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A história

Zimbábue: a Campanha Laudato si' por um meio ambiente mais limpo

A Comissão Católica dos Leigos do Zimbábue lançou, em colaboração com a Rede dos Profissionais Católicos do país, uma campanha para preservar o meio ambiente no espírito da Laudato si’.

Padre Alfonce Kugwa*

A taxa de degradação ambiental continua a crescer no Zimbábue como em outros lugares, com grandes implicações para a flora, a fauna e a vida marinha: chegou o momento dos seres humanos tomarem medidas imediatas para evitar mais danos ao habitat comum. Na Encíclica Laudato si’, Papa Francisco apela ao diálogo "com todos sobre a nossa Casa Comum" (3): "precisamos", escreve o Pontífice, "de um confronto que una todos, porque o desafio ambiental que estamos vivendo e as suas raízes humanas nos preocupam e tocam a todos" (14). A mensagem do Papa inspirou a Rede dos Profissionais Católicos do Zimbábue (CPNZ) que, portanto, decidiram fazer a sua parte para a proteção da Criação.

Leigos católicos e o cuidado com a Criação

As reflexões do Papa revelam que a humanidade é responsável pela destruição do meio ambiente e que somente através do esforço humano será possível preservá-lo.

Como contribuição para uma nova gestão do meio ambiente, a Comissão Católica dos Leigos do Zimbábue, juntamente com a Rede dos Profissionais Católicos do país, lançou a Campanha Laudato si' que tem como objetivo incentivar a sociedade a proteger o meio ambiente. O projeto, apoiado pela Nunciatura Apostólica, visa estimular as pessoas a praticarem formas sustentáveis em todos os empreendimentos empresariais.

Assim, no espírito da Laudato si', os leigos católicos do Zimbábue iniciaram um projeto que tem como objetivo principal aumentar a conscientização sobre a encíclica de 2015, ao mesmo tempo em que incentiva uma melhor gestão ambiental. O projeto, destinado a todos os cidadãos do país, especialmente a crianças e jovens, convida a promover e participar de atividades para cuidar do meio ambiente em comunidades individuais, em todos os lugares do Zimbábue. Na verdade, algumas práticas são diretamente responsáveis pela degradação ambiental, tais como o desmatamento, a mineração ilegal, os incêndios florestais, o lançamento de papel e plástico por toda parte: a campanha tem como objetivo desencorajar tais ações. Os jovens são incitados a fazer a sua parte mantendo o ambiente limpo.

Uma menina mostra o lixo pela estrada
Uma menina mostra o lixo pela estrada

O Evangelho e o meio ambiente

O Padre Johane Maseko, coordenador da Comissão Católica dos Leigos do Zimbábue, explicou que a campanha visa formar uma consciência sobre o conteúdo da Laudato si' e encorajar um estilo de vida que esteja ligado ao bem-estar ambiental e ao Evangelho. O fato de sempre reiterar a referência do projeto à Laudato si’ também visa despertar o interesse pelo documento e a curiosidade dos indivíduos em lê-lo. Este projeto, reiterou Pe. Maseko, "visa sensibilizar as pessoas para que possam 'cultivar e preservar o paraíso' que é nosso mundo. O esforço é o de ajudar as pessoas a entender a conexão entre o cuidado com o meio ambiente e a oração, como o Papa Francisco enfatizou ao lembrar na encíclica que ‘um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus’ (8)".

As atividades de mineração ilegal

A pobreza e o desemprego levam muitos jovens a se envolverem em mineração ilegal e outras formas ilícitas de renda, que produzem grandes danos ao meio ambiente, tais como a mineração não organizada e o desmatamento. As florestas estão sendo destruídas sem consideração pelos mineiros ilegais, os "makorokoza", naquela "corrida do ouro": eles escavam de qualquer forma e em qualquer lugar até achar que podem encontrar o metal precioso. Uma visita a lugares como Kwekwe, Gokwe, Kadoma, Bindura, Mazowe, Mberengwa dá uma boa ideia dos enormes danos infligidos ao meio ambiente e levanta questões sobre nosso futuro comum.

"É a pobreza que está nos obriga a tudo isso. Estamos desempregados: é um fato, não há trabalho. As nossas famílias precisam de comida e a única maneira de sobreviver é vir até a kumakomba (minas ilegais) para procurar ouro. Nós também nos preocupamos com o meio ambiente, mas não podemos fazer outra coisa", diz um minerador da periferia de Kadoma.

Uma mulher critica o lixo acumulado pelas ruas de Budiriro
Uma mulher critica o lixo acumulado pelas ruas de Budiriro

A superlotação nas cidades

É também a ganância por dinheiro que tem contribuído para a destruição do meio ambiente. A distribuição caótica e aleatória das terras por proprietários para fins econômicos, a fim de criar áreas residenciais em áreas urbanas, resultou na proliferação de estruturas habitacionais nas áreas úmidas do país e em outros lugares não destinados ao desenvolvimento.

A migração para as cidades resultou em superlotação urbana, o que por sua vez comprometeu e complicou os padrões de higiene de muitas partes do Zimbábue. Muito pouco tem sido feito para melhorar as condições de abastecimento de água e saneamento. O estouro frequente de canos de esgoto, o fornecimento irregular de água e o abandono de lixo em todos os lugares é uma fonte de grande preocupação para os habitantes da cidade. Nesse contexto, a Igreja, com a ajuda dos leigos, está tentando reduzir a ameaça de poluição ambiental no país.

A Campanha Laudato si’

Através da campanha, a Igreja procura sensibilizar as comunidades para a necessidade de priorizar a proteção ambiental com a proteção das florestas, das áreas úmidas, dos recursos hídricos, da vida selvagem e da camada de ozônio. Ela também incentiva o plantio de árvores, o tratamento adequado e a reciclagem de resíduos, além do fim de uma cultura descartável, que contamina o meio ambiente e promove a mudança climática.

*diretor da Comissão de Comunicações da Conferência dos Bispos Católicos do Zimbábue

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22 junho 2021, 08:00