Religiões e paz. Cardeal Ayuso Guixot: "as fronteiras não podem se tornar muros"
Vatican News
"A fraternidade constitui, ao mesmo tempo, o método e o objetivo a ser perseguido na construção de sociedades pacíficas e inclusivas. A fraternidade é também a manifestação de atos concretos, de integração entre diferentes pessoas e entre países, e é a afirmação de que o diálogo quando é ‘perseverante e corajoso não faz notícia como os confrontos e os conflitos, no entanto, ajuda discretamente o mundo a viver melhor, muito mais do que podemos perceber."
É o que afirma, citando a Carta encíclica Fratelli tutti, o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, no discurso de abertura preparado para o Dies academicus da Faculdade de Teologia do Triveneto, realizado esta terça-feira (15/03) em Pádua, norte da Itália.
No texto, intitulado "Religiões e fraternidade na Europa, hoje. A exortação da encíclica Fratelli tutti", lida pelo secretário geral da Faculdade, padre Gaudenzio Zambon, devido ao fato de o cardeal não poder estar presente por razões pessoais, Guixot ressalta: "O homem compartilha com seus irmãos não apenas uma origem e uma descendência comum, mas também um destino comum, o de criaturas frágeis e vulneráveis em saúde e destino, como o período histórico que estamos vivendo claramente demonstrou".
Somos exortados a ter esperança e responsabilidade
Não podemos "ficar indiferentes, somos exortados a ter esperança e responsabilidade, com base na parábola do Bom Samaritano, paradigma da necessidade de uma cultura do cuidado uns com os outros, e não da indiferença". "As fronteiras existem, mas não podem se tornar muros ou moldar o futuro", adverte o cardeal, segundo o qual "os que creem as superam com o olhar do coração e a palavra do diálogo".
"Na ausência de visões amplas - observa o purpurado espanhol -, há um ressurgimento de perspectivas nacionais antagônicas ou nacionalistas em face de uma globalização que parece ameaçadora".
Combater os nacionalismos e construir a paz
Diante deste cenário, "é necessário não menos Europa, mas mais Europa: somente uma Europa mais unida e solidária pode enfrentar os desafios da globalização. Uma Europa mais forte ajuda não só os europeus: é também um grande impulso para desenvolver a globalização da solidariedade da qual o Papa Francisco fala".
Trata-se, conclui o presidente do referido Dicastério vaticano, de "uma grande tarefa na qual o papel das religiões e das Igrejas é fundamental, para o bem dos povos europeus e do mundo inteiro, para combater os nacionalismos e para construir a paz".
(com Sir)
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