Marionete Amal, símbolo das crianças refugiadas, chega à Praça São Pedro

Antonella Palermo – Vatican News

Na sexta-feira, 10 de setembro, às 10h30, uma marionete de 3,5 metros de altura chegará à Praça São Pedro, perto do monumento aos Angels Unawares, a escultura dos migrantes, inaugurada dois anos atrás. A marionete Amal representa uma pequena refugiada. O boneco partiu em 27 de julho de Gaziantep, na fronteira entre a Turquia e a Síria, para viajar pela Europa em busca de sua mãe até chegar a Manchester, no Reino Unido.

O acolhimento de Amal no Vaticano

A Diocese de Roma, apoiada pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, aceitou o convite dos organizadores do The Walk Festival, projeto destinado a conscientizar sobre a realidade dos refugiados, dos menores, para preparar a etapa romana de Amal. O subsecretário do dicastério vaticano, cardeal Michael Czerny, e o bispo auxiliar de Roma, dom Benoni Ambarus, delegado para a Caridade, para os Migrantes e para o Cuidado Pastoral dos Ciganos e dos Sinti, darão as boas-vindas, cada um com uma saudação breve. A seguir, haverá o testemunho de uma criança refugiada hospedada numa estrutura da Caritas de Roma. Os jovens que participam do que também foi pensado como um momento de festa poderão então participar de uma oficina para a construção de uma pipa, promovida pela Casa Scalabrini. Os escoteiros Agesci Roma 51, por sua vez, construirão uma tenda, como Abraão fez junto ao Carvalho de Mambré. O evento se concluirá com um lanche para todas as crianças e uma despedida a Amal, que prosseguirá sua viagem pela Europa.

O projeto The Walk

Amal em árabe significa "esperança". Trata-se de uma viagem simbólica em fuga da guerra, em busca de sua mãe. Criada pela Handspring Puppet Company, a marionete é feita de cana moldada e fibra de carbônio. Ela representa uma menina de nove anos e simboliza todas as crianças refugiadas e deslocadas, 34 milhões, muitas delas separadas de suas famílias. A mensagem da iniciativa é: "Não se esqueçam de nós". A equipe por trás da pequena Amal é formada por dez marionetistas, dois dos quais têm um passado de refugiados e fizeram eles mesmos a viagem da Síria para o Reino Unido. "Nada mais que a arte consegue desmaterializar as fronteiras e despertar empatia", explicam Roberto e Ludovica Tinghi, produtores italianos de The Walk. "A sua carga vital é inestimável. Como não acolher de braços abertos todas as Amal do mundo?".

Czerny: acolher os migrantes requer mais do que um simples olhar

"Amal é grande e bonita, e encontrá-la é uma alegria", disse o cardeal Czerny, "mas nos lembra imediatamente que encontrar os migrantes vulneráveis, os trabalhadores precários e os requerentes de asilo em nosso meio requer mais do que um simples olhar. Cada um deles, com sua própria bagagem de sofrimentos e sonhos, necessidades e talentos, espera que abramos nossos ouvidos, nossas mentes e corações, assim como nossos olhos e estendamos nossas mãos". O cardeal salientou que Amal está "completamente indefesa e entre os mais vulneráveis. Desarraigada de sua família, de sua comunidade, de suas aspirações, ela deve contar com desconhecidos para acolhê-la e protegê-la, a fim de se tornar a pessoa que Deus a fez e para ocupar seu lugar de direito na comunidade que a acolhe". O cardeal convida a reler a Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2017, intitulada "Migrantes menores, vulneráveis e sem voz".

Dom Palmieri: acolhimento fraterno além das ideologias

"A Igreja de Roma volta a solicitar fortemente a atenção de todos para o drama das separações familiares", disse dom Gianpiero Palmieri, vice-regente da Diocese de Roma, "e convida a considerá-la uma prioridade quando se fala de migração e acolhimento". Recordando a tragédia dos afegãos que estão deixando seu país e dos "muitos menores confiados por seus pais a soldados estrangeiros a fim de salvá-los", Palmieri ressaltou a necessidade de chamar a atenção de todos, e em particular de nossa comunidade cristã, para o dever de se comprometer a acolher e apoiar as famílias dos refugiados e especialmente os menores que permanecem sozinhos. "A Caritas de Roma, em seus dois centros de primeiro acolhimento para menores desacompanhados, é testemunha de muitas situações dramáticas, diante das quais todas as posições ideológicas devem cair para dar lugar a um sentimento de acolhimento fraterno", ressaltou.

As etapas italianas do projeto itinerante

Entre 7 e 19 de setembro, Amal será recebida na Itália por grandes eventos culturais, espetáculos públicos e eventos comunitários em doze cidades e pequenos centros. Nos dias 11 e 12 de setembro, chegará ao Museu Maxxi em Roma, que organizou uma série de oficinas educacionais dedicadas às crianças. Depois, à noite, um encontro para adultos, para aqueles que têm o dever de não esquecer e não olhar para o outro lado. Recordações de guerra virão à tona nas projeções do artista sírio Tammam Azzam. No domingo, será acolhida pelos Teatros Índia, Torlonia e Argentina, que organizaram shows, concertos e uma serenata especial para marcar esta passagem. Por fim, um passeio pela cidade, guiado pela voz do artista sírio Omar Abu Saada, será um olhar inédito sobre Roma, vista através dos olhos de um refugiado.

A arte e a representação do drama dos refugiados

A parada na Praça São Pedro é acompanhada pela escultura em bronze e argila de Timothy Schmalz, que fica dentro da colunata de Bernini, retratando um grupo de migrantes de várias proveniências colocados próximos uns aos outros, ombro a ombro, de pé sobre numa jangada, com seus rostos marcados pelo drama da fuga. Na sua inauguração, dois anos atrás, o Papa Francisco recordou: "Não se esqueçam da hospitalidade. Alguns, praticando-a, sem saber, acolheram anjos."