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A esponsalidade de Cristo com a Igreja na Carta aos Efésios

"O desenvolvimento do pensamento paulino passa continuamente da realidade humana do casal para o modelo ideal da união Cristo-Igreja. Paulo escreve esta epístola considerando fundamentalmente dois pólos que conduzirão sua reflexão e admoestação: Jesus Cristo e a Igreja".

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

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“Alegremo-nos e exaltemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do cordeiro, e sua esposa já está pronta...”. De fato, com base nesta passagem do Livro do Apocalipse (Ap 19, 7), exegetas afirmam ser esta “uma imagem que ressalta a união do Esposo, que é Cristo, com a esposa que Ele escolheu, que é sua Igreja. As núpcias do Cordeiro simbolizam o estabelecimento do Reino celeste. É Cristo o Esposo da Igreja. As núpcias são a realização perfeita da Aliança, que são esperadas para o fim dos tempos”.

Padre Gerson Schmidt* tem nos trazido neste nosso espaço uma sequência de reflexões sobre a esponsalidade de Cristo com a Igreja. Se no programa passado o tema abordado foi “A esponsalidade de Cristo com a Igreja no Apocalipse de São João”, na edição desta quarta-feira, o sacerdote gaúcho nos fala sobre “A esponsalidade de Cristo com a Igreja na Carta aos Efésios”:

 

"Um dos textos Paulinos que expressam claramente a esponsalidade de Cristo com a Igreja está na carta aos Efésios. Aqui se encontra o principal texto neotestamentário sobre a relação esponsal Cristo e Igreja: “Assim também os maridos devem amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo, pois ninguém jamais quis mal à sua própria carne, antes alimenta-a e dela cuida, como também faz Cristo com a Igreja, porque somos membros do seu Corpo. Por isso deixará o homem o seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher, e serão ambos uma só carne. É grande esse mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a sua Igreja” (Ef 5, 22-32). O escrito comporta um longo desenvolvimento, determinante para a eclesiologia, que põe em paralelo a relação Cristo-Igreja e a relação conjugal homem-mulher.

No Antigo Testamento, a Aliança de Deus com seu povo, Israel, é comparada com o matrimônio, supondo naturalmente a ordem social do antigo Oriente, que era patriarcal. Como o homem e a mulher no antigo Oriente, assim Deus e o seu povo não são parceiros com direitos iguais. À fidelidade obediente da mulher corresponde o cuidado amoroso do marido. Era óbvia a aplicação do modelo do matrimônio humano.

São Paulo parece estar mais interessado em apresentar a relação de Cristo e a Igreja do que definir o estilo das relações entre os esposos cristãos. Parece mais um discurso teológico sobre a relação Cristo-Igreja do que um manual de ética para esposos cristãos. A partir de uma comparação da relação amorosa de Cristo com sua Igreja é que os esposos poderão encontrar o modelo ideal para relacionar-se entre si.

Com particular eficácia e densidade, Paulo faz uso da imagem esposo-esposa para tipificar a relação Cristo-Igreja, entrelaçando numa trama original aquilo que representa uma instrução sobre o relacionamento conjugal entre marido e mulher e a reflexão sobre o mistério de Cristo e da Igreja. O comportamento do marido em relação à mulher, e vice-versa, vem sempre ligado à relação de amor de Cristo pela Igreja. Implicitamente, Cristo vem descrito como o Esposo da Igreja. Ele é o “Salvador do Corpo” (cf. v. 23c), que é a Igreja. Percebe-se que nos vv. 23 a 32 se estabelece um paralelo entre o casamento e a relação de Cristo com a Igreja. Ambos vão esclarecendo-se mutuamente.

A Bíblia de Jerusalém, em nota de rodapé, comenta assim: “Pode-se dizer que Cristo é esposo da Igreja, porque é seu chefe e a ama como a seu próprio corpo, assim como acontece entre marido e mulher; essa comparação, uma vez admitida, fornece, por seu lado, um modelo ideal para o casamento humano. O simbolismo dessa imagem tem as suas raízes profundas no AT, que representa muitas vezes Israel como esposa de Iahweh (Os 1, 2s)”. A exortação referente às relações entre Cristo e a Igreja é tão veemente, na passagem de Efésios 5, 22-32, que poderia servir mais como um ensinamento a respeito da eclesiologia do que como uma exortação acerca das relações entre marido e mulher. “A analogia do amor esponsal consente-nos compreender em certo modo o mistério — que há séculos está escondido em Deus, e que no tempo foi realizado por Cristo — como o amor, próprio de um total e irrevogável dom de si por parte de Deus ao homem, em Cristo”¹.

O desenvolvimento do pensamento paulino passa continuamente da realidade humana do casal para o modelo ideal da união Cristo-Igreja. Paulo escreve esta epístola considerando fundamentalmente dois pólos que conduzirão sua reflexão e admoestação: Jesus Cristo e a Igreja. Todavia, não lhe escapa a lembrança de que a salvação realizada através de Cristo e da Igreja é de iniciativa do Pai. Portanto, apesar da centralidade da figura de Cristo para definir a fé e a experiência salvífica cristã, o autor de Efésios não perde de vista a dimensão teocêntrica de todo o processo de revelação e de salvação. “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25b).”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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¹ JOÃO PAULO II, AUDIÊNCIA GERAL, Quarta-feira, 29 de Setembro de 1982.

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