A Igreja como uma casa de comunhão
Jackson Erpen - Vatican News
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre “A Igreja como uma casa de comunhão”.
“A unidade da Igreja não é uniformidade, mas integração orgânica das legítimas diversidades”, escreveu o Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica, Novo millennio ineunte. Ou seja, existe uma complementaridade onde cada fiel leigo é entendido como participante no seu vínculo com a totalidade do corpo, como explicou padre Gerson Schmidt* em nosso último programa, antecipando o tema de hoje deste nosso espaço:
"O Papa João Paulo II empregou em sua carta apostólica Novo millennio ineunte, uma bela e sugestiva expressão: a Igreja deve ser “a casa e a escola da comunhão”. Dentro da Perspectiva da Eclesiologia de Comunhão, um conceito da Igreja a partir do Concilio Vaticano II, as diretrizes novas da CNBB sugerem que pensemos cada vez mais a Igreja como uma casa. Pensar os ambientes eclesiais como uma casa, significa mudar nossa mentalidade para sentirmos acolhidos nos ambientes da Igreja como se estivéssemos na verdadeira casa de irmãos, de familiares, sentindo-nos bem aconchegados. Na verdade, nossas paróquias deveriam ser extensão de nossos lares, como lugar de perdão, ternura, compaixão, amor recíproco e vida que se renova.
Nossas paróquias e igrejas precisam ser um lar, onde se possa criar uma família, aprendendo todos a se sentir unidos pelos vínculos da fé e do amor. Um lar, bem sabemos, precisa da colaboração de todos. Ninguém pode ser indiferente ou alheio, já que cada um é pedra de construção. Igreja-casa é uma imagem de maior proximidade às pessoas, o lugar onde vivem. Quer indicar uma proximidade relacional entre as pessoas, criando uma “koinonia”(palavra grega que significa Comunhão) entre os fiéis que não são mais anônimos, mas conhecidos, próximos e familiares. Nesta casa é preciso abrir as portas para acolher os irmãos e irmãs nesse mundo individualista, indiferente, onde o medo e a violência predominam. As relações fraternas, não o local onde se reúnem, é que são significadas pela imagem da casa.
A Igreja como casa é vista como espaço de encontro. Este encontro com Deus se dá na celebração cheia de vida, no silêncio que permite a escuta, na harmonia que revela a plena beleza de Deus. O encontro com Deus é intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido.
A Igreja como casa é vista como lugar de ternura, onde todos somos irmãos que caminham juntos e devemos afeto mútuo, um querer bem que tire toda a apatia à dor alheia, onde todos somos filhos do mesmo Pai celeste, superando a superficialidade de relações mecânicas e frias.
A Igreja como casa é vista como lugar das famílias, com amor especial e ternura de quem coloca uma ovelha ferida no colo. As famílias como sujeitas na ação missionária podem alargar o horizonte do seu lar, ampliando as dimensões do coração os demais.
Nessa casa que é a Igreja, o Episcopado brasileiro propõe 4 pilares fundamentais para sustentar o edifício da comunidade de fé: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Nesses quatro pilares a estrutura de uma Igreja como casa se ergue, se sustenta, se edifica. Que essas novas diretrizes da CNBB possam inspirar as ações das paróquias e dioceses dos próximos anos e assim buscar os afastados e aqueles que se sentem à margem da igreja e da sociedade."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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