Bispos da Amazônia visitam Dicastérios: o diálogo é caminho de comunhão
Padre Modino
O diálogo é caminho de comunhão, algo que ajuda a construir juntos e fazer realidade o Reino de Deus no mundo. Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em visita ad Limina de 20 a 24 de junho de 2022, estão visitando os diferentes dicastérios, sempre em um clima fraterno, de escuta e diálogo, algo que está sendo destacado constantemente pelos bispos ao longo da semana.
Nesta quinta-feira foi a vez para visitar o Dicastério para a Cultura e a Educação, a Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores e o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. O Dicastério para a Cultura e a Educação valorizou muito positivamente, segundo os bispos, a Campanha da Fraternidade realizada na Quaresma deste ano. Ela complementou e divulgou o Pacto Educativo Global, uma das bandeiras do Papa Francisco. Junto com isso, foi destacado, segundo os bispos, a Comissão que a CNBB organizou para levar adiante o Pacto Educativo Global, com propostas muito contextualizadas para a realidade brasileira.
Os bispos aproveitaram o encontro com o Dicastério para criticar duramente as políticas do atual governo brasileiro, que desmontou praticamente o Ministério da Educação, colocando pessoas incompetentes, envolvidas em escândalos de corrupção, com desvio de verbas, o que provocou a recente prisão do penúltimo ministro da educação, que junto com alguns pastores evangélicos desviaram e aplicaram o dinheiro para municípios governados por prefeitos com posturas próximas ao Ministério e ao próprio governo.
Brasil passa por uma situação de corte de verbas destinadas à educação, algo que principalmente na Amazônia tem se sentido, chegando a vivenciar situações em que nem sequer a merenda escolar chega para as populações pobres das periferias, nem para os povos indígenas, mais uma vez excluídos pelas políticas do governo.
Na Amazônia, o abuso de menores é uma realidade presente, algo que acontece muitas vezes no seio das famílias. Também a exploração sexual de crianças e adolescentes, o turismo sexual com menores, existem na região, segundo tem relatado os bispos aos membros da Comissão presentes no encontro com os Regionais Noroeste e Norte1 da CNBB. Os bispos acentuaram o trabalho da Rede um Grito pela Vida, onde principalmente a Vida Religiosa, assumiu esta causa com muita coragem, indo a fundo nas denúncias quando descobrem esses crimes relacionados com o tráfico humano e a exploração sexual de menores.
Também foi mostrado a credibilidade que a Igreja da Amazônia tem, pois quando surgem esses problemas, a própria sociedade civil recorre à Igreja. As equipes de profissionais competentes, advogados e psicólogos, ficam muito felizes pela iniciativa da Igreja e de seu aporte para acompanhar as pessoas que são exploradas e as famílias.
Uma panorâmica geral da situação amazônica foi apresentada aos membros do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, um encontro presidido pelo cardeal Michael Czerny, alguém muito próximo dessa realidade, pois ele foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia. No discurso, iluminado com estatísticas detalhadas, foi mostrado o potencial que tem a região amazônica, mas também toda a destruição que está acontecendo na Amazônia em consequência da mineração, do garimpo ilegal, o agronegócio, o desmatamento. Nesse ponto também foi denunciada a atitude do governo atual, que está favorecendo e incentivando na prática toda essa destruição na Amazônia.
Encerrando as celebrações nas quatro basílicas do Papa, os participantes da visita ad Limina celebraram a Eucaristia na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, presidida por dom Roque Paloschi, que incentivou a viver a comunhão. Uma região e uma Igreja marcadas pela presença missionária, inclusive na atualidade, também entre os bispos, pois são poucos nos regionais Norte1 e Noroeste nascidos na região amazônica, encontra na figura do grande missionário da primeira Igreja a força para continuar sendo essa Igreja que se faz presente no meio dos povos da região, para se colocar ao serviço seguindo a voz de Deus, para ir por todo o mundo, por toda essa imensa Amazônia, e pregar o Evangelho.
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