Dimensão comunitária da Confissão
Jackson Erpen – Vatican News
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre a “Dimensão comunitária da Confissão”.
No programa passado deste nosso espaço, falamos sobre a Celebração Penitencial, onde baseado na Constituição conciliar Sacrosanctum Concilum, padre Gerson Schmidt* afirmou que “em nossas paróquias e comunidades deveríamos promover as celebrações penitenciais no espírito comunitário do Concílio, propondo a reconciliação de cada pecador com Deus e com a comunidade, num verdadeiro processo de conversão pela Palavra e exortação de mudança”. Nesta quarta-feira, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, dá continuidade ao tema penitencial, falando sobre “Dimensão comunitária da Confissão”:
"O movimento litúrgico e os documentos do Concílio Vaticano II fizeram redescobrir a dimensão comunitária de toda a liturgia, também do sacramento da Confissão, por meio da celebração comunitária e a dimensão social do pecado. Criticava-se o aspecto demasiadamente negativo do sacramento da Penitência, justamente no excessivo individualismo ritual e também psicológico-moral.
“Pedia-se que fosse colocada em destaque a corresponsabilidade no bem e no mal, a consciência não somente individual, mas também coletiva da culpa, a natureza eclesial da reconciliação. A isso responde bem essa forma de celebração, que prevê a inserção da confissão e da absolvição individuais no contexto de uma preparação e de uma conclusão comunitárias; a meta não é tanto pedagógica, ou seja, ajudar um grupo de pessoas a ‘dispor-se’ bem ao sacramento, mas fazer com que elas celebrem juntas a conversão, exaltem a misericórdia do Pai, sintam-se corresponsáveis no bem, no mal e no caminho de retorno a Deus”[2]."
A presença da Palavra de Deus, na celebração penitencial, lida no ato do sacramento ou mesmo antes, é um convite à conversão e à proclamação da misericórdia de Deus, que deve ser mais acentuada do que o pecado cometido. No contexto do pecado do homem, está inserido a proclamação da salvação e do perdão de Deus que salva, cura e liberta. Por isso, a importância da celebração, espiritualmente rica e vantajosa, que permite uma dimensão mais comunitária do sacramento da Reconciliação. O termo Reconciliação para esse sacramento parece mais correto porque enfatiza mais a ação de Deus, enquanto Penitência enfatiza mais a ação do homem.
Foi renovada completamente a fórmula da absolvição, que foi fixada e não pode ser mudada. A nova fórmula indica que a reconciliação comporta a graça do perdão e da paz, provenientes da misericórdia de Deus que revela ao pecador penitente seu coração de Pai. Também relaciona a absolvição com a história da salvação, na qual Deus reconciliou consigo o mundo por meio da morte e ressurreição de seu filho, sublinhando a ação do Espírito Santo na conversão e na santificação do pecador. Por fim, ainda ressalta o aspecto eclesial da Reconciliação, operada pelo ministério da Igreja. Também no novo rito se vê a restauração do gesto da imposição das mãos(ou pelo menos da mão direita) que acompanha a fórmula da absolvição, que é um gesto clássico da antiga liturgia penitencial. Este gesto de impor as mãos indica o dom do Espírito Santo para a remissão dos pecados e manifesta a reconciliação com Deus e com a Igreja."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] Baseado em Reforma Litúrgica de Annibale Bugnini, Paulus, Paulinas e Loyola, SP, 2018.
[2] Idem, pg. 563.
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