Czerny: tratamento contra a hanseníase não basta, é preciso combater a marginalização
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano
“Além dos pesados desafios físicos associados à hanseníase, a sombria realidade do estigma continua sendo um grande obstáculo para a saúde integral e a cura”.
Esta é a amarga consideração do cardeal Michael Czerny SJ contida na mensagem para o 69º Dia Mundial da Hanseníase, celebrado neste domingo, 30 de janeiro. O prefeito interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral dirige-se aos presidentes das Conferências Episcopais, aos bispos responsáveis pela Pastoral da Saúde, religiosos e religiosas, aos agentes sociais, de saúde e pastorais, aos voluntários e todas as pessoas de boa vontade.
O prefeito cita no texto alguns dados que dão a medida do fenômeno: segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos 3-4 milhões de pessoas vivem atualmente "com deficiências ou deformidades visíveis devido à hanseníase" e visto que "o rótulo de hanseníase” leva à exclusão social em muitas comunidades, o número de pessoas que vivem o estigma ligado à hanseníase é provavelmente ainda maior”.
Nenhuma doença pode tirar a dignidade da pessoa
O tema do Dia Mundial da Hanseníase deste ano, "Unidos na Dignidade", sugere a necessidade - observa o Cardeal Czerny - de que a todos esses pacientes sejam reconhecidos "o direito a uma vida digna, livre da estigmatização e discriminação ligada à doença".
Por outro lado, em muitos lugares eles ainda experimentam a marginalização e o isolamento e, além dos danos físicos, sofrem de ansiedade, depressão, sofrimento psicológico, impulsos suicidas.
O cardeal Czerny cita uma passagem da Encíclica Fratelli tutti em que o Papa Francisco afirma: "Não podemos ser indiferentes ao sofrimento, não podemos permitir que alguém passe pela vida como um pária. Em vez disso, deveríamos nos sentir indignados, desafiados a sair de nosso confortável isolamento e a ser transformados pelo nosso contato com o sofrimento humano. Este é o significado da dignidade".
"Unidos na dignidade" significa, para o cardeal, "ver as coisas de maneira diferente e agir de acordo". E recorda o exemplo de Jesus que, como disse certa vez o Papa Francisco, “encontrou muitos doentes; assumiu seus sofrimentos; derrubou os muros do estigma e da marginalização que impediam tantos deles de se sentirem respeitados e amados". De Jesus aprendemos que cada pessoa humana é preciosa e tem uma dignidade que nada pode apagar.
Existem tratamentos, mas o estigma ainda precisa ser superado
A pandemia de Covid-19, diz ainda a mensagem, dificultou os cuidados de saúde em geral, mas não devemos baixar a guarda sobre a dignidade das pessoas. Se estivermos unidos na dignidade, encontraremos, como indivíduos e comunidades, formas de reconhecer o valor de cada pessoa, especialmente daquelas que estão doentes ou sofrem de alguma deficiência.
O diagnóstico precoce e os tratamentos disponíveis hoje nos permitem responder com sucesso ao desafio da doença, conclui o cardeal Czerny, a tarefa “que nos resta agora é avançar unidos na dignidade, na esperança de ver logo diminuir o estigma e a discriminação".
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