dia seguinte, reuniu todas as pessoas que trabalham na Casa Santa Marta: faxineiras, cozinheiras, ajudantes, entre outros. E ao longo do ano de 2013, Francisco quis encontrar nesta celebração privada todos aqueles que servem a Igreja e o Papa trabalhando no Vaticano. Também a redação de língua portuguesa participou da Missa, um momento único.

Depois de sete anos, com a tribulação pela qual passa a humanidade - que obrigou a suspensão de Missas públicas, entre outras medidas, para evitar o contágio com o Covid-19 – o Pontífice abriu idealmente a sua Capela para o mundo e quis que as Missas, antes privadas, fossem transmitidas ao vivo para todos os fiéis em todos os lugares do planeta. Quis com este gesto demonstrar sua proximidade aos fiéis, privados dos Sacramentos, mas sobretudo a proximidade aos doentes e àqueles que não podem se deslocar devido às restrições decretadas pelas autoridades.

Com início das transmissões em 9 de março, a intenção inicial era realizá-las apenas por uma semana. Mas diante dos tantos sofrimentos surgidos em todo o mundo, o Papa quis que elas continuassem.

Logo ao iniciar a celebração, Francisco convida a rezar por uma intenção particular. Assim, as missas já foram oferecidas pelos doentes do Covid-19, para que os sacerdotes tenham coragem para sair e encontrar os doentes, levando a Palavra de Deus e a Eucaristia; pelos presos; pelas autoridades; pela proximidade dos sacerdotes ao rebanho; pelos sacerdotes falecidos por causa do Covid-19; pela paz nas famílias neste momento difícil, especialmente aquelas que tem algum membro com deficiência; pelas pessoas que garantem o funcionamento da sociedade: trabalhadores das farmácias, dos supermercados, do transporte, os policiais; por todos aqueles que estão trabalhando para que a vida social, a vida na cidade funcione; pelas famílias fechadas em casa, as crianças que não vão à escola, os pais que talvez não possam sair; pelos idosos que se encontram sozinhos e com medo; pelos falecidos devido ao coronavírus; por aqueles que têm dificuldades econômicas por causa da pandemia; pelas religiosas que arriscam suas vidas para assistir os doentes; para vencer o medo neste tempo difícil; agradecimento por aqueles que se preocupam com quem está em dificuldade; pelos que começam a passar fome devido á pandemia; por quem não consegue reagir e está amedrontado; pelos sem-teto; por quem trabalha na mídia; pelos que ajudam a resolver o problema da pobreza e da fome; para que ninguém se aproveite deste momento de dor para obter lucro; pelos inocentes que sofrem injustiças; que Deus converta o coração dos mafiosos; para que haja união para superar as dificuldades; pelos idosos que tem medo; pelos farmacêuticos; pelas mães grávidas, pelo pós-pandemia, entre outras.

O Papa Francisco sofre junto com a humanidade sofredora, especialmente neste momento. Quem acompanha seu Pontificado desde os primeiro dias, sabe o quanto os mais vulneráveis, os doentes, os descartados, os marginalizados, os últimos, ocupam um grande espaço em seu coração.

Não estaríamos equivocados se afirmássemos que o desejo do Santo Padre nestes dias é o de estar em cada situação de sofrimento, em cada país do mundo, nos hospitais, ao lado de cada doente, dos profissionais de saúde e voluntários, em cada lar e em cada família, nas ruas ao lado dos sem-teto e desvalidos, consolando aqueles que choram a dor pela perda de um ente querido.

Mas o Papa é um só, por isso usa os meios de comunicação para chegar a tantos lares a cada dia pela celebração da Santa Missa, uma celebração simples, com a presença dos poucos moradores da Santa Marta. Por isso conta com cada um de nós, para estarmos a seu lado rezando por cada pessoa que sofre, por cada necessidade, demonstrando também nós a nossa proximidade.

Este é o momento de estarmos juntos, unidos, tendo o mesmo olhar de compaixão. Se não podemos salvar a humanidade, podemos ao menos com nossa oração, com pequenos gestos, dar a nossa gota de contribuição neste grande oceano da Misericórdia Divina.

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18 abril 2020, 11:08