“Amoris Laetitia”: chegou o tempo de agir
Rui Saraiva – Portugal
Decorreu de 9 a 12 de junho, numa organização do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, um Fórum online subordinado ao tema: “Em que ponto estamos com a Amoris Laetitia? Estratégias para a aplicação da Exortação Apostólica do Papa Francisco”.
Uma iniciativa com o objetivo de promover o diálogo e a partilha de experiências e diferentes perspetivas de aplicação da Exortação Apostólica do Papa Francisco “Amoris Laetitia”.
Cristo vivo no amor dos casais
As diversas sessões do Fórum partiram do concreto das experiências vividas nas diferentes realidades eclesiais e trataram de assuntos como a preparação do matrimónio, a educação dos filhos, a espiritualidade conjugal entre outras dimensões.
Neste evento inserido no “Ano Família Amoris Laetitia”, participaram cerca de 350 delegados em representação de 70 conferências episcopais e mais de 30 associações e movimentos internacionais.
Através de uma mensagem vídeo, o Papa Francisco a todos saudou sublinhando a importância das famílias e dos casais na vida das comunidades cristãs.
“Precisamos de casais ao lado dos pastores para caminhar com outras famílias, para ajudar quem é mais débil, para anunciar, mesmo nas dificuldades, que Cristo faz-se presente no sacramento do matrimónio para dar ternura, paciência e esperança a todos e cada situação da vida. Como é importante para os jovens ver com os próprios olhos o amor de Cristo vivo e presente no amor dos casais que testemunham com a sua vida concreta, que o amor para sempre é possível” – disse o Santo Padre.
De Portugal participaram neste Fórum a Isabel e o Francisco Pombas que são o casal diretor do Departamento Nacional da Pastoral Familiar.
Famílias protagonistas para aplicar a “Amoris Laetitia”
Francisco fez à nossa reportagem uma síntese deste encontro assinalando cinco pontos fundamentais como conclusão dos trabalhos: este é o tempo de agir; já há muitas experiências no terreno, as famílias têm que ser protagonistas da pastoral familiar, a formação é fundamental e deve ser dada uma atenção especial aos avós e idosos.
“É difícil fazer uma síntese do que foi este Fórum. De qualquer forma, cinco pontos: o primeiro é que chegou o tempo de agir. A “Amoris Laetitia” foi lançada há cinco anos, houve um momento de muita discussão, depois um período de análise das propostas pastorais e agora o Dicastério lançou um desafio de aplicar massivamente nas dioceses e nos movimentos as linhas pastorais da “Amoris Laetitia”. E chegou esse momento. O ponto dois é que muita coisa já foi feita e este Fórum serviu para mostrar as fantásticas experiências que têm sido realizadas e implementadas em dioceses dos cinco continentes. O terceiro ponto que é o foco essencial deste “Ano Família Amoris Laetitia” é que as famílias têm que se tornar protagonistas da pastoral familiar. Há um magistério pastoral para as famílias. Quarto ponto: a formação. A formação de namorados e noivos em caminho para o matrimónio. Foi-nos proposto aplicar quase um caminho catecumenal em direção ao matrimónio. Algo com uma duração de um ou dois anos, quase como uma preparação para o crisma ou batismo, mas também a formação dos casais que são agentes da pastoral familiar. E por último, muito importante, uma atenção especial aos idosos, aos avós e pessoas com incapacidades” – declarou Francisco Pombas.
Do trabalho já realizado em Portugal, Isabel referiu que o departamento nacional lançou em dezembro de 2020 um questionário às estruturas diocesanas sobre a aplicação da Exortação “Amoris laetitia”.
“Desse questionário apuramos que existem em todas as dioceses e pastorais do país a preparação imediata para o casamento que está a ser liderada por casais. Existe também o acompanhamento de famílias em crise com gabinetes de apoio em várias dioceses e vamos tentar alargar a todo o país. Existem também gabinetes de apoio ao discernimento dos casais em segundas uniões. A falha maior que detetamos foi a pastoral dos idosos. As pastorais ainda não estão muito alerta para esta situação. No entanto, no Dia Mundial dos Avós que será a 25 de julho vamos dar ênfase a esse tema para que os idosos sejam integrados nas pastorais” – informou Isabel Pombas.
Comentando este evento, Ângelo Soares, que é responsável pela pastoral familiar na diocese do Porto, disse à nossa reportagem que há já trabalho a ser feito nas dioceses e apontou alguns aspetos importantes sobre a aplicação da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” nas comunidades, com destaque para a necessidade de uma “preparação a sério do matrimónio”.
“Eu diria que é preciso continuar o que já se está a fazer. Mas há aspetos que são fundamentais. Um é a preparação a sério do matrimónio. Com prudência, mas com algum equilíbrio temos que olhar para o matrimónio de uma forma corajosa de maneira que os matrimónios sejam esclarecidos e assumidos e não apenas para o social. Promover também grupos de famílias “Amoris Laetitia”, grupos de famílias que reflitam, que rezem, que conversem e se entreajudem, quer através dos movimentos quer através das comunidades paroquiais. Um terceiro aspeto é a questão do discernimento. A oportunidade de discernimento não está a ser tão aproveitada no caso das situações irregulares. E compete às comunidades locais, que conhecem as pessoas e as situações, convidar as pessoas a assumir as suas situações e a fazerem esse processo de discernimento. E um último aspeto é promover e insistir para que as famílias sejam cuidadoras das famílias” – comentou Ângelo Soares.
O “Ano Família Amoris Laetitia”, convocado pelo Papa Francisco decorre até à celebração do X Encontro Mundial das Famílias que está previsto para Roma no final do mês de junho de 2022. Um tempo favorável para a pastoral familiar.
Laudetur Iesus Christus
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