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Alegria dos “Josefinos de Murialdo” pela Carta Patris corde

São José "lembra-nos da responsabilidade silenciosa dos pais e de como os filhos são presentes e não propriedade". Entrevista com Padre Tullio Locatelli, Superior Geral da Congregação dos Josefinos de Murialdo, que fala sobre a relevância da Carta do Papa Francisco e o Ano de São José

Fabio Colagrande – Vatican News

Algumas congregações religiosas pediram ao Papa Francisco um sinal por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Patrono da Igreja Católica. Entre elas a Congregação dos Josefinos fundada em Turim em 1873 por São Leonardo Murialdo e desde então ao serviço dos jovens pobres e do mundo do trabalho. O Padre Tullio Locatelli, Superior Geral dos Josefinos de Murialdo há dois anos, falou sobre a alegria de sua família religiosa pela publicação da Carta Apostólica Patris corde, assinada pelo Papa Francisco em 8 de dezembro passado e pela proclamação de um ano especial dedicado a São José.

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Entrevista com o padre Tullio Locatelli

Padre Locatelli: Acolhemos esta Carta com grande alegria. A decisão de colocar a figura de São José no centro da reflexão da Igreja, juntamente com tantas outras questões atuais, foi uma grande alegria e uma grande surpresa para todos nós. Várias congregações escreveram ao Papa Francisco pedindo um gesto, um sinal especial, por ocasião do 150º aniversário da proclamação de São José como o santo padroeiro da Igreja universal e, portanto, quando esta Carta chegou com o anúncio do Ano de São José, sentimos verdadeiramente o Papa perto de nós e sentimos ainda mais o compromisso e a responsabilidade de apresentar a figura e a missão de São José. Portanto, muita alegria, grande surpresa, mas também grande responsabilidade, mas estamos felizes com isso.

O Papa fala de José como o homem da presença cotidiana, discreta e escondida. Define-o como um intercessor e um amparo, uma guia em momentos de dificuldade. Será que "passar despercebido" é uma característica deste Santo?

Padre Locatelli: Esta característica o torna muito próximo de nós. Nem todos somos celebridades, nem todos estamos nas primeiras páginas. Mas cada um de nós vive uma vida comum, uma vida cotidiana, que não é menos significativa ou menos importante porque não é uma vida no centro das atenções. É bom pensar que quando no Evangelho, Jesus volta a Nazaré, e já é, digamos, um Jesus conhecido e famoso, em Nazaré eles dizem: mas não é este o filho de José? Então é verdade que os trinta anos de Nazaré foram vividos pela Sagrada Família no silêncio do mistério e no mistério do silêncio. Mas as pessoas sabem que Jesus é filho de José, como se dissessem que justamente essa atitude, esse estar em silêncio, guardou, educou, fez Jesus crescer. As pessoas reconhecem, portanto, que tudo isso foi feito por São José. Faz-nos recordar tantos pais e mães, tantas famílias, que no silêncio, deixam uma marca profunda na vida de seus filhos. Isto é muito bonito e é a razão pela qual sentimos que São José está perto de nós, também em nossas vidas normais, diárias - e por que não - inobservadas.

Na carta papal José é definido como um pai no acolhimento e na obediência, mas também como um pai trabalhador e com coragem criativa. Estas são definições que sublinham de forma sem precedentes sua profundidade espiritual.

Padre Locatelli: Diria que este é um novo destaque no retrato espiritual de São José. Ele é um santo a quem são atribuídos os adjetivos "operário" e "artesão". O Evangelho menciona este ofício, ao trabalho de São José. É uma circunstância que o torna próximo de nós porque nos mostra que mesmo na Sagrada Família há alguém que é responsável pelos que são menores, mais fracos, mais frágeis e através de seu trabalho ajuda os outros a crescer, ele realmente se coloca a serviço deles. Mas é interessante este conceito de "coragem criativa" que Francisco introduz. Parece-me que o Papa quer nos dizer que José é o homem obediente, mas não é uma obediência passiva, de quem simplesmente o faz, mas de quem coloca toda sua inteligência, sua sabedoria, mas também sua responsabilidade em campo. Não é por nada que o Papa Francisco lembra que, ao voltar do Egito para Nazaré, São José pensou bem qual caminho seguir, que estrada tomar. A sua é uma coragem criativa que não é contrária à obediência, mas é a responsabilidade que se assume obedecendo. Por outro lado, São José é aquele que aceita profundamente um projeto de Deus, portanto, que não é seu. Por isso, sua criatividade não é contrária à obediência, mas expressa responsabilidade em face da obediência. É uma obediência completamente realizada e na qual se realiza a coragem criativa de José. Este aspecto me parece bastante novo. Talvez tenha sido mencionado no passado, mas não em tal profundidade e acredito que ajude os jovens em particular a aceitar a figura do Esposo de Maria.

O Papa sublinha que José nos ensina que a paternidade nunca é um exercício de posse, mas um "sinal" que se refere a uma paternidade superior. Qual é a atualidade desta advertência?

Talvez seja uma das advertências mais necessários para compreender o aspecto de serviço que a paternidade e a maternidade têm para com uma criança que é gerada na carne, mas que precisa ser gerada também no espírito. É acima de tudo uma advertência para desenvolver a atitude que se tem em relação a um dom. A criança é um presente e os presentes são para ser bem guardados, para serem defendidos, mas de alguma forma para serem devolvidos. O presente não é meu: é algo que recebi, que me foi dado e que percebo apenas na medida em que participo dele, o compartilho e, portanto, o devolvo. Por trás das palavras do Papa está a ideia de uma paternidade capaz de fazer crescer, educar e deixar partir. Uma paternidade que está ao serviço da vocação, do projeto do filho. Neste modelo de educação há um salto espiritual qualitativo, pois é um convite para descobrir o projeto de Deus. Junto com a geração da carne, há também uma geração do espírito e, portanto, há uma paternidade capaz de ser um sinal e aviso de uma paternidade maior do que a paternidade de Deus. Neste sentido, o casamento também não é um exercício de posse. É interessante que encontramos uma tradução que diz que José levou Maria "com ele" e não "para ele". São José, portanto, se apresenta com um coração livre, aberto e disponível: todos os sinais da paternidade e, antes de tudo, da paternidade de Deus.

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17 dezembro 2020, 11:41