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As metas ecológicas do Vaticano para 2050

Reduzir o impacto ambiental com o uso de fontes renováveis, meta: zerar as emissões. O caminho percorrido pela Santa Sé na entrevista, aos cuidados do Osservatore Romano, ao diretor das Infraestruturas e serviços do Governatorado

por Nicola Gori

Chegar a “emissões zero” em 2050 para o Estado da Cidade do Vaticano é uma meta alcançável e não um mero desejo. Em termos concretos, o Governatorato desenvolve projetos e iniciativas que visam reduzir o impacto ambiental, o desperdício e os gastos de energia, utilizando cada vez mais fontes renováveis. Sobre isso, fala o diretor da Diretoria de Infraestrutura e Serviços, padre Rafael García de la Serrana Villalobos, comenta:

Quais serão as principais intervenções que serão realizadas tendo em vista este objetivo?

R. - A neutralidade climática pode ser alcançada pelo Estado da Cidade do Vaticano principalmente através do uso de sumidouros naturais, como solo e florestas, e a compensação das emissões produzidas em um setor reduzindo-as em outro. Obviamente, prosseguimos investindo em energias renováveis, na eficiência energética ou em outras tecnologias limpas, como a mobilidade elétrica. E se está promovendo políticas de economia verde, isto é, de economia circular, como por exemplo a transformação de resíduos orgânicos e dos resíduos da poda em compostos de qualidade, e uma política de gestão de resíduos centrada no conceito de não considerá-los como descartes, mas como recurso.

Quais setores serão particularmente envolvidos?

São muitos os setores envolvidos, a começar pela engenharia energética, com a requalificação de sistemas tecnológicos, ou seja, das centrais térmicas e dos sistemas de climatização. No que se refere à água, foi otimizado o aproveitamento do recurso hídrico, com circuitos fechados nas fontes, com o resfriamento das unidades frigoríficas e com reservatórios que recolhem água das chuvas para fins de irrigação. Importante, depois, o uso racional da energia elétrica, com uso de lâmpadas LED e o abastecimento oriundo de fontes renováveis. Mas também a redução dos desperdícios comuns, por meio da digitalização informatizada de documentos, a utilização de carros de serviço de tração elétrica, os distribuidores de água potável. Sem esquecer o programa de reflorestamento em áreas pertencentes ao Estado que compensem ao máximo as emissões produzidas. Estão em estudo projetos de valorização de resíduos urbanos que permitam uma transformação dos mesmos em recurso, quer térmico como elétrico, bem como a transformação de resíduos hospitalares em combustível, evitando assim a sua gestão como resíduo perigoso. Haverá uma substituição gradual da frota de veículos por veículos elétricos ou híbridos e manutenção regular da frota de veículos de forma a reduzir o consumo e, em geral, o impacto no meio ambiente por meio de operações de transformação, recuperação e desmantelamento validadas e certificadas.

A que ponto estamos agora com as reduções das emissões? Quais são os setores que já atingiram a meta?

R. - Ao longo dos últimos anos, a Direção de Infraestruturas e Serviços do Governatorato tem levado a cabo um conjunto de iniciativas de adequação às normas e de requalificação energética dos sistemas tecnológicos. A começar pela ratificação do Protocolo de Montreal de 2008, com a substituição gradativa - de 2012 a 2020 - das antigas unidades frigoríficas que utilizavam gases não ecológicos por novas unidades com melhor desempenho do ponto de vista da eficiência energética. Mas também com outras iniciativas significativas: a construção em 2008 de um sistema fotovoltaico na cobertura do Salão Paulo VI, a instalação em 2009 de um sistema de refrigeração solara serviço do refeitório do centro industrial e, em 2010, de uma nova central de teleaquecimento com unidades de geração de alto desempenho e otimização dos sistemas de produção e de troca de calor. De 2012 a 2020 também foram modernizadas as centrais e as subestações térmicas e os respectivos sistemas de termorregulação, de forma a obter um melhor desempenho em termos de eficiência energética, com redução do consumo de gás metano e de energia elétrica e das emissões poluentes para a atmosfera. Tratou-se depois da implantação de sistemas de filtros  e da substituição dos sistemas de ar condicionado por sistemas com menor impacto ambiental e menor consumo de energia. Também foram instalados sistemas de ventilação com a recuperação de calor. O objetivo de importar energia elétrica totalmente produzida a partir de fontes renováveis ​​já foi atingida em 2019. E a venda de produtos plásticos descartáveis ​​também foi eliminada.

E no que tange, em particular, à proteção e ao cuidado do meio ambiente?

R. - Foi promovido um programa de reflorestamento do Estado que resultou no plantio de 300 árvores de diferentes espécies em três anos. Um marco importante para o respeito ao meio ambiente é que o Estado atingiu neste ano, com o objetivo de ficar livre de agrotóxicos. Também foi implantado um novo sistema de irrigação nos Jardins do Vaticano, o que permite uma economia de cerca de 60% dos recursos hídricos. Foi incentivada a coleta seletiva de resíduos urbanos, que de 42% em 2016 chegou a 65% em 2020, com a meta até 2023 de chegar a 75%. Conseguiu-se assim a diferenciação de resíduos especiais igual a 99%, permitindo um envio para reutilização de 90% e valorizando assim a política de resíduos como recurso e não mais como descarte. Por exemplo, são recuperados e reciclados papel e papelão, óleos usados ​​de origem vegetal são reaproveitados para a produção de biodiesel, de baterias de chumbo usadas, de óleo mineral. Também são recuperadas as garrafas pet, por meio de compactadores distribuídos dentro do Estado, e os resíduos da manutenção da vegetação e resíduos orgânicos são transformados em composto de qualidade, utilizado nos Jardins do Vaticano.

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21 dezembro 2020, 11:52