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Imagem que ilustra a visita de Pio IX ao túmulo de Santa Cecília descoberto por Giovanni Battista Rossi Imagem que ilustra a visita de Pio IX ao túmulo de Santa Cecília descoberto por Giovanni Battista Rossi 

Um ano de eventos para recordar o pai da arqueologia cristã moderna

Por ocasião dos 200 anos do nascimento de Giovanni Battista Rossi, pai da arqueologia cristã moderna serão organizadas conferências, exposições e muitas outras iniciativas. Quem foi o arqueólogo que descobriu as Catacumbas São Calisto e o túmulo de Santa Cecília entre outras preciosidades significativas para a Igreja

VATICAN NEWS

Em Roma está sendo realizada uma conferência em homenagem a Giovanni Battista de Rossi o pai da arqueologia cristã moderna (1822-1894). Os eventos continuarão durante todo o ano com conferências, visitas guiadas e exposições. O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura inaugurou a exposição de uma das duas trichora (pequeno edifício), que o arqueólogo descobriu na estrutura das Catacumbas de São Calisto em Roma.

Perguntamos ao cardeal sobre o significado de sua contribuição não só para a cultura, mas também para a Igreja. “Giovanni Battista de Rossi é tradicionalmente considerado o pai da arqueologia cristã, o criador da descoberta que ainda hoje é fundamental, que são as catacumbas de São Calisto. Um lugar que os peregrinos de todo o mundo visitam sendo considerada a mais importante das catacumbas romanas. Onde De Rossi pôde realizar seu grande sonho de encontrar a área dos túmulos dos primeiros Papas através da análise das inscrições. Por esta razão, ele foi uma das figuras mais significativas para a Igreja na redescoberta de suas raízes e origens, tanto que o Papa mais estreitamente ligado a ele, Pio IX, entrou neste espaço quase surpreso, porque não acreditava que seria possível encontrar este testemunho".

Significado atual para redescobrir a fé

"O Cardeal Ravasi continua: "Recordar o trabalho do arqueólogo Giovanni Battista de Rossi tem um valor profundo, especialmente em nosso tempo, porque a arqueologia parece ser, como diz a própria palavra, algo do passado, algo remoto, não fazendo parte do horizonte diário. Na realidade, sabemos muito bem que os que não recordam não vivem. Perder a memória, como infelizmente acontece atualmente, significa perder a riqueza, a grande herança do passado, mas sobretudo significa, neste caso, encontrar a própria fonte também para a fé, porque os cristãos dos primeiros séculos aqui em Roma, através destes cemitérios - as catacumbas eram tais - puderam mostrar sua fé através da arte, como a dos afrescos, através de seus túmulos, através da própria história da Igreja Romana.

O arqueólogo

Giovanni Battista de Rossi é considerado "o pai" da disciplina moderna da arqueologia cristã. Enquanto algumas catacumbas, anexadas aos santuários romanos mais amados, permaneceram em uso, outras sofreram um abandono progressivo. Seu incansável trabalho como arqueólogo, especialmente durante o pontificado de Pio IX, levou à descoberta de numerosos cemitérios cristãos em Roma. A descoberta das catacumbas de Domitilla, Pretestato, Priscilla e, acima de tudo, São Calisto, deve-se ao seu trabalho perseverante. Ele publicou inúmeros trabalhos, e em sua vasta atividade também contribuiu para a compilação do Corpus Inscriptionum Latinarum. Também foi nomeado diretor do Museu Cristão do Vaticano, secretário da Comissão de Arqueologia Sagrada e tornou-se presidente da Pontifícia Academia Romana de Arqueologia.

Dom Pasquale Iacobone, secretário da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, explica por que De Rossi pode ser considerado "o pai" da moderna arqueologia cristã, pois a sua primeira grande 'aventura arqueológica' ocorreu quando ele trouxe à luz as catacumbas de São Calisto. Na época  tinha apenas 22 anos de idade.

Busto do arqueólogo Giovanni Battista Rossi
Busto do arqueólogo Giovanni Battista Rossi

“Ele narrou que costumava passear pelos vinhedos da Appia Antica – afirma Dom Pasquale - estava procurando por ruínas, fragmentos de lápides, cerâmica ou outras coisas. Em uma dessas excursões, ele encontrou um fragmento com uma inscrição e percebeu que era o que fechava o túmulo do Papa Cornélio, um papa do século III. A partir daí iniciou uma investigação sistemática de toda a área, onde encontrou outros fragmentos, outras indicações preciosas: ali deveria estar localizado o que as fontes chamavam de cemitério comunitário da primeira comunidade cristã. Então, graças à intervenção de Pio IX, o terreno foi adquirido pela Santa Sé e finalmente pôde começar a escavação sistemática, com algumas descobertas extraordinárias: a cripta dos Papas, a cripta de Santa Cecília, a cripta do Papa Cornélio e assim por diante. Estas descobertas deixaram o mundo de boca aberta, e diz-se que Pio IX - que visitou estes locais várias vezes - chegou às lágrimas quando viu os túmulos de seus antecessores do século III, e se comoveu diante do túmulo de Santa Cecília, enquanto o coro cantava a antífona para a festa de Santa Cecília.

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24 fevereiro 2022, 12:08