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Homem em condições de pobreza extrema Homem em condições de pobreza extrema 

Fisichella: a pobreza é vencida com a partilha

A Mensagem do Papa Francisco para o 6º Dia Mundial dos Pobres, em 13 de novembro próximo, foi apresentada na manhã desta terça-feira (14/06), na Sala de Imprensa da Santa Sé, por dom Rino Fisichella, que também ilustrou os dados da solidariedade da Igreja em Roma para os pobres da cidade em relação ao ano passado e o compromisso para o Dia Mundial dos Pobres de 2022 sobre o tema "Jesus Cristo fez-Se pobre por vós".

Adriana Masotti – Vatican News

"O olhar de quem lê esse texto se fixa nos tristes acontecimentos vividos nos últimos meses e que ainda manterão populações inteiras sob a chantagem do medo e da guerra nas próximas semanas." Dom Rino Fisichella vai ao coração da Mensagem do Papa Francisco para o 6º Dia Mundial dos Pobres celebrado, em 13 de novembro próximo, divulgada nesta terça-feira (14/06). A guerra é a principal causa da pobreza no mundo e hoje podemos vê-la de perto também através do conflito que se iniciou na Europa. O Papa, sublinhou Fisichella, sente a crescente fadiga vivida pelos povos que, a princípio, acolheram generosamente os refugiados ucranianos e arrecadaram fundos para ajudá-los. Há o risco de voltar à indiferença.

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A ilusão de viver felizes dentro de uma muralha

Dom Fisichella comentou os três caminhos indicados pelo Papa para viver a solidariedade responsável. O primeiro é rejeitar qualquer forma de "relaxamento que leve a comportamentos incoerentes". Ele disse que este "é um tema que muitas vezes retorna no magistério do Papa porque é uma condição cultural fruto de um secularismo exasperado que tranca as pessoas dentro de uma muralha chinesa sem um senso de responsabilidade social, com a ilusão de viver uma existência feliz, mas de fato efêmera e sem fundamento". O segundo caminho é assumir a solidariedade como forma de compromisso social e cristão e citou as palavras de Francisco: "A solidariedade é isso: compartilhar o pouco que temos com aqueles que não têm nada, para que ninguém sofra. Quanto mais cresce o senso de comunidade e comunhão como estilo de vida, mais a solidariedade se desenvolve...". Muitos países nas últimas décadas, afirmou o prelado, fizeram progressos graças a políticas familiares e projetos sociais. Por isso, chegou o momento de compartilhar esse "patrimônio de segurança e estabilidade", para que ninguém tenha que se encontrar na pobreza. Central nesse espírito de partilha é o valor que se dá ao dinheiro e ao uso que se deseja fazer dele.

A verdadeira riqueza está no amor recíproco

O terceiro caminho é a proposta contida no título deste 6º Dia Mundial dos Pobres. É extraído da II Carta de Paulo aos cristãos de Corinto: "Jesus Cristo fez-Se pobre por vós". Fisichella explicou que o contexto da Carta do Apóstolo é arrecadar fundos para ajudar os pobres da comunidade de Jerusalém. Ontem como hoje é importante dar continuidade à generosidade. Por essa razão, "o testemunho dos cristãos precisa ser sustentado pelo exemplo que o próprio Jesus deu". Ele nos mostrou que "a verdadeira riqueza não consiste em acumular 'tesouros na terra, onde traça e ferrugem consomem e onde ladrões arrombam e roubam', mas sim no amor mútuo que nos faz carregar os fardos uns dos outros para que ninguém seja abandonado ou excluído".

A solidariedade vivida na Diocese de Roma

Se há uma pobreza que brutaliza, há uma que liberta e dá alegria e é a pobreza escolhida pelo amor aos outros. Dom Fisichella disse que é uma escolha que parece paradoxal hoje, mas muitos experimentam a insatisfação de uma vida gasta apenas para si. E que essa escolha seja possível, o Papa Francisco demonstra com o exemplo de Charles de Foucauld, "um homem que, nascido rico, renunciou a tudo para seguir Jesus e se tornou com Ele pobre e irmão de todos". É nessa linha que "o compromisso das Igrejas locais para a celebração do 6º Dia Mundial dos Pobres se desenrolará", disse dom Fisichella, com iniciativas entre as mais variadas, começando pela semana precedente a 13 de novembro, a fim de alcançar as diversas formas de pobreza. O prelado explicou que no ano passado, na Diocese de Roma, 5 mil famílias receberam kits de medicamentos e toneladas de produtos foram distribuídos graças à generosidade de algumas empresas farmacêuticas e alguns supermercados. Contas de água, luz, gás, seguro e aluguel foram pagas para 500 famílias desempregadas. Esperamos, concluiu Fisichella, que tudo isso possa continuar "porque muitas pessoas aceitaram o convite à generosidade", como outrora o convite do apóstolo Paulo.

Responder às necessidades mais urgentes dos pobres

As perguntas dos jornalistas presentes na coletiva foram a respeito do compromisso concreto previsto em Roma por ocasião do Dia Mundial dos Pobres. Uma colega perguntou se será repetida este ano a experiência do ambulatório médico na Praça São Pedro tão solicitada pelos sem-teto que vivem por ali. "Está sendo estudada uma maneira de alcançá-lo novamente", respondeu dom Fisichella. Afinal, cada período tem suas emergências, como a pandemia foi nos últimos dois anos, e hoje há preocupações, também por causa da guerra em andamento, a propósito de alguns produtos alimentícios. Portanto, é necessário focar de tempo em tempo nas necessidades mais urgentes das famílias romanas.

Estudado o almoço com os pobres

"Também no que diz respeito ao almoço para os pobres, com a presença do Papa Francisco, suspenso nos últimos dois anos para evitar encontros, ainda estamos estudando como fazê-lo e espera-se que este ano possa concretizá-lo novamente." Fisichella ressaltou que muitas dioceses do mundo tomaram a ideia do almoço solidário, criando-o de diferentes formas e citou o exemplo de Berlim, onde o arcebispo em 2021 abriu a Catedral, em restauração, no Dia Mundial dos Pobres para oferecer almoço aos necessitados.

A dimensão profética da Igreja

Foi feita uma pergunta sobre a ação da Igreja na luta contra a pobreza. "Há, antes de tudo, a solidariedade que a Igreja vive também colaborando com todos os órgãos civis e associações engajadas em tempos de emergência", respondeu o arcebispo, enfatizando que há também uma dimensão profética que é própria da Igreja por mandato de Jesus. "Trata-se da capacidade de denunciar as causas da pobreza. Então não há apenas a pobreza material", evidenciou, "mas também as existenciais, como a falta de afetos, solidão, medo, formas de desconforto. São pobrezas, frutos de uma mentalidade secularizada que não reconhece a dignidade da pessoa e gera injustiça. "Por isso", concluiu, "há também a necessidade de trabalhar também no âmbito cultural. A voz da Igreja sobre isso é muitas vezes marginalizada, mas devemos nos concentrar na dignidade de cada pessoa e de todas as pessoas".

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14 junho 2022, 15:35