Iniciação cristã para adultos
Jackson Erpen - Vatican News
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre o tema “Iniciação cristã para adultos”.
“O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir a estes, em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial, conduzir à maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se duma «formação e de uma aprendizagem de toda a vida cristã», mediante a qual os discípulos se unem com Cristo seu mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e, com ritos sagrados a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé, da Liturgia e da caridade do povo de Deus»”. É o que reza o número 1248 do Catecismo da Igreja Católica, ao falar em sua Segunda Parte sobre a Celebração do Mistério Cristão. Mas já a Constituição conciliar Sacrosanctum Concilium destacava a importância da iniciação e formação permanente para adultos, como nos fala hoje, padre Gerson Schmidt*:
“Sabemos que não vai acontecer uma participação ativa dos fiéis, como salientou a Constituição Sacrosanctum Concilium, como falamos no programa passado e que nos pede o concilio Vaticano II, sem uma verdadeira formação permanente dos batizados, ou seja, um catecumenato, tal qual na Igreja primitiva, que deve acontecer antes e também depois do batismo.
A Constituição Sacrosanctum Concilium fala sobre a iniciação cristã para adultos, ou seja, o catecumenato de adultos. Dia assim o documento no número 64: “Restaure-se o catecumenato dos adultos, com vários graus, introduzindo-se seu uso segundo o parecer do Ordinário do lugar, de modo que o tempo do catecumenato, dedicado à conveniente instrução, possa ser santificado por meio de ritos sagrados que se hão de celebrar em ocasiões sucessivas” (SC, 64). Não vemos aqui outra maneira de que os fiéis possam se adentrar nesses mistérios sagrados, numa cadenciada pedagogia mistagógica da fé, cada vez mais profunda, sem um verdadeiro, sério e gradual processo catecumenal de formação cristã, como tem pedido a Igreja e de modo particular, os documentos da CNBB.
A preparação do rito do batismo de adultos foi solicitada pela SC que pede um catecumenato gradual, com ritos sagrados, escalonados no tempo do próprio catecumenato. Um grupo de especialistas foi nomeado para preparar esse rito, procurando também sentir o eco das bases e dos episcopados nacionais.
Depois de diversos estudos se chegou ao texto final chamado Ordo initiationis christianae adultorum, conhecido como Rica – Rito de Iniciação Cristã de Adultos, aprovado pelo Papa Paulo VI, em 30 de novembro de 1971. O volume foi publicado com decreto da congregação para o Culto divino, de 06 de janeiro de 1972.
A iniciação dos catecúmenos acontece progressivamente, adaptando-se a seu caminho de amadurecimento espiritual. Este compreende quatro tempos fundamentais: pré-catecumenato; catecumenato; tempo de purificação e da iluminação. Esses tempos são marcados por ritos litúrgicos e por três momentos, ou graus, fundamentais: ingresso ao catecumenato, eleição, sacramentos do batismo-crisma-eucaristia. São as grandes etapas que assinalam o caminho progressivo do catecúmeno desde a primeira escuta da Palavra de Deus à fé inicial (o Querigma), até a adesão plena a Cristo na Igreja.
O tempo ideal para a administração dos sacramentos de iniciação aos adultos é a Vigília Pascal. A última preparação, o da purificação e da iluminação, coincide com a quaresma. A primeira experiência de vida nova, de vida cristã batismal coincide com o Tempo Pascal, encontrando os catecúmenos na liturgia desses períodos próprios, apelos e auxílios correspondentes à sua caminhada de fé.
Na Igreja Primitiva, na noite da Vigília Pascal, os catecúmenos eram preferencialmente batizados, após uma preparação intensa catecumenal de 3 ou mais anos. Por isso, a celebração do batismo de adultos, dentro da vigília Pascal ainda é pedida com insistência porque traduz essa realidade nova, do renascer da Páscoa. Somos, na verdade, todos filhos da Páscoa. Nascemos na noite santa da vitória de Cristo sobre a morte. No batismo, morremos com Cristo e Ressuscitamos com Ele.”
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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