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"O encontro com Deus é intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido." "O encontro com Deus é intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido." 

Igreja como uma casa

Pensar os ambientes eclesiais como uma casa, significa mudar nossa mentalidade para sentirmos acolhidos nos ambientes da Igreja como se estivéssemos na verdadeira casa de irmãos, de familiares, sentindo-nos bem aconchegados. Na verdade, nossas paróquias deveriam ser extensão de nossos lares, como lugar de perdão, ternura, compaixão, amor recíproco e vida que se renova.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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Padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre a "Igreja como uma casa", também espaço onde expressar concretamente a fé pela oração, acolhida, solidariedade.  Uma Igreja-casa também vista como lugar das famílias, com amor especial e ternura de quem coloca uma ovelha ferida no colo. E as famílias como protagonitas na ação missionária, podem alargar o horizonte do seu lar, ampliando assim as dimensões do coração aos demais:

"Já refletimos aqui a imagem da Igreja como construção e edifício de Deus. A Lumen Gentium, no número 06, aponta essa imagem de maneira clara: “A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1 Cor. 3,9). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e se tornou pedra angular (Mt. 21,42 par.; Act. 4,11; 1 Ped. 2,7; Salm. 117,22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (cfr. 1 Cor. 3,11), e d'Ele recebe firmeza e coesão.

Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tim. 3,15), na qual habita a Sua «família»; habitação de Deus no Espírito (cfr. Ef. 2, 19-22); tabernáculo de Deus com os homens (Apoc. 21,3); e sobretudo «templo» santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos Santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém (5).

Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (cfr. 1 Ped. 2,5)” (LG, 06). A imagem da Igreja como casa e família parece ser mais próxima do que imaginar um edifício frio e sem vida. A palavra “casa” é atualmente muito utilizada pelas diretrizes da CNBB e também pelo Papa Francisco em suas cartas encíclicas.

São Paulo “usa a imagem da casa, lugar estável onde se reúne a família. Ele emprega o conceito da Igreja Doméstica, indicando que as comunidades se reuniam na casa dos cristãos. As comunidades de Jerusalém, Antioquia, Roma, Corinto e Éfeso, entre outras, são comunidades formadas por Igrejas Domésticas: as casas serviam de local de acolhida dos fiéis que ouviam a Palavra, repartiam o pão e viviam a caridade que Jesus ensinou. Paulo faz da casa a estrutura fundamental das Igrejas por ele fundadas”[1].

 

O Papa João Paulo II empregava em sua carta apostólica Novo millennio ineunte, uma bela e sugestiva expressão: a Igreja deve ser “a casa e a escola da comunhão”.  Dentro da Perspectiva da Eclesiologia de Comunhão, um conceito da Igreja a partir do Concilio Vaticano II, as diretrizes da CNBB dos últimos anos sugerem que pensemos cada vez mais a Igreja como uma casa. A imagem da Igreja, nessa simbologia, não é vista simplesmente como um prédio erguido, pequeno ou grande, com torre e sinos, mas uma verdadeira casa de amor acolhedor, onde as pessoas se conhecem como verdadeiros irmãos uns dos outros. Pensar os ambientes eclesiais como uma casa, significa mudar nossa mentalidade para sentirmos acolhidos nos ambientes da Igreja como se estivéssemos na verdadeira casa de irmãos, de familiares, sentindo-nos bem aconchegados. Bem por isso, tornarmos nossas comunidades e paróquias como verdadeiras casas, onde os paroquianos se sintam bem acolhidos no amor e na comunhão fraterna. Na verdade, nossas paróquias deveriam ser extensão de nossos lares, como lugar de perdão, ternura, compaixão, amor recíproco e vida que se renova. 

A Igreja como casa é vista como espaço de encontro. Este encontro com Deus se dá na celebração cheia de vida, no silêncio que permite a escuta, na harmonia que revela a plena beleza de Deus. O encontro com Deus é intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido.

A Igreja como casa é vista como lugar de ternura, onde todo somos irmãos que caminham juntos e devemos afeto mútuo, um querer bem que tire toda a apatia à dor alheia, onde todos somos filhos do mesmo Pai celeste, superando a superficialidade de relações mecânicas e frias[2].

Igreja-casa é uma imagem de maior proximidade às pessoas, no lugar onde vivem. Quer indicar uma proximidade relacional entre as pessoas, criando uma “koinonia” (palavra grega que significa Comunhão) entre os fiéis que não são mais anônimos, mas conhecidos, próximos e familiares, que vivam o amor que Jesus nos ensinou."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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[1] Diretrizes CNBB. 

[2] Documentos da CNBB 100, Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia – A conversão pastoral da Paróquia, n. 99. 

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14 dezembro 2021, 17:43