Um Consistório de final de verão que olha para o mundo
ANDREA TORNIELLI
Com um anúncio surpresa e quase três meses antes da data, o Papa Francisco convocou um Consistório para o próximo dia 27 de agosto para a criação de 21 novos cardeais, 16 dos quais com menos de oitenta anos e, portanto, eleitores em um eventual Conclave, mais cinco que já atingiram essa idade ou chegarão antes de receber o Barrete.
O final de agosto não é uma data tradicional para os Consistórios (que geralmente aconteciam em fevereiro, junho ou novembro), mas a lista de novos cardeais foi precedida pelo anúncio de um encontro que reunirá todos os cardeais do mundo com o Papa e será dedicado à nova Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, "Praedicate Evangelium", promulgada no dia 19 de março passado, que entrará em vigor no domingo, 5 de junho, festa de Pentecostes. O Consistório para os novos cardeais no sábado, 27 de agosto, precederá o encontro, marcado para segunda-feira, 29 e terça-feira, 30 de agosto.
Uma olhada na lista confirma a linha seguida por Francisco ao longo de seu pontificado: muitos dos 16 nomes dos novos cardeais eleitores - além dos três primeiros curiais, bastante previsíveis, ou seja, os prefeitos dos dicastérios do Culto Divino e do Clero, juntos com o Presidente do Governatorato) - são uma surpresa. Mais uma vez o Papa opta por associar bispos de todo o mundo ao colégio dos cardeais, preferindo as periferias e sem levar em conta aquelas sedes que antes eram tradicionalmente consideradas "cardinalícias".
Os três novos cardeais da Cúria vêm da Europa (Arthur Roche, inglês), (Fernando Vergez, espanhol) e da Ásia (Lazzaro You, Coreia).
Dois novos cardeais eleitores estão à frente de dioceses na Europa (o arcebispo de Marselha e o bispo de Como); cinco estão nas fronteiras da Ásia (um deles, o italiano Giorgio Marengo, prefeito apostólico na Mongólia, com seus 48 anos se tornará o mais jovem do colégio). Dois são bispos na África e quatro nas Américas (um nos Estados Unidos, três na América Latina, com duas dioceses do Brasil cujo titular recebe o Barrete). São significativas as púrpuras ao arcebispo de Marselha, nascido em Argel, e ao bispo de Como, que se torna o único cardeal à frente de uma diocese entre o Noroeste e o Nordeste da Itália.
Mais uma vez, Francisco associou ao colégio cinco prelados, dois dos quais não bispos, que já ultrapassaram ou estão prestes a ultrapassar o limite de idade que exclui do eleitorado ativo em caso de Conclave. Nesta mini-lista, a maioria é italiana (três em cinco), com reconhecimento, entre outros, do padre jesuíta Gianfranco Ghirlanda, ex-reitor da Gregoriana, apreciado canonista e colaborador da Santa Sé.
O colégio dos cardeais-eleitores está, portanto, crescendo em número em relação ao teto de 120 estabelecido por Paulo VI, como já aconteceu várias vezes. Atualmente o colégio é composto por 208 cardeais, dos quais 117 são eleitores e 91 não eleitores. Em 27 de agosto, subirá para 229 cardeais, dos quais 132 são eleitores. Olhando para os três últimos pontificados, o colégio será composto por 52 cardeais criados por João Paulo II (11 dos quais são eleitores); 64 criados por Bento XVI (dos quais 38 são eleitores) e 113 criados por Francisco (dos quais 83 são eleitores).
Do ponto de vista geográfico, os cardeais serão distribuídos da seguinte forma: Europa, 107 cardeais, dos quais 54 são eleitores; as Américas, 60 cardeais, dos quais 38 são eleitores; Ásia, 30 cardeais, dos quais 20 são eleitores; África, 27 cardeais, dos quais 17 são eleitores; Oceania, 5 cardeais dos quais 3 são eleitores.
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